OUVIR MÚSICA COMO ARTE

APENAS UMA OPINIÃO

A mensagem de nº 1¹, do allegronauta² Ricardovsky, integrante do fórum do Allegro³, deu-me trabalho muito prazeroso, uma vez que tive que reler um sem-número de artigos compilados nos últimos anos.

Diz o allegronauta Bosco em seu site: "Escute todas as opiniões, mas não durma para aquelas que sejam relevantes." Existe tanta coisa que reputo relevante a respeito do tópico “Como preparar seu aparelho de som para ouvir música clássica,” que me vi obrigado a fazer síntese, no mais absoluto rigor do termo, dos conselhos que recolhi e reputei mais representativos às perguntas e dúvidas mencionadas pelos allegronautas.

Resultado desse trabalho foi a contribuição abaixo, publicada sob nº 34, em 25.4.05, no site daquele fórum.

O MITO DO REALISMO DE UMA SALA DE CONCERTO

GOSTO - I

Pergunta o allegronauta Ricardovsky: “O que cada um aqui faz para que o som saia do aparelho do modo mais aprazível?” Vestindo esse “cada um” não pude resistir à tentação de também tentar expor, além de alguma experiência pessoal, opção diferente e extremamente agradável para ouvir música como arte.

Confesso que esse “cada um” se reveste de abordagem um tanto complexa, pois, da mesma maneira que procedemos frente a uma infinidade de opções em nossas vidas, ouvir música depende fundamentalmente do gosto das pessoas. De acordo com o Aurélio, em sua acepção 7, gosto significa “Faculdade de julgar os valores estéticos segundo critérios subjetivos, sem levar em conta normas preestabelecidas.” Neste contexto, a obediência ao gosto determina:

- como usar seu atual equipamento da melhor forma possível, procurando ter noções seguras de seu

funcionamento, sem esquecer-se do que se contém no site do allegronauta Richard :

“É impressionante com que facilidade desprezamos o que não compreendemos.”;

- qual tipo de equipamento temos vontade de possuir, cuja aquisição se subordina ▬ e como ! ▬ a um enorme rol de prioridades, além do fator monetário e da significação que ter uma boa aparelhagem possa representar em nossa vida;

- aceitar, como uma luva, as definições do Aurélio.

Richard Heyser, engenheiro e cientista , já dizia no passado remoto:

“... A percepção do som envolve mais do que o que ouvimos. É uma experiência holística, que envolve não apenas os outros sentidos, mas também experiências passadas e estados emocionais momentâneos.”

“... Toda nossa milionária indústria de som depende, de uma maneira ou de outra, da suposição que a maioria das pessoas deverá experimentar o mesmo tipo de ilusão se sujeitas ao mesmo tipo de estímulos. ...”

Se as pessoas enxergam de modo diferente, é natural que também não possam ouvir da mesma forma. Isso poderia justificar a multiplicidade de marcas e modelos existentes e que se renovam a cada ano, não somente considerado o estrito objetivo comercial, mas com vistas à introdução de novas tecnologias, funcionalidade, recursos técnicos etc. O famigerado “gosto pessoal intransferível” explica-se pela maneira como um mesmo bom equipamento, na mesma sala de audição, reproduzindo repetidamente o mesmo CD de música clássica e com a presença de várias pessoas para avaliação, sofre uma adjetivação tão diversa a respeito de suas qualidades. Esse seria um exemplo da falibilidade da suposição a que se refere o autor citado.

Na compra de um automóvel, nossa atenção fica voltada, além do preço, para uma série de recursos e características técnicas, mesmo sabendo, por exemplo, que nosso Voyage não pode proporcionar o mesmo conforto, desempenho e prazer que um Audi A-6. Quando ▬ e se for o caso ▬ ocorrer aquisições de outra espécie, digamos um piano, considerações de outra ordem são colocadas na mesa: um modesto piano de armário, da “marca barbante,” não tem condições de soar como um da Bösendorfer ou Steinway. Com equipamentos de som também é assim. Seria logisticamente impossível pensar que um mero 3-em-1, desses “mixurucas” que se vende por aí(uso um no PC, somente para amplificação), com caixas da marca “joão-ninguém,” pudesse soar como um pré-power da Krell, Mark Levinson, Quad, Conrad Johnson, Manley, para citar só algumas, ou caixas da Quad, B&W, Dynaudio, Utopia etc. Uma cápsula da marca “qualquer uma” não tem a mínima possibilidade de extrair do sulco do LP toda a musicalidade ali contida da maneira como o faz uma da Koetsu ou da Sumiko.

São exageradas essas comparações? Fora deste contexto, a resposta é sim.

Todavia, no dia-a-dia da vida é comum escutar-se a frase: “Ah, se eu acertasse sozinho na mega-sena iria fazer isso ou aquilo ...”

Os músicos profissionais sabem que seus instrumentos não são fins em si mesmos. Sempre serão meios. Existem para ser tocados e a música que deles se extrai é tão real quanto a qualidade dos instrumentos. Resultado da extração dessas qualidades sonoras explica, segundo consta, o costume que teriam os fabricantes de instrumentos musicais de freqüentarem salas de concerto para ouvir como soam os instrumentos dos concertistas.

Parece-me que eles estejam com a razão e que os músicos profissionais estejam também sempre pensando em adquirir um instrumento melhor do que aqueles que possuem. Tenho quase certeza de que esse pensamento se pode aplicar a outros amantes/ouvintes da música como arte ▬ audiófilos incluídos ▬, cujo sonho é o de tentar conseguir o “mito do realismo de uma sala de concerto” em sua sala de audição, uma vez que a música que for ouvida somente será tão real quanto a qualidade de seus equipamentos e da acústica da sala que a estarão reproduzindo.

