Livre para voar
I
Voe, voe, passarinho,
desse cerco enclausurante
que, por tempos, lhe prendeu...
Voe livre, coleirinho,
para longe, bem distante,
pois agora o mundo é seu!
Quem foi esse senhorio
que lhe pôs nessa gaiola?
Esse cárcere sombrio
foi a sua injusta escola...
Nesse tempo fugidio,
sua triste cantarola
espalhava um som vazio
de lamúria que desola...
II
Voe, voe livremente,
passarinho seresteiro
que cantiga o dia inteiro,
da alvorada ao sol poente...
Cante, cante sutilmente,
sob o céu de brigadeiro,
o seu canto prazenteiro
deixa o mundo mais contente!
Voe livre, passarinho,
sobre a relva, sobre o monte,
com as linhas do horizonte
vá tecendo o seu caminho...
Restaurando dos detritos
os seus sonhos mais bonitos!