Síndrome do Coração Partido

No abismo do ser, o vazio clama,

Eco de um cosmos sem alma.

O coração, em sua cama,

Despedaçado, sem calma,

Na existência que desencanta.

Cada pulsar, um grito mudo,

Na vastidão do nada crudo.

O amor, agora em luto,

Sob o céu de um mundo enxuto,

Caminha, sem rumo, surdo.

Reflexo de um eu partido,

Na superfície de um ido.

A esperança, um mito,

Na dor, um infinito,

No tempo, um desafio.

O peito, um labirinto,

Onde o sentir é extinto.

Onde houve fogo, cinzas sinto,

Restos de um amor distinto,

Na noite, um ponto extinto.

A lua, esfera indiferente,

Observa a dor latente.

Não alivia o presente,

De um amor, agora ausente,

Na alma, um frio permanente.

O vento, mensageiro vão,

Leva a vã oração.

Na escuridão da paixão,

O coração, em confusão,

Perdido na própria ilusão.

Estrelas, olhos que não veem,

Testemunhas do que não se tem.

No firmamento, um vaivém,

Silêncio que o desdém,

Da dor, faz refém.

O tempo, escultor de angústias,

Molda a tristeza nas rústicas.

Com mãos de desventuras,

Entalha na noite escura,

A solidão que perdura.

O mar, com suas ondas a quebrar,

Como sonhos a se desmanchar.

Na areia, marcas a se apagar,

E as lembranças a se esvair,

Enquanto as lágrimas a se derramar.

O amanhã, abismo a encarar,

Não promete mais consolar.

Só o eco a ressoar,

E o desafio a enfrentar,

De sem amor, continuar.

Na canção da ave, um lamento,

Na melodia, um sofrimento.

No voo, um desalento,

De um amor, em fragmento,

Que carrega seu tormento.

A noite cai, um véu a cobrir,

E a dor, aos poucos, a sumir.

Mas a síndrome a insistir,

No coração a definir,

A cicatriz a persistir.

Pasia Aventuristo
Enviado por Pasia Aventuristo em 15/05/2024
Reeditado em 16/05/2024
Código do texto: T8064045
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