Cartas Perdidas de Ocelot I - 9

Caro tio Donan,

Me perdoe pela demora em lhe escrever. Muitas coisas tem tomado meu tempo ultimamente. Agradeço por suas felicitações e admito que senti sua falta na cerimônia de coroação. Dulcélia também lhe manda lembranças e diz estar com saudades de sentar-se em sua varanda para conversar aos finais de tarde.

Como disse antes, muitas demandas têm exigido minha atenção. Eu nunca tive a real noção de quanta burocracia é necessária para gerir um lugar como Panthea. Enquanto administrava as terras de meu pai, eu precisava pagar impostos, alimentar os servos, cuidar dos animais e plantações. Tudo exigia planejamento, com certeza, mas o que acontece aqui é quase loucura. Tudo precisa ser registrado, contado e verificado. E ainda assim, existem várias falhas e lacunas de logística que gostaria muito de resolver.

Felizmente, simplificaram a decisão do nome a ser dado ao reino surgido após a fusão dos três principados, devido ao tratado de paz: Panthea. Isso mesmo, escolheram o nome da ilha em que habitamos para nomear o reino. Um problema a menos, acredito eu.

Além da burocracia, os antigos governantes estão me pressionando bastante para aumentar impostos, visto que a guerra arruinou muitas vilas importantes nas fronteiras. As exigências às vezes são contra o povo e às vezes contra eles mesmos. Afinal, só porque assinaram o tratado de paz, não significa que se tornaram amigos.

Não fosse o bastante, a população ainda não se identifica como uma só no reino. Existem rixas territoriais e culturais que batem de frente uma com a outra. Mas acredito que posso ajudar na mudança, pois as vilas fronteiriças são as que mais foram cativadas pela história sobre o “benfeitor de Yanshur”. Nesse caso, eu irei pessoalmente ajudar a reerguer as vilas e fazer com que uma auxilie a outra.

Se tudo der certo, haverá uma sensação de comunidade, a qual poderá se espalhar por toda Panthea. Reze aos céus por esse plano, tio. Espero saber de mais notícias suas.

Com carinho,

Seu sobrinho, Ormano