Se desejarmos adquirir novo equipamento e para que possamos fazer um bom investimento, é prudente sabermos que existe uma enorme quantidade de ensinamentos da física e recursos da eletrônica que impõem a conveniência de que tenhamos sempre presente alguns conhecimentos de acústica e de equipamentos de som, os quais devem ser considerados no momento da escolha.

Consolo: para nossa alegria, o mercado tem à venda uma razoável variedade de muito bons automóveis entre um Voyage e um Audi; com equipamentos de som acontece o mesmo: sabendo escolher, pode-se comprar bons equipamentos, sem arrombar a conta bancária.

Nota: A citação, nesta mensagem, de marcas de determinados produtos não significa conselho ou indicação, apenas esclarecimento a respeito do assunto específico que se está comentando; da mesma forma, as páginas da Internet mencionadas visam a ilustrar exemplos de características/equipamentos/recursos técnicos.

AUDIOFILIA - II

Os audiófilos ouvem música utilizando discos sob o formato MP-3? Ouvem CDs no computador? A julgar pelos que eu conheço, a resposta é não. Por que? É somente uma questão de opção, sem juízo de valor, pois o valor de mérito é um tanto controverso. Como já citou o allegronauta hänsel, na mensagem 12:

“... A música ao vivo é realmente a perfeita forma de se ouvir música, mas considero minha coleção de discos como um enorme e precioso arquivo onde posso "consultar" peças à hora em que eu quero. Isso não tem preço. ...” Não tem mesmo.

0 audiófilo, como qualquer outra pessoa que carrega um hobby no coração, não é ocioso no sentido de ouvir sem pensar no que ouve, de engolir conteúdo sem discernir as coisas, pois sua concentração a respeito do que está sendo tocado, a maneira da interpretação, a transparência do som etc., merecem atenção constante.

Música utilizando computador, apenas no caso de estar-se nele fazendo algum trabalho e, mesmo assim, para alegrar o ambiente, sem nenhuma preocupação com o que se está ouvindo (KBAQ, BBC-3, Rádio BACH etc.), além do que, de modo geral, os circuitos de áudio integrados à placa-mãe do PC são muito baratos e de qualidade questionável. Não me estou referindo à placa de áudio Audigy-Platinum-Creative, de boa qualidade.

Pertenço a um grupo de amantes de música clássica como arte, de formação bem diversa ▬ funcionários públicos, médicos, professores, engenheiros, gerentes de hotel, bancários, estatísticos, aposentados daqui e dali, os quais não têm nenhuma atividade ligada à música e nem tocam nenhum instrumento ▬, que se reúnem semanalmente, em loja comercial reservada, com a finalidade precípua de ouvir música clássica e conversar sobre composições, gravações e equipamentos. Nele existem pessoas relativamente jovens e de meia-idade com “ouvidos de ouro?” ▬ é claro que sim. Do nosso grupo não participam, felizmente, “aparelhófilos,” pois se sabe que se trata de pessoas que só se comprazem na eterna renovação de seus caríssimos equipamentos, é pequena a variedade de CDs que possuem e pouco entendem de música clássica.

Não questionamos a respeito da estratégia de marketing utilizada pelos fabricantes, porque a questão de mérito é sempre a qualidade do som, dos equipamentos de reprodução e das gravações, sem perda de foco. Não temos nenhum código de ética, mas entre meus amigos audiófilos, a exemplo do que ocorre com os participantes do Allegro, existe mútuo respeito, cordialidade e amizade, pois estão envolvidos anos e mais anos de dedicação, muita leitura e estudo, milhares de horas de audição e tantas outras coisas mais.

A audiofilia seria um hobby em extinção? Sim, infelizmente . . .

SALA DE AUDIÇÃO – O COMPONENTE ESQUECIDO - III

Já disse alguém que o processo de escolha, compra e instalação de componentes de áudio é freqüentemente acompanhado de alguma ansiedade e frustração. Talvez a mais desesperadora experiência é trazer para casa algumas caixas acústicas que a pessoa sabe/ouviu falar que são boas e verificar que seu som é desapontador ou mesmo terrível em sua sala de audição. Se isso já tiver acontecido com o allegronauta, o problema pode ser tranqüilamente atribuído a um componente que raras vezes teria sido pensado: a sala de audição.

Cada sala tem determinado efeito sobre o que se ouve dos alto-falantes nela utilizados. Nas baixas freqüências de áudio ela modifica a potência de saída do alto-falante, bem como determina também a distribuição espacial dessa potência. Devido às suas características de absorver certas freqüências de áudio mais rapidamente do que outras, a sala altera o balanço das freqüências que você está ouvindo das caixas. As características acústicas de sua sala e a colocação dos alto-falantes são de grande valor na determinação da qualidade do campo sonoro até seus ouvidos. De vez que a energia sonora reverbera na sala (persistência por um determinado tempo após ser emitida pelo falante, por ser refletida de uma parede à outra), a decoração tem importante papel na absorção dessa energia. Em certas freqüências, todavia, ela volta aos alto-falantes e nesse exato momento recebe forte reforço. Isso acontece quando o comprimento total do caminho do vai-e-vem da onda iguala o comprimento da onda do som original ou seu múltiplo. O som refletido volta para ficar exatamente em fase com o som que está saindo do falante e, enquanto o falante continuar emitindo som da mesma freqüência, ondas estacionárias (standing waves) são criadas na sala e essas ondas estacionárias são ressonâncias da sala.

Os ensinamentos a seguir, contidos em inúmeras revistas e livros de física/acústica , podem, à primeira vista, parecer um pouco complicados, mas são de importância fundamental para quem quer ouvir música com qualidade. Quem vai construir não pode esquecer-se deles (1).

