Se enxergar do profundo

Estranho revisitar nossa história

a partir do ponto que incomoda

Eu devo me perdoar por me auto punir

Pelas vezes que nem tentei ser feliz por medo de sofrer

Acontece que curar os traumas é um processo longo

Lembro de tantos pretendentes querendo me dar amor

Homens que me admiravam

E eu? Não quis enxergar

Saí correndo com a respiração ofegante

Sempre em fuga

inventando desculpas para eles desistirem de mim

Negando a mim o direito do amor

Sendo meu próprio algoz

Esperando um milagre

Esperando uma cura

Nada pode acontecer se eu não me conhecer o suficiente pra saber que me saboto

Estou evoluindo bem lentamente

Tempos atrás eu costumava me sentir como se eu estivesse numa sala cheia de ratos

Um asco me acometia quando eu me imaginava segurando a mão de alguém

O lixo que colocaram em mim ficou por um tempo

Vou varrendo os cômodos internos

Limpando a bagunça que fizeram

Amar demais me machucou muito

Então me tranquei

Quase cortei meu pulso

Mas tem sempre uma fagulha de vida que entra através de um pequeno feixe de luz que perpassa o furinho da janela

Respiro fundo

Me cuido

Insisto em viver em sorrir

Me corrijo e me perdoo

Ficarei atenta e mais grata

Vou mergulhando no inconsciente

E nas águas mais profundas de mim

Tento enxergar o que fica escondido

Tomo coragem

Alimento os sonhos perdidos

E beijo a boca do instante que logo não existirá

Bárbara Rosa
Enviado por Bárbara Rosa em 18/05/2024
Código do texto: T8066151
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