Nem tudo que parece é

Em meados da década de 80, em um povoado chamado Maravilha, situado ao Norte do Estado do Piauí, um fenômeno sobrenatural provocava muito medo nos moradores daquela localidade.

Na estrada que dava acesso à cidade, havia um ponto no qual todos que passavam por ali, diziam ver uma visagem. Esse termo é bastante utilizado em algumas regiões do Brasil e se refere às aparições fantasmagóricas.

As pessoas que precisavam vender alguns produtos na feira e tinham que sair de madrugada, voltavam assustadas com o que viam. Os animais empacavam e eles afirmavam a ver uma bola de fogo dentro de um tucunzeiro. Ninguém tinha mais coragem de passar no local, antes do sol raiar.

Um dia, seu Florêncio necessitava levar alguns frutos da lavoura para comercializar na sede. Convidou seu irmão para acompanhá-lo e disse que iria às 4 horas da manhã. Ele recusou o convite, falou que preferia esperar amanhecer e justificou dizendo que os animais não passariam no lugar mal assombrado.

Seu Flores, como era conhecido, garantia que tudo aquilo era bobagem e resolveu ir sozinho. Selou sua burra, colocou as cargas nos jumentos e partiu no horário escolhido.

Ao se aproximarem da palmeira, os bichos pararam a marcha, viraram a cara para o lado oposto e Florêncio avistou a bendita bola de fogo. Tentou seguir viagem, mas nenhum obedeceu seus comandos.

Retornou para casa, amarrou a tropa e com o facão em punho, foi verificar melhor que fogo era aquele. Ao observar bem de perto, descobriu que se tratava de um imenso grupo de vagalumes, que formavam uma grande tocha luminosa e que durante muito tempo, o povo acreditou que era coisa do outro mundo.

Depois desse episódio, Florêncio não perdia a oportunidade de se divertir com a situação. Aonde já se viu alguém deixar de realizar seus afazeres com medo de vagalumes? Brincava com os colegas, rindo horrores.