É preciso considerar que o comprimento, em metros, do caminho do som refletido é determinado pelas dimensões da sala e uma série dessas ressonâncias existe para cada dimensão: comprimento, largura e altura. Essas ressonâncias ocorrem em cada combinação de 2 ou 3 dimensões e, quando ocorrem, é como se um pequeno amplificador estivesse por detrás delas, aumentando sobremaneira o seu volume naquela freqüência, alterando assim o equilíbrio tonal, com picos e vales. Deve-se adotar o seguinte procedimento para encontrar-se a freqüência de ressonância de uma parede, que leva o nome de fundamental.

Lembrem-se do divisor 171,871081m (resultado da divisão por 2 da velocidade do som em metros por segundo 343,742m(1.127,763 pés), a 20º C e 30% de umidade).

Tomando-se esse divisor e dividindo-o pelo dividendo representado pela dimensão em metros de cada parede, encontra-se como quociente a freqüência de ressonância da respectiva parede.

Deixemos essas contas e vamos para um exemplo:

- dividindo-se mencionado divisor pelo comprimento de uma sala com, digamos, 10,75m, encontra-se 16 Hz, que representa a freqüência de ressonância da parede do comprimento;

- procedendo-se a idêntico cálculo e tomando-se a largura da sala, digamos 6,75m, resulta na freqüência de 25Hz;

- sendo seu pé-direito de, digamos, 3,20m, encontraríamos a freqüência de 54 Hz.

No caso do comprimento: 16Hz é a fundamental, que multiplicada por 2 daria 32Hz que é o 2º harmônico; por 3 teremos 48 Hz, que é o 3º e daí por diante ...

No caso da largura: 25 Hz, que é a fundamental, teremos 50Hz para o 2º harmônico, 75Hz para o 3º ...

No caso da altura: 54 Hz, que é a fundamental, teremos 104Hz para o 2º harmônico, 152Hz para o 3º...

Cada vez que o resultado da freqüência de ressonância de uma parede, seja fundamental ou harmônico, coincidir ou aproximar-se (pelo menos em 3Hz) com o resultado de outra parede, teremos aí o enorme complicador da onda estacionária. Esse cálculo deve ser feito até m/m 300Hz, quando o problema passa a ser de pouca importância. A onda estacionária é de difícil eliminação, mas pode ser amenizada com a utilização de aparelho com “surround sound” e com tubos de “tube-traps.” Cito alguns exemplos (2) e (3).

(1) Everest, F. Alton, The Master Handbook of Acoustics, 5a. edição;

http://stereophile.com/reference/58/

(2) http://www.yamaha-audio.co.uk/homecinema/amplifiers/dsp-ax750se/

http://www.yamaha-audio.co.uk/homecinema/amplifiers/dsp-z9/cinemadsp.php

(3) http://www.tubetrap.com/

http://www.acousticsciences.com/ask-art.htm

http://www.rivesaudio.com/

http://www.audiorevolution.com/equip/asctubetraps/

http://www.acustica.ind.br/Controledereverberacao.htm

http://www.getridofnoise.com

http://www.htforum.com/vb/archive/index.php/t-175.html

http://www.hificlube.net/common/ver_artigo.asp?id_artigo=151&seccao=Arquivo&subseccao=DAC

http://www.acousticsciences.com/articles.htm

http://www.asc-hifi.com/articles/iar85.htm

http://www.asc-hifi.com/articles/stereophile-0486.pdf

APARELHOS DE SOM - IV

No dia-a-dia podemos observar que “profissional” é um termo muito desgastado. Quase tudo, como recurso de marketing, leva indevidamente esse nome. Nas revistas especializadas de música clássica/equipamentos, equipamento profissional (PA) é o nome dado, única e exclusivamente, àquele utilizado por conjuntos musicais/solistas etc., que necessitam de tamanho, recursos, características e de formatos especiais e apropriados à sua atividade. Os catálogos da JBL, Yamaha, por exemplo, sempre fizeram essa distinção, sem chamar a atenção para o detalhe, uma vez que os artistas, interessados naquele tipo de equipamento, naturalmente vão procurar o que desejam nas páginas apropriadas.

Outras marcas adotam o mesmo procedimento com relação aos produtos que fabricam (preamplificadores, amplificadores, CD players etc.). Em ambiente familiar, por mais caros que sejam os equipamentos utilizados, sempre serão equipamentos caseiros ou “customizados,” digamos assim. Nada impede, porém, que amadores possam adquirir equipamentos PA para uso em residência, o que não deixa de causar estranheza!

Atualmente, é de toda cautela que observemos a estratégia de marketing freqüentemente utilizada por fabricantes de amplificadores/receivers relativamente simples e baratos, que, ao propagar especificações técnicas de determinado amplificador, mencione potência de não sei quantos mil watts, sabendo-se que não existe padrão universal para medir a potência dos amplificadores (a mais usual é RMS). Com raríssimas exceções, esse tipo de propaganda pode conduzir à seguinte conclusão: o amplificador não dispõe de fonte robusta e confiável e de capacitores, em quantidade e em valor nominal suficientes para armazenar energia e assim, naquelas frações de tempo, quando ela for necessária para amplificar e sustentar mais demoradamente uma nota grave, fica sobrecarregado, perde controle nas baixas freqüências, a impedância vai para o brejo e, então, o recurso é “puxar” a energia da parede para tentar alimentar aquela freqüência, mas não há tempo, e então o que ouvimos é um grave “chocho.” A reprodução das gravações de músicas com órgão e outros instrumentos com graves profundos estão aí para confirmar. Na mensagem 27 do tópico “As vantagens do vinil”, tive oportunidade de tecer considerações, de outra espécie, a respeito de equipamentos de som e de LPs.

