Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Em 18 de maio comemora-se o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Uma data que simboliza uma ampla corrente de esperança, empatia e compromisso social na defesa de uma vida melhor para as pessoas que sofrem de transtorno mental grave. É um convite para que possamos persistir no avanço registrado nas últimas décadas com a desativação lenta dos antigos asilos ou colônias de pessoas apartadas do convívio social. Desde os anos 1960, esse compromisso vem sendo construído por coletivos, entidades e profissionais que trabalham no campo da saúde mental. Trata-se de não mais praticar ou compartilhar ações repressivas contra pessoas com sofrimento mental.

Houve um avanço das práticas e recursos psicoterapêuticos, nos últimos anos, mas ainda persiste o desafio de manter as conquistas proporcionadas pelo Sistema Único de Saúde e pelos Centros de Atenção Psicossocial. São instituições empenhadas em articular redes integradas de apoio e atenção às pessoas em condição de transtorno mental e assim manter seus vínculos sociais. É uma proposta que rompe com os velhos procedimentos adotados nos hospitais psiquiátricos que existiram até meados do século XX. A esse respeito, é oportuno lembrar de nossas raízes históricas, pois até meados dos anos 1950, funcionou a Colônia de Alienados do Coxipó da Ponte, em Cuiabá, substituída pelo Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho, hoje, um Centro de Atenção Psicossocial.

Alguns anos antes da criação do Estado de Mato Grosso do Sul, pela Lei Complementar no 31, de 11 de outubro de 1977, Campo Grande já se destacava como centro regional de tratamento contra hanseníase, no Hospital São Julião, inaugurado em 1941, ou da doença do pênfigo foliáceo, no Hospital Adventista, organizado na década seguinte e ampliado em 1966. Por outro lado, na mesma época, Campo Grande passou a ser polo regional de um intenso fluxo migratório, ampliando a demanda por serviços de saúde mental.

Nesse contexto, em 27 de janeiro de 1966, foi inaugurado o Sanatório Mato Grosso, primeira instituição campo-grandense dedicada ao tratamento de doentes mentais. Um fato relevante no campo da saúde pública e na conquista das condições gerais para concretizar o ideal político de efetivar a divisão do antigo Mato Grosso Uno. Logo após a criação do Mato Grosso do Sul, o referido Sanatório teve sua denominação alterada para Hospital Nosso Lar, que continua hoje prestando relevantes serviços à cidade e região. Nesse sentido, reverências históricas sejam prestadas ao Centro Espírita Discípulos de Jesus, que encampou o projeto de criação do primeiro hospital campo-grandense de saúde mental, sob a liderança do Dana Maria Edwiges de Albuquerque Borges. (Luiz Carlos Pais, acadêmico de Psicologia da Faculdade Estácio de Sá)