Medo de acordar amanhã

Ah, amigo...

diz pra mim aquela frase perfeita,

que Billac esculpiu

em seus livros,

e prove-me a vida

a teu jeito.

Diz pra mim

o que disse Jobim

e mostre-me o belo,

que já não vejo!

A morte já não é nada

e mesmo assim, tento vivê-la...

Tento viver a morte

em teus olhos...

Esta vida, eu não quero mais tê-la!

Meus versos, não vou escrevê-los,

por que esta sombra me segue

e nela, estão todos meus medos...

Lá está o medo da vida,

o medo de acordar amanhã

e saber que meus sonhos,

eu posso perdê-los...

Talvez eu largue-os

no meio disso que escrevo

e feche o livro

e não ligue

em saber que posso morrer....

Podia morrer quando nasci!

Morreria um pouco menos que agora,

não sentiria dentro de mim

a agonia que sinto...

Não estaria aqui

tentando acabar com a vida

por que ela somente não existiria...

Também não leria Billac

e não falaria em Deus,

não adoraria o vinho

que bebo neste cálice de sangue...

e sabe?

Talvez....

talvez eu fosse mais feliz

mais feliz do que sou agora!