ENTRADA “PHONO” DE PRÉ, AMPLIFICADOR, RECEIVER - V

A entrada “phono” não corrige equalização, aqui significando recurso para corrigir problemas de acústica da sala de audição. Dou testemunho pessoal a respeito do verdadeiro sentido da entrada “phono: Quando (1956/57) montei meu 1º (e único) pré-power, a válvula, monofônico (pois ainda não havia estereofonia à disposição do público), um dos componentes de mais difícil aquisição foi uma chave de seleção que pudesse conter pontos de detenção para todas as curvas de equalização usadas pelas gravadoras.

O pré deveria conter circuitos que pudessem “traduzir” cada uma daquelas curvas, amplificar, digamos assim, aquele fraquíssimo sinal recebido da agulha do toca-discos até a voltagem mínima de entrada requerida pelo amplificador e mandá-lo processado àquele aparelho.

Poderia mencionar que cada fábrica de disco gravava seu produto com curva de equalização diferente e, com pedido de desculpas pela citação com recurso à memória, citaria RIAA, NAB, NARTB, COL, EUROPEUS, FFRR, 78 etc. Nas capas de papelão dos LPs vinha a recomendação da curva de equalização que deveria ser utilizada na reprodução do bolachão, com vistas a uma boa audição. Parece-me que isso tudo vigorou para os discos gravados antes de 1955. Consta que os discos de vinil gravados após aquela data utilizam a curva RIAA/ITU.

Acredito que a área em V dos sulcos dos LPs era demasiadamente pequena para que pudesse comportar sinal de graves profundos e a equalização da gravação, então,atenuava as freqüências graves, m/m <500 Hz e aumentava as agudas, m/m >2,100 Hz. O circuito do pré-amplificador procedia de maneira inversa, aumentando os graves e atenuando os agudos.

O detalhe da baixa voltagem da cápsula (em mV) prevalece até hoje e é, por esse motivo, que não se pode conectar, àquela entrada PHONO, cabo de saída de CD player, DVD, tuner etc., porque possuem saída de 2volts ou mais.

CONTROLE DE GRAVES/AGUDOS E EQUALIZADORES - VI

O allegronauta Buckheim tem razão quando diz, na mensagem 11, que seu aparelho não possui controles de graves e de agudos. Todo aparelho de boa qualidade não os tem. O controle de graves, por exemplo, é um potenciômetro de volume e atua sobre uma enorme quantidade de freqüências, a critério do fabricante do aparelho. Quando aumentamos ou atenuamos esse controle, estamos aumentando/diminuindo um enorme rol de baixas freqüências ao mesmo tempo e, o que é pior, se a sala tiver problemas de ondas estacionárias, como têm freqüentemente, estaremos aumentando/atenuando todos os problemas de acústica naquelas freqüências. Com os agudos acontece o mesmo.

Bem, passemos para um amplificador/receiver que contenha equalizador de, digamos, 5 botões por canal, lembrando que ele não altera o timbre dos instrumentos e se erroneamente for pensado que ele melhora a qualidade e a fidelidade do som, deve-se saber que sua única finalidade é aumentar/diminuir o volume daquela freqüência. Esses botões são filtros, que agem apenas na freqüência escrita no painel do aparelho para cada botão, assim mesmo quando estiver escrita, o que nem sempre ocorre. Como não sabemos em quais freqüências estão as ondas estacionárias de nossa sala, estaremos fazendo ajustes com base em procedimentos não muito recomendáveis. Além disso, os filtros costumam vibrar, o que é uma lástima.

Vamos então fazer uma tentativa de melhorar(?) nossa aparelhagem, comprando um equalizador de 33 botões, com regulagem de 1/3 de oitava por canal, que começando em 16Hz vai até 32 kHz, se não me engano. Permanece o problema. Tanto faz usar equalizador à parte (stand-alone), seja gráfico, paramétrico ou paragráfico, que o problema continua, com tendência a piorar, a não ser que se tenha equipamento apropriado e pessoa capacitada para medir as freqüências-problema de nossa sala de audição.

Anos atrás comprei um desses equalizadores de 33 controles por canal e minha maior satisfação ocorreu no dia em que consegui vendê-lo, com pouquíssimo uso. Ademais, a corrente de audiófilos sérios, volumosa como a do rio Amazonas, recomenda não colocar nenhum aparelho entre o pré e o power. Esforço inútil remar contra a correnteza.

Há muitos anos atrás a Crown americana lançou um equalizador que tinha botões variáveis, que, no ponto de detenção, trabalhavam em cima da freqüência escrita no painel; girando-se à esquerda buscavam freqüências mais baixas (até 1/3 de oitava, se não me engano) e à direita as mais altas, mas que teve aceitação pouco representativa no mercado e logo saiu de linha.

Não poderia deixar de mencionar que existem no mercado equalizadores sofisticados e caríssimos, para serem utilizados com equipamentos da mesma ordem &#9644; o que não é o propósito desta mensagem &#9644;, bem como publicidade de fabricantes de amplificadores/receivers/alto-falantes que mencionam dispor seus produtos de recursos para equalizar automaticamente a sala de audição. Cito alguns, apenas para ilustração, sem entrar no mérito. (4)

(4) www.yamaha.ca/av/technology/YPAO

http://www.yamaha.com/yec/products/receivers/receiver_main.htm

http://www.lexicon.com/products/overview.asp?ID=15

http://ultimateavmag.com/speakersystems/index2.html

SURROUND SOUND - VII

Encaremos o seguinte, com bons olhos. Alta fidelidade estereofônica está para a música real ao vivo, o que a pintura está para a escultura, ou seja, plana, chata. Os melhores esforços para a reprodução do som servem apenas para criar uma ilusão de dimensionalidade, para iludir/enganar o ouvido como se estivesse ouvindo dentro de um espaço acústico. No processo de gravação também se faz o que fazem os melhores pintores, digamos da Vinci, iludem/enganam o olho, como se estivesse vendo uma cena com realística perspectiva.

