MÃE REVOLUCIONÁRIA

Madrugada fria em julho. Chovia.

Era minha mãe quem chorava e ria.

Nasceu! Tão pequeno... Cabia na copa do chapéu do meu pai.

Por seus filhos, ela desatinou pelo mundo.

Com meu pai, empunhou a foice cega,

Que nem afiar sabia.

Tomada por uma força insana,

Que do seu âmago fluía,

Arrombou a cabana velha e tomou para si a terra vazia.

Agora, mãe e senhora, novamente chorava e ria.

Mas a terra sozinha é preguiçosa e seca.

Sem o acalanto da enxada, somente mato cria.

E na indolência da rede, no calor do dia,

A barriga roncava. Deus, lá de cima, tudo via.

Edson de Barros
Enviado por Edson de Barros em 01/05/2024
Reeditado em 01/05/2024
Código do texto: T8054151
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