CAMELÔ

Eu venho do fundo da noite

Das madrugadas, sem fim

Trago perfumes de bares,

Nas mãos vazias de afagos,

Trato acordes de violas

No som da Voz já cansada

Trago vestígio de amores

No meu olhar moribundo

Trago um resto de bebida

E um pranto quase explodindo

Trago um riso

Trago um choro,

Trago um lamento fingido

Trago um crime passional

Trago um adeus- despedida.

Trago um boêmio que canta

Sua última serenata

Trago a penumbra das luzes

Trago um carinho de amada,

Trago a luz da madrugada

Se despedindo da lua,

Trago a tristeza do mundo,

No cofre deste meu peito

Trago a mentira da vida

Essas coisas e muito mais

E ofereço aos circunstantes

Por preço bom e barato

Palegre 1972

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 15/05/2024
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