Nas gravações se controla o volume, colocação dos planos direito-esquerdo, alinhamento de fase e resposta de freqüência da mesma forma que os artistas usam claro e escuro, cores, texturas e cuidadosamente fazem ângulos para criar profundidade. Mas plano é plano. O que nós estamos perdendo é a inacreditavelmente rica quantidade de som reverberado que experimentamos numa audição de música ao vivo.

Voltemos um pouco no passado.

Em 1931, de maneira sensata, os cientistas da Blumlein-EMI/Bell Labs fixaram os princípios da estereofonia, 25 anos antes de o recurso ser colocado à disposição do público. Concluindo que muitos canais seriam necessários para capturar e reproduzir as complexidades direcionais e espaciais dos eventos da música, mas, por outro lado, levadas em conta as limitações técnicas e de custo, investigaram as possibilidades de simplificação e concluíram que, embora 2 canais pudessem apresentar resultados aceitáveis (consta que teria sido esse o adjetivo por eles empregado, sem conotação depreciativa), 3 canais seria o mínimo desejável para formar a ilusão de um estável palco sonoro. E assim, em 1956/1957, foi instituída a estereofonia, com apenas 2 canais, até hoje idolatrada por legiões de puristas. ! ! ! ? ? ?

Pouco tempo mais tarde, o que o Sr. Hafler estabeleceu com seu sistema &#9644; de que tomei conhecimento em 1971, em artigo escrito por Ralph Hodges , lido na ocasião com incredulidade, descartado, esquecido no tempo, ressuscitado e instalado em 1978 após o seu 2º artigo sobre o mesmo assunto (5) &#9644;, penso que foi o 1º passo do que hoje eu poderia conceber como “surround sound”, uma vez que não era necessário aumentar a quantidade de canais. Seriam os mesmos 2 do sistema estereofônico, com o som distribuído por mais 2 caixas adicionas, que, embora reproduzissem apenas diferenças de fase entre 2 canais estéreo, criavam, na sala de audição do ouvinte, a ilusão de um ambiente diferente daquele a que ele estava acostumado ouvindo apenas 2 caixas. Embora o sistema não contasse com o “delay” do sinal e só se aplicava a discos estereofônicos, usei esse recurso de 1978 a 1988.

Com o passar dos anos houve enorme melhoramento para aumentar essa ilusão de realismo, com a introdução de sistemas que contavam com circuitos retardadores de tempo (bucket brigade, Delta etc.) e Peter Mitchell (6), em artigo memorável sobre equipamentos retardadores de tempo elaborados com a tecnologia então disponível &#9644; uma vez que os processadores DSP ainda estavam no forno &#9644;, assim se manifestou:

...”O efeito de um sistema retardador de tempo na qualidade do som reproduzido é ambos dramático e sutil. Ele é mais dramático quando o sistema é desligado e todo o ambiente tridimensional do campo sonoro parece desmoronar dentro da parede frontal da sala de audição. O som retardado não chama atenção por si próprio quando é ligado, mas os ouvintes experimentam um profundo senso de privação quando ele é removido. O som do convencional dois canais estéreo parece achatado, insípido e artificial, por comparação.

Por outro lado, ligando-se o sistema retardador de tempo (ele) não produz um imediato brilho de beleza sônica para recompensar seu investimento. Tipicamente, ele produz uma integridade de textura sônica gradualmente percebida e um espaço de audição aparentemente expandido. O efeito do atraso é simplesmente muito natural para ser espetacular. Se você caminhar dentro de um ambiente onde está em uso um bem-ajustado sistema retardador de tempo, você pode mesmo não estar ciente de sua presença. Tudo simplesmente soa incomumente realístico...”.

Pouco tempo depois seria a vez de Pohlmann (7) manifestar-se bastante realista quando testou vários equipamentos que utilizavam processadores DSP:

“... realmente não há nada sagrado a respeito de ouvir-se música através de apenas 2 canais estéreo. A própria música ao vivo é reproduzida por uma multiplicidade de canais &#9644; que são os instrumentos musicais &#9644; e ouvida com inúmeras diferenças de fase (time-delay), em razão da própria distância de cada um dos instrumentistas de uma orquestra em relação aos ouvintes em um ambiente de concerto. ...”

Dessa forma, continua Pohlman “... parece destituída de sentido prático a teimosia de alguns “aparelhófilos,” que consideram sacrilégio ouvir-se música através de mais de duas caixas. ...”

O nome de batismo há poucos anos criado por J.Gordon Holt (8) , fundador da revista Stereophile, “SSfM – surround sound for music”, parece adequar-se perfeitamente àquele tipo de equipamento (time-delay system), sobre o qual S.C.Foster já havia escrito fundamentado artigo em Nov/Dec/1976. (9)

Alguém poderia argumentar: tudo isso é passado.

Levando-se em conta a definição do Aurélio e por se tratar de assunto com variadas correntes de opinião em determinados casos, poderia ser perguntado: S. C. Foster e seus colegas Bert Whyte, J.Gordon Holt, Peter W.Mitchell, Ralph Hodges, Ivan Berger, Len Feldman, Julian D. Hirsch, Tom Gillett, Daniel Kumin, Ken Kessler, Ken C. Pohlmann, E. Brad Meyer, Daniel Kumin e recentemente o competente e todo poderoso Floyd E.Toole (10) e outros tantos papas formadores de opinião, a julgar pelos elogios contidos em dezenas de artigos que escreveram em inúmeras revistas, estariam equivocados na apreciação da qualidade das músicas que ouviram através de aparelhos que empregavam recursos de “surround sound?”

Tomo a liberdade de juntar-me àqueles senhores, com o conforto e tranqüilidade de que somos adeptos do “surround sound” muito antes da moda do “multicanal” e “home-theatre.”

