Maquiavélico não é de Maquiavel

Apresentação:

Análise critica do livro "O Príncipe" de Nicolau Maquiavel, apresentada no curso de Ciências Sociais na disciplina de Ciências Política I na UFF - Universidade Federal Fluminense.

Maquiavélico não é Maquiavel

Nicolau Maquiavel se tornou uma grande referência nas ciências políticas por apresentar teses de como governar e até criou o manual para políticos. Maquiavel era um grande amante da política, sua dedicação se mostrava veemente ao ler suas obras e principalmente o seu livro mais conhecido, O Príncipe. Nascido em Florência, ele pode ter contado com diversas culturas explorando todas as formas de governar de toda a Europa. Esse conhecimento foi possibilitado através do movimento renascentista, fortemente marcado em sua época e pela grande quantidade de fluxo de pessoas que passavam por Florência.

Em 1498, foi nomeado chanceler quando foi fundada a República de Florência por Soderini, mas foi deposto do seu cargo em 1513 quando os espanhóis tomam o poder e devolvem para os Médicis, com isso Maquiavel passa de um dos homens mais importantes para um criminoso, foi acusado de traição pelos Médicis, é torturado e concedido a uma anistia no qual perde o direito de intervir na política e acaba saindo de Florência. Com isso, ele escreve “ O Príncipe” com uma tentativa de retomar o seu cargo, criando assim o manual político dedicando para Lourenço de Médici o responsável pela perda da sua vida política.

Para muitos Maquiavel defende a monarquia, porém ele se revela republicano em suas outras obras, este equivoco é por causa do seu livro O Príncipe que superficialmente pode ser analisado como uma defesa de um Estado unificado e centralizado na figura do príncipe, entretanto foi meio que um ato de desespero por conseguir a aprovação de Lourenço para retornar a vida política.

“ O aprendizado das coisas novas mais a lição das coisas antigas devem estar sempre casadas”. Esta frase representa perfeitamente a obra “ O Príncipe “ livro mais conhecido de Maquiavel, foi escrita em 1513, mas só foi publicada após sua morte, em 1532. Esta obra foi criada a partir do olhar para o passado e o do estudo da sociedade, apontando os erros e acertos dos governantes anteriores, para um aprendizado novo que é a forma mais segura de se manter e conquistar o poder, o livro ensina basicamente como um governante deve conquistar e manter o seu poder, sendo essa a intenção de Maquiavel ao criar esta obra.

Alguns exemplos citados em seu livro são os erros que Luis XII cometeu, são estes: esmagou os menos poderosos, aumentou o poder da Igreja sobre o Estado e nem estabeleceu qualquer colônia. Outro exemplo, foi o reino de Dario que permitiu outros servos que já governaram continuassem a governar com o Príncipe, não criando uma figura central forte.

Ele vem de uma forte tradição humanista uma das características marcantes do renascimento que valoriza o ser o humano e a natureza humana, deixando de lado um pouco a questão do divino, ou seja, o homem passa a ser responsável pelos seus atos. Com isso Maquiavel se torna responsável por separar a religião da política, o que levou a ser reconhecido como diabólico já que naquela época a Igreja era de máxima influência nas decisões políticas. A associação do termo Maquiavélico como algo ruim está ligado a diversos fatores, como esta separação e por ele tecer alguns elogios aos Papas Alexandre VI e Julio II por possuir sucessos militares e políticos, mesmo sendo odiados e reconhecidos como Papas ímpios. Além, de dizer que a política possui sua própria ética, que não tem nada a ver com a ética e moral cristã.

Outro equívoco sobre Maquiavel é dizer que ele afirmar: “ Os fins justificam os meios”, isto se dá por ele desassocia novamente a política da religião. Para ele, um político não deve se preocupar em mudar de opinião, pois a política possui sua própria regras, ou seja, a política se dava em conquistar e manter o poder ou a autoridade mesmo se precisar usar a prática da violência e da crueldade.

Outra questão levantada por Maquiavel é: “ É melhor ser amado ou temido? ”. Para ele, era melhor ser amado, pois assim seria mais difícil de se obter uma insatisfação popular diminuindo o risco de se perder o poder, caso isso não funcionasse o temor seria o ideal para se ter o poder. Podendo notar essa dualidade entre o bem (amor) e o mal (temor) neste trecho do livro: “deve-se cometer todas as crueldades de uma só vez, para não ter que voltar a elas todos os dias... Os benefícios devem ser oferecidos gradualmente, para que possam ser melhor apreciados”.

Ele mostra uma visão pessimista em um geral, apontando os homens como ingratos, cobiçosos e volúveis por natureza. Porém, ele se remete essas visões só sobre o povo e não do Príncipe, já que o Príncipe seria um ser virtuoso que sabe como se comportar em todas as situações, que visa um vencedor em uma guerra e fique ao seu lado, mostrando assim que a política não é instável, que está sujeita a mudança a qualquer momento, que um verdadeiro governante faz tudo pela integridade nacional e o bem do seu povo.

Um conceito estudado por Nicolau Maquiavel também é a virtú e a fortuna, a primeira seria a habilidade necessária do governante de se manter no poder sendo colocada em prática, mas nada parecida com a virtude cristã ou moral social, a política teria sua própria virtude. Já a fortuna seria a sorte que todo governante tem que ter, porém não deve contar ou espera-la e caso a tivesse de receber agradeceria.

No livro, ele diz que um país que dependa de mercenários e estrangeiros seria um governo fraco e vulnerável, pois os mesmos só são leais ao dinheiro e já um exército somente com cidadãos do seu país seria leal ao seu governante e ao seu país. Afirmando também que um líder deve buscar o apoio de seu povo, que assim ao assumir o poder teria como conter implicações que gerariam o termino do seu poder.

Uma questão que Maquiavel tece também é as duas formas de principados, os mistos e os hereditários. Sobre o hereditário ele diz: “ em primeiro lugar, a dificuldade de se manter Estados herdados cujos súditos são habituados a uma família real é muito menor do que a oferecida pelas monarquias novas...” Com isso, a única forma de se assegurar no poder seria continuar com os costumes tradicionais e saber agir em situações imprevistas. Já nos mistos, os que são anexados a um Estado novo, vai ocorrer mais problemas de controle e para que isso seja contido deve-se eliminar a linhagem de nobres que dominavam, não alterando as estruturas de organização e nem alterando as leis e os impostos. Estabelecendo colônias no território dominado, para assim criar um vínculo com a população e não se criar inimigos que possam abalar o poder do governante em questão.

Dessa forma, percebe-se que até hoje esta obra pode ser aplicada na atualidade por isso se tornou uma grande referência para os estudos políticos. A separação do Estado da Igreja e do Estado com uma nação são alguns dos exemplos que são utilizados em grande parte do mundo para se obter e manter o poder, sendo a principal contribuição de Maquiavel revelar que se entende a política pela própria política.

Referências usadas:

Livros biografias e frases – Biografia de Nicolau Maquiavel

Passeios na Toscana – Maquiavel e seu livro O Príncipe

Argenet – Portal/teoria/Maquiavel

Passei Web – O príncipe

Marconatto, Arildo Luiz, Só Filosofia – Nicolau Maquiavel

Albuquerque , Camila, Estudo Pratico – Biografia Nicolau Maquiavel,

Mores, Ridendo Castigat, O Príncipe – Maquiavel

Ana Trindad
Enviado por Ana Trindad em 11/12/2016
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