mais amorosa

Nesta hora, a rua sob o crepúsculo já realizado,

Subverte o tempo, embora nada disso seja

A essência, que, destilada do medo, revela seu rosto —

Outra face, não face, mas queda revisitada.

Distinta e extensamente, sou a água que desce

Incansável para outra fenda, janela imprópria

Na pele da montanha, alforje aliviado, e seus passos

Já engomados para um presente para sempre

Inscrito em meu coração, lonjura que nunca

Se contempla, somente sua silhueta a adornar

Cada momento de espera, e tu já dizes, essa estrada

É feroz, bicho escarlate a gritar por uma fruta, ainda

Que verde à espera do sol, porta sempre aberta

E nos mostrar as formas mais secretas, inclusive

Essas que formam teu corpo, exata como os pássaros

E subir para o céu, ou vapor que regenera a florada

Da estação mais clara, e tu deitas, olhas para o céu,

É teu, segue o teu trilho até onde será apenas uma

Flor que se afunda na terra ou a cinza depois de

Uma queimada, chuva escura nunca

Menos que, servo do fogo, tombam os pensamentos

Envelhecidos e nos prepara para saber das novas folhas

Onde a memória possa descansar e digerir a si mesmo

Em um grande espelho que reflete outra esfera da vida,

Convexa, extrema, alta, montanhas revestidas da vontade

Mais sólida e tuas asas partem para o desejo mais amplo

De corpos recuperados pela chuva estival e pela esperança

Que o céu, dela nos lembra ao contemplar como uma

Pedra transfigura-se em um assalto ao sagrado, tempo

Virgem, imemorial, acumula em si mesmo, e grita onde

A carne voluptuosa já fez seu grito, a língua, os lábios

Encarnados e sorver a dor das coisas e a nos dizer

Silabicamente como é belo uma mulher a esperar por

Um homem, ou o homem a esperar pela mulher que lhe

Inscreve o secreto mais amoroso.