Cito algumas páginas da Internet a esse respeito, na impossibilidade física de espaço para transcrever detalhes a esse respeito (5/10).

Às vezes chego a pensar numa possível deterioração terminológica no uso das palavras “surround sound, surround system, multicanal e home-theatre,” quando vejo as múltiplas acepções como elas são empregadas. Procuro entender o sistema “surround sound” da seguinte maneira:

Como todos sabemos, os equipamentos com processadores DSP não criam canais adicionais; apenas reproduzem, em caixas a que chamamos “surround”, a reflexão do som direto da música que está sendo tocada, uma vez que possuem circuitos de reverberação que simulam a acústica de salas de concerto de várias cidades do mundo e de outros ambientes, em programas/funções de processamento virtual gravados no processador DSP, variável de acordo com o gosto do ouvinte e que deve ser usado com parcimônia.

Fica, assim, a cargo do ouvinte, compatibilizar o gênero musical da peça que for escolhida para audição com o programa (surround) contido no processador (Hall 1, Hall 2 etc.) e ajustar, criteriosamente, o seu controle de volume. Apesar de aos sons ouvidos ser adicionada a acústica da sala, os fabricantes dos equipamentos quase sempre fazem indicação segura do local de colocação das caixas “surround.”

Na realidade, em um ambiente de concerto, os sons diretos quando refletidos nas paredes, jamais são ouvidos distintamente, com identificação das fontes, mas apenas sentidos, pois nesse fenômeno psicoacústico reside a sensação de “surround”, envolvimento ou imersão.

Os sistemas retardadores de tempo também tentam criar uma ilusão parecida com a que se obtém em um ambiente de concerto (natural que se dê os devidos descontos). O que se poderia estar perdendo? Definição? Detalhe? Foco? Não sei, pois o som que tenho ouvido de 2 canais estereofônicos, em mais de 2 caixas e nesses últimos 27 anos é bastante agradável. O uso do cachimbo faz a boca torta? Existe a possibilidade ...

Devemos pensar que o tratamento que se dá à música é completamente diferente daquele dado às trilhas de filmes. Vejamos o sistema multicanal: Isso não é regra geral, mas o que se pode encontrar no mercado são discos gravados no sistema multicanal, com vozes solo reproduzidas no canal de surround, bateria em outro, pratos em outro e, às vezes, a voz do próprio cantor solista também colocado em segundo plano, em um canal surround. É uma situação absurda, imposta pelas gravadoras. Como sabemos, as caixas surround fazem as vezes de paredes e, na realidade, em um ambiente de concerto, os sons diretos, quando refletidos nas paredes, jamais são ouvidos distintamente, com identificação das fontes, mas apenas sentidos, pois nesse fenômeno psicoacústico reside a sensação de surround, envolvimento ou imersão. Essa distorção absurda, imposta pelas gravadoras, pode ser observada em lançamento recente da cantora Diana Krall. Isso parece quadrifônico ou som ouvido em automóvel.

Os Srs. Haas/Madsen devem ter-se virado nos túmulos quando “tomaram conhecimento” de que as gravadoras fizeram ouvidos de mercador e não estão levando em conta que o som direto, quando refletido nas paredes e até o ouvido do ouvinte, percorre uma distância muito maior do que a do som direto sem reflexão. Os sons dos instrumentos ou vozes reproduzidos distinta e separadamente em outras caixas que não as principais (como parece estar acontecendo com o sistema multicanal, em alguns casos), não se beneficiam do processo de fusão do efeito Haas(11), sem o qual as especiais qualidades que um ambiente de concerto emprestam à música, quais sejam volume, grandeza e profundidade tridimensional, não são aproveitadas. Lamentável, sob todos os aspectos, a atitude das gravadoras.

A tendência que parece irreversível de ouvir-se música em equipamentos para “home-theatre,” remando, no caso, para os sistemas de multicanal, não deve ser acompanhada pelos audiófilos sérios de música clássica. Nada contra aqueles outros, também sérios mas apreciadores de filmes ou outro tipo de apresentação visual. As exigências dos dois sistemas são bem diferentes, pois ouvir-se música com equipamento retardador de tempo produz determinado resultado; utilizando discos gravados em vários canais, codificados no CD/DVD em 2 trilhas, reproduzidos com equipamentos que decodificam aqueles canais e dão personalidade independente às caixas “surround,” bem ...

Quanto a ouvir-se música clássica com a utilização de DVD, se a pressão exercida pelas gravadoras generalizar-se, seria desejável que o realismo sempre almejado pelos audiófilos pudesse ser alcançado com o emprego de um sistema com vários canais, desde a fase de gravação. Poderia ser um com 3 canais centrais, amplificados separadamente, mais a quantidade de canais de som refletido que forem julgados apropriados, também amplificados separadamente e com controles de volume individuais.

Seria mais ou menos semelhante ao preconizado por Tomlinson Holman. O dele foi chamado de 10.2 (12). Àquele senhor o maior problema não foi decidir a quantidade de caixas/canais, mas sim onde colocá-los.

Para espanto de muitos audiófilos, a audição de música reproduzida por apenas 2 caixas, com sistema retardador de tempo com apenas ambiência fora das caixas principais, pode conduzir o allegronauta a, digamos, precipitadas conclusões, como: “... uma sensação de estranhamento, algo como isto não é o meu sistema estéreo, com o seu plano sonoro todo na frente...”, ou “... a claridade de foco parece, inicialmente, diminuir no palco e dar origem ao que, também de início, é percebido como palco menos preciso, menos tocado...”

Por outro lado, os que assistem a concertos ao vivo sabem muito bem que, em salas de concerto, “

... tal precisão do palco sonoro e seus planos e foco não são os que ouvimos...” em nossas casas.

