Quando parti de você,
Semeei umbral futuro,
O caminho triste e escuro
Dos que esquecem de esquecer.
Nunca mais sorri sincero,
Tive gana ou bem-querer.
Sobrevivo, nada espero.
Que saudade de você!
Mas pra que viver de sonho,
Quando o mundo embruteceu
Pra prover o pão e o ganho,
O labor que devo a Deus?
Deus, então, me guarde a vida,
Deus que me salve de mim.
E que a vida me dê azo
Pra não mais ser triste assim.
Eis que vêm os novos moços
Para novo amor viver.
Hoje nem teu nome ouço,
Mas me lembro de você.
E quem sabe um dia a sorte
Traga o bem que sempre quis.
Se não me achar a morte,
Possa ainda ser feliz.
(Brasília, setembro de 2016)