Guerras do menosprezo
Domingo
Dia, sol alto
Um tiro na vastidão do cosmos
Na fronte de um homem desajuizado.
Tuas mãos benevolentes
Me resgataram
E me conduziram à casa
Quando eu me encontrava preso
Nos labirintos da solidão
Afetado de saudade.
Acordei como num sonho
Sob a ressaca dolorida
De uma maré solar
Que desmaiava a rua.
Inquietado pelo meu coração convicto
Da potência inocente da Natureza
De se expressar
E pela vontade de ter
Meu pecado confesso.
Tenho andado às avessas pelo mundo
Como um pássaro velho e pesado
Nas madrugadas do inconsciente
Cruzando as eras geológicas todas
Com o pendão de uma dúvida
Pendurado no pescoço:
Você realmente existe?
Você surge, vai aparecendo
Como um rosto na areia
Quanto mais o tempo passa
Mais eu te descubro nos lugares
Em que não estava.