Resta saber se essas considerações poderiam conduzir o audiófilo a um campo de areia movediça, cuja tábua de salvação seria uma resposta tranqüilizadora à pergunta: queremos ouvir música ou equipamento de som? Sempre pensei que o sonho de todo audiófilo fosse conseguir o “mito do realismo de um ambiente de concerto” em sua sala de audição, porque os testes dos muito bem-elaborados equipamentos de som que sempre li procuraram comparar o som ouvido com o som da música ao vivo.

Todavia, essa impressão um tanto precipitada leva-nos a perceber o que acontece após algum tempo de audição com equipamento com circuito de “surround sound”: “... Um acentuado realismo na reprodução. Não é que diminuiu o foco. Pelo contrário, as imagens ficam muito mais corpóreas, porque ganham uma profundidade e corporeidade que estão menos claras quando ouvimos estéreo. A acústica provinda das caixas laterais é a que faz com que o evento sonoro da frente contenha somente o que originalmente já estava ali, ou seja, o grupo musical. ...” (13)

Como já citado “...ligando-se o sistema retardador de tempo (ele) não produz um imediato brilho de beleza sônica para recompensar seu investimento. Tipicamente, ele produz uma integridade de textura sônica gradualmente percebida e um espaço de audição aparentemente expandido. O efeito do atraso é simplesmente muito natural para ser espetacular. Se você caminhar dentro de um ambiente onde está em uso um bem-ajustado sistema retardador de tempo, você pode mesmo não estar ciente de sua presença. Tudo simplesmente soa incomumente realístico. ...”

Ha muito tempo venho-me aproveitando de um conselho dado por Julian D .Hirsch, que tem sido um bálsamo paliativo às minhas eternas indagações: “...I suggest, then, that you consider live and recorded music as two different media and enjoy the best of both...” Bem, enquanto a

decisão de mérito estiver no terreno do “paliativo,” vou continuar na aprendizagem musical ouvindo meus CDs com a colaboração do meu equipamento de “surround sound,” sem que esse caminho represente compromisso, fidelidade ou dogmatismo em relação ao uso de equipamento com processadores.

(5) http://www.audiosignal.co.uk/Resources/A_year_of_surround_sound_A4.pdf

Hafler system – Ralph Hodges – Stereo Review – Apr/1971;

Ralph Hodges – time-delay systems – Stereo Review – Oct/1978;

http://stereophile.com/features/74/index12.html

(6) Peter W. Mitchell – Time-delay systems – Stereo Review, Oct/1978:

(7) http://www.music.miami.edu/programs/Mue/mue2003/people/ken/ken.htm

Ken C. Pohlmann – Surround Sound – Stereo Review, Nov/1989;

(8) J. Gordon Holt – fundador da revista Stereophile;

- In Search Of The Audio Abode – The Hi-fi House;

- Space…the Final Frontier - Stereophile – March, 1994;

- www.stereophile.com/features/74/index.html

- SSfM - Stereophile, Sep/98;

(9) S.C.Foster – Bring the Depth of Cathedral Sound Into Your Living Room - Hi-Fi Stereo

Buyers’Guide – Nov/Dec, 1976;

(10) Floyd E.Toole – The future of Stereo – Audio, May, 1997;

http://caa-aca.ca/PEIWEBpage/PEI_Toole.htm

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=%22Floyd+E.+Toole%22&meta=

Lawrence B. Johnson-Toole of the Trade – Stereophile Guide to Home Theater-Jul/Aug,2001

http://www.harman.com/wp/pdf/Loudspeakers&RoomsPt1.pdf

http://www.harman.com/wp/index.jsp?articleId=58

http://www.stereophile.com/reference/28/index.html

(11) http://www.rane.com/par-h.html

http://www.htforum.com/vb/showthread.php?t=29

(12) http://www.audiorevolution.com/equip/tomholman/

(13) Áudio & Vídeo – jul/04 - Como vamos fazer: vamos para o multicanal?

TENTATIVA DE SOLUÇÃO - VIII

Para enorme parcela dos amantes de música clássica que não querem/podem fazer investimentos em som mais bem elaborado (cito 2 páginas, por exemplo (14)), o remédio, aliás muito eficiente, é tentar soluções acústicas, ao invés de eletrônicas como os equalizadores, com todas as opções/alternativas que puder: alto-falantes de tamanho de acordo com as dimensões da sala, longe das paredes, fora das prateleiras, no chão; usar, sim, placas de mármore em cima deles e nas partes inferior e superior dos CD players se forem de muito baixo custo, para diminuir suas ressonâncias; usar, na medida do possível, alto-falantes “full-range” e dispensar “sub-woofers” que carregam, quase sempre, além do timbre, problemas no divisor de freqüência, na freqüência de corte com as caixas principais (se houver a opção de usá-lo, deve-se considerar que, quando uma orquestra ou um órgão é gravado com microfones muito espaçados, os graves não são monofônicos e é provável que se necessite de 2 deles, da mesma marca e modelo que as caixas principais);

muito cuidado também deve ser tomado com “sub-woofers” de uma-nota-só; usar “tip-toes”(15) de metal embaixo das caixas, para agregar massa; reestudar a decoração da sala, com utilização, por exemplo, de parede refletora de um lado e revestida de material absorvente de outro; aproveitar a absorção dos sofás, cortinas, estantes com livros de tamanhos variados e com adornos; tapetes, lustres, esculturas e quadros; pesquisar as armadilhas de graves (tube traps), ressoadores, refletores, dispersores etc., já à venda no Brasil.

Enfim, tudo que possa contribuir para melhorar o som que sai dos alto-falantes. O volume depende do gosto do ouvinte, do nível de ruído que possa vir da rua, da acústica da sala, do tipo da música que está sendo reproduzida, do nível em que foi gravado o CD, enfim, muita dedicação e estudo sobre a maneira como a música é reproduzida em nossos equipamentos e por nós ouvida.

