Her

O filme Her é o mais próximo do chamado “ótimo”. Esse ótimo tão difícil de se encontrar em Hollywood com seus Avengers e Shades of Grey.

Hoje mesmo, você que está sozinho vai dormir com o ar-condicionado e sentir a camada de calor do lençol te proteger do frio em todos os centímetros do seu corpo. Mas ainda sentes aquela pontinha de frio deixada pela ausência do lençol de ternura e paixão que apenas um parceiro e uma parceira pode te proporcionar.

Theodore, recém-separado se sente assim, perdeu o seu lençol de calor e sente um frio constante que carrega todos os dias na sua vida. Uma paixão que apagou e um amor que se extinguiu é o panorama da sua vida amorosa.

Pense no seu computador ou seja lá qual for o device que usas para navegar a internet, ou jogar jogos, ou consultar seu e-mail ou usar as redes sociais. E agora me diga. Ele na sua forma de vida eltrônica sabe muito mais da sua vida que a maioria das pessoas ao seu redor. Não é a toa que basta algumas palavras pro navegador sugerir algo que na maioria das vezes é exatamente o que estavas procurando.

Samantha é o seu device com voz e uma suposta alma. Ela te conhece assim como sua mãe e até mais, pois ela sabe o que procuras na aba anônima.

Cair na tentação de se envolver com alguém que sempre está lá por você sem te criticar e te apoiando, é praticamente inevitável. Nos primeiros momentos a voz da nossa queridinha Scarlet/Samantha conquistou até o mais amargo dos homens. Não poderia ter sido diferente com o pobre Theodore, no primeiro segundo a empatia é inevitável para o pobre rapaz.

Amy e Charles é o que há de mais comum nos relacionamentos. Uma relação muito forte e ao mesmo tempo tão vunerável é percebida quando o que encantava o um em tempos passados, já não é nada mais do que uma perda de tempo para o outro. O amor ali reinara mas já não existe mais nada para segura-lo no trono. A mudança de vida radical de Charles é o reflexo da necessidade de mudança a qual ele almejava. Dormir no seu lado da cama e ir ao cinema todo sábado já não bastava para ele. E Amy como quem não tem para onde ir recorre à mesma “droga” de Theodore.

O amor para Platão é o desejo, e este se acaba quando você possui o que quer que tenhas amado. Uma relação com um sistema eletrônico é fadada ao sucesso para sempre ou para o fracasso espontâneo?

Apesar de sempre estar lá satisfazendo seus desejos diversos, o software não existe de facto. Tudo só se acabou pelo desejo unilateral de Samantha, deixou Theodore a vaguear com o The Moon Song assombrando a mente.

Descobrir que não era o único por si só já é muito dolorido. Descobrir que era um entre mais de 600 já está além dos patamares conhecidos das dores amorosas.

O final é enigmático. Theodore e Amy tentarão descobrir se o amor de cada um não estava separado apenas por alguns andares de seus prédios? Ou serão apenas amigos que se apoiarão pro resto da vida.

Her mostrou que a ficção científica pode ir além de viagens ao espaço, aliens e buracos negros. A ficção entrou no lugar mais obscuro do planeta.

O coração de um homem.

Lou Dante
Enviado por Lou Dante em 19/04/2017
Código do texto: T5975638
Classificação de conteúdo: seguro