Crônica do dia 12.

Rolava-me pelas mãos, entre uma foto e outra, o sutil deslize do tempo, como se cada imagem capturada fosse um grão de amor que escapava silenciosamente pelo "filtro" das minhas lembranças. E ali estava eu, perdido, em busca de algo que talvez nem eu mesmo soubesse ao certo o que era.

Enquanto deslizava pelos afetos alheios, entre sorrisos e momentos meticulosamente construídos, percebi que a maior parte do dia já se esvaía, diluída em uma infinidade de possibilidades e emoções, todas virtuais. E, no entanto, ali estava eu, ainda envolto na atmosfera da comparação do impessoal do mundo virtual, com um vazio inexplicável que me toca a alguns anos.

Era como se o tal "sem amor", ou talvez a ausência de algo que nem mesmo eu sabia identificar, pairasse sobre mim como uma sombra discreta, mas persistente. E sempre a roer a questão do viver, era tão profundo que já nem sabia se pairava sobre os pensamentos ou se era a queixa que sempre chega, mesmo após os 30. Era apenas mais um domingo de Maio, daqueles que as mães só recebem flores vividas até às 00:00 do dia 12.

E, no entanto, mesmo diante dessa constatação, uma chama de esperança ainda brilha timidamente dentro de mim. Talvez fosse a teimosia do coração humano, que insiste em acreditar no improvável, ou quem sabe a simples vontade de encontrar um significado para além das superficialidades do mundo moderno.

Enquanto me afundava nas reflexões daquela tarde, uma certeza começava a se insinuar em meio a pilha de possibilidades que criara a todo momento, (eram tantas): talvez o verdadeiro amor não se encontre em gestos grandiosos ou em promessas ( naquela tarde, enquanto conversava sobre a vida, molhei as plantas. Só pude me dar conta do gesto depois de três dias. Para mim, me bastou. Era como se a porta do abraço reabrisse através das plantas molhadas. Após muitos anos me sentia em casa ), mas sim na capacidade de demonstrar.

E assim, a segunda-feira começou: ao entrar pela porta, lá estava ela, sua presença denunciada pelo aroma do café que ecoava pelo corredor. Ao ver-me, uma reclamação já se desenhava em seus lábios, pronta para ser proferida. "Meu filho, esse celular saiu do Facebook", disse ela, em um tom que denotava certo descontentamento. Rapidamente, eu peguei o celular, sentindo uma leve impaciência tomar conta de mim. No entanto, algo em meu íntimo ainda reverberava o gesto da noite anterior, aquele simples ato que lhe trouxera tamanha paz. Lembrando-se disso, eu perguntei: "Mãe, qual é o seu e-mail e senha? Precisamos fazer login novamente". Um breve silêncio se seguiu, e então ela respondeu que seria necessário criar uma nova conta (com um gesto de tristeza por perder a conta) , pois não se recordava mais das informações de acesso. Foi nesse momento que eu decidi agir de forma diferente. usei o AMOR, e lá se passaram 40 min, e foi o suficiente para treinar toda aquela coisa chata de recuperar conta, mas a recuperei. E ela esta de volta..., espero na próxima manhã, bem cedo, às 7 em ponto, receber seu bom-dia, e me orgulharei do terceiro ATO, onde responder-lhe-ei.

DG LEONEL
Enviado por DG LEONEL em 12/05/2024
Reeditado em 13/05/2024
Código do texto: T8061879
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