Da mesma forma que não necessitamos ser mecânicos para entender da mecânica de funcionamento do automóvel que utilizamos no nosso dia-a-dia, também não precisamos ser técnicos em eletrônica para sabermos bem escolher equipamento de som e usá-lo da maneira mais prazerosa possível, sem abusos.

Ouvir música como Arte, no nível de refinamento muito bem mencionado pelos allegronautas Richard e Analua (msgs. 5 e 19 &#9644; abaixo &#9644; do tópico “Como apreciar a música clássica,” porém com aparelhagem não muito apropriada (de qualidade inferior) e em ambiente comprometedor, bem . . . Parafraseando frase contida em site de allegronauta cujo nome não me lembro, seria o caso de perguntarmos: “...estaríamos ouvindo música ou passando pela periferia da música?”

Sendo isso mais ou menos o meu “cada um”, estou receptivo a correções, sugestões e esclarecimentos, no que me for possível ajudar.

(14) http://www.yamaha.com/yec/products/receivers/RXV_series.htm

http://www.yamaha.com/yec/products/receivers/RXZ_series.htm

(15) http://www.audioclassics.com/detail.php3?detail=TIP-TOES&nav=cat

http://www.htforum.com/vb/showthread.php?t=9526

http://www.htforum.com/vb/showthread.php?s=fa00193aa59f461d34f66d4e21ecd83e&t=8400

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¹ - Mensagem 1 – Ricardovsky = 15.2.05

Caros colegas,

“... O que cada um aqui faz para que o som saia do aparelho do modo mais aprazível? Qual é o volume ideal para se ouvir a música? Todos os gêneros da música erudita devem ser ouvidos no mesmo volume? Como os botões de grave e agudo devem ficar? Uma vez, ouvi dizer que um sujeito aficionado por música erudita colocava pedras de mármore sobre as caixas de som para evitar que elas vibrassem e distorcessem, assim, a música. O que acham disso?

De minha parte, confesso um ex-vício: por muito tempo, coloquei o botão de agudo no máximo para que o som sempre soasse bem vibrante. Bem, ouvi dizer que, para a audição de música erudita, deve-se colocar os botões do equalizador sempre do mesmo jeito e não no máximo; sem altos e baixos, a moderação seria o modo ideal. Acham isso exagerado ou é esse mesmo o procedimento correto? Ou tudo isso fica a critério do ouvinte?

Hoje, tenho um aparelho de som que possui um modo "Classic", e, na maioria das vezes, não me preocupo com alterações de som. Contudo, tenho gravações que não soam bem, distorcem, se eu não mexer em algumas coisinhas... E então, já escrevi demais (ou melhor, perguntei demais). O que pensam vocês sobre isso? ...”

² - allegronauta: navegador do Allegro

³ - Allegro: www.allegro.com.br = fórum online do ouvinte de música clássica.

0 Allegro era um fórum de música clássica, do qual participavam amantes da música dos mais variados matizes: profundos conhedores de teoria musical, possuidores de vastíssima discoteca, maestros, concertistas, outros com poucos conhecimentos de equipamentos de som e suas sutilezas etc., e até pretensos audiófilos como eu, há mais de 50 anos ouvinte de música clássica.

Allegronautas, em certos tópicos, manifestavam suas opiniões sem preocupar-se com fundamentações técnicas ou práticas, o que não deixava de ser curioso.

Mensagem 5 – Richard Mühfeld

“... A música clássica, sendo uma Arte, como a Pintura, a Literatura, o Teatro, a Escultura e outras, possui um nível de refinamento muito elevado. São muitos elementos, ao mesmo tempo: instrumentos que estão a tocar (distinguir), os temas, as melodias, a harmonia, as formas musicais, o contraponto, a interpretação etc. Como há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, para apreciar-se uma obra de música clássica, só há uma maneira: no absoluto silêncio, ouvindo, compenetrado, sem desligar-se, em nenhum segundo. Deve-se ouvir VÁRIAS vezes a mesma obra clássica até apreciar e compreender o que se passa realmente, além de estar sempre lendo e estudando sobre Música Clássica. Tudo isto, digo, levando para um lado mais Extremo e Radical.

Porém, como nem sempre é possível tal disponibilidade, é possível ouvir a música com um certo grau de tolerância a ruídos e barulhos, mas deve-se estar muito concentrado, e não fazendo NADA ao mesmo tempo (do contrário, vira “pano de fundo”).

A música clássica não é como um rock ou reggae, que se curte e pode servir de pano de fundo a uma outra coisa. É claro: existem “músicas ligeiras”, existem também músicas fáceis de serem ouvidas, como algumas obras de Vivaldi, a serenata noturna de Mozart. algumas obras de Haydn etc. Existem cds que trazem trechos isolados de músicas, como a Coleção “As 120 mais belas melodias,” da Seleções, ou a Coleção “Gênios da Música,” muitas das quais trazem músicas fáceis de serem ouvidas.

Mas a música clássica, em geral, é muito mais complexa do que isto. Uma sinfonia de Beethoven, Mahler ou de Bruckner beiram a uma hora e algumas chegam a ultrapassar os 60 minutos. Óperas, em geral, também são muito “grandes.” Ora, ouvir tudo em “picadinho” ou um pouco de cada vez “quebra” a seqüência da música. Música Clássica não é igual a livro, nem novela. É preciso estar acompanhando, no tempo, sem restrições.

Posso ter sido um pouco radical, mas creio que este é o único modo de Apreciar e Compreender esta Arte, cujo sentido está muito além de “relaxar” ou de produzir uma impressão superficial, do tipo “Que bonito!”

É preciso ABSORVER. E se assim o fizer, com