0 - Anotações

Anotações- do Davi

Eu me recuso a começar com um: "Olá, querido diário"... O último diário que li começava assim, e ele não me traz boas lembranças… Bem, eu não sei ao certo o que escrever aqui, ou como começar a explicar tudo para quem um dia possa ler isso, nem sei se alguém realmente vai ler essa coisa, mas meu amigo, Wesley, me deu a ideia de registrarmos nossas aventuras nesse diário.

Eu não sou um escritor profissional, nem o meu amigo Wesley, mas ele quer muito fazer isso porque é uma coisa que ele gosta e eu acabei me interessando pela ideia.

- Relaxa, vai dar tudo certo, vou dar o meu melhor para ser um bom escritor, e mostrar sua história para o mundo, pode confiar! – Dizia Wesley, com um grande sorriso no rosto, mais empolgado que tudo, suas narinas bufaram a ansiedade.

Sem perder tempo, fomos correndo para nosso quarto, enquanto, Bruno, tio do Wesley, dirigia o Kombão em direção ao Rio de Janeiro, sim, você não ouviu errado, o nome do veículo é Kombão, isso porque a frente dele, é muito parecida com a de uma Kombi, com a ligeira diferença de que o automóvel tem dois andares e é basicamente do tamanho de um caminhão, é graças a ele que vamos cruzar as estradas desse Brasil.

Chegando no quarto, procuramos nos aconchegar em nossos cantos para começar a contar minhas histórias. Passei a caneta e o diário para Wesley, então não estranhem se vocês notarem mudanças na escrita, mas para ajudar vocês, vou sempre deixar escrito, “Anotações-”, com o nome de quem está escrevendo ao lado do tracinho, ok?

Anotações- do Wesley

Davi se deitou na beliche, brincando inocentemente com um cubo mágico, e conversava calmamente comigo sobre como poderíamos iniciar o nosso projeto:

Se quiser não precisa colocar meu nome, pode inventar um herói e fazer a história baseada nas nossas aventuras- A opinião de Davi era interessante, mas não era isso que eu queria.

- É claro que não!- Respondi firmemente- Eu vou ser o maior, melhor e mais irado escritor desse mundo, e vou escrever carregando as histórias e os nomes daqueles que estiveram sempre junto comigo. Afinal, somos basicamente uma família agora, então vamos crescer juntos!

O sorriso em seu rosto era inegável, Davi continuava mexendo no cubo mágico para disfarçar, mas sua resposta com seu doce tom de voz, provocou mais que um sorriso em meu rosto:

- É um belo sonho…

Coçando a cabeça e tentando disfarçar as bochechas vermelhas, acabei sorrindo e quase deixando escapar uma lágrima, Davi se levantou, pôs as mãos firmes sobre as coxas e com um olhar determinado de seu único olho azul, exclamou impondo a sua determinação:

- Então! Vamos dar início aos nossos sonhos!

- Sim!

O ar que circulava pelo quarto foi puxado em peso aos pulmões de Davi, sua visão foi de encontro com a paisagem da cidade de São Paulo, que passava pela janela trazendo consigo, memórias que pareciam correr por sua íris, vivida em um azul brilhante, sua boca relaxou e do toque de sua língua, as palavras saíram transmitindo um pouco do peso, de tudo o que sua alma havia carregado consigo até aquele momento:

- Eu não lembro o momento exato onde minha história começa, mas lembro perfeitamente… De quando Deus me deu uma segunda chance para recomeçar, foi a não muito tempo atrás, quando meu nome ainda era apenas… Zero!

Brauns
Enviado por Brauns em 15/05/2024
Código do texto: T8063749
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