Elegia Ante a Enchente

Chove forte lá fora

Bateria na telha de zinco

Ventos a cem por hora

Seguem sem ritmo

Meu desespero sem cura

Abandonado silêncio

Ensurdecedora censura

Chove aqui dentro

Núvens densas e escuras

Temporal inusitado

Enchentes e criaturas

Submergem do alagado

O frio daquela água

O medo veio dum rio

Nem rio mais dos pingos

Ás vezes parecem tiros

Ainda vão me buscar?

Ilhado até penso

Sem dono estou frágil

Desespero e desalento

Da esperança na busca

Água por todo lugar

Bondade às vezes ofusca

Sigo sem rumo a nadar

Como encontrar água limpa?

Ao redor só acho bagunça

Resultados de quem garimpa

Do ouro só restou a lambança

No atoleiro deste rio

Triste ficou meu Porto

Alegre é só a lembrança

Do dono que já está morto

E o cão resgatado

O cavalo no telhado

O gato desgarrado

Ou o galo afogado

Aos valentes voluntários

Apenas abano o rabo

É o modo como sou grato

Alívio ao ser encontrado

___________________________

Dedicado a todos que ajudam na recuperação das cidades do Rio Grande do Sul, afetadas pelas enchentes, resgatando pessoas, animais e coisas.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 16/05/2024
Reeditado em 16/05/2024
Código do texto: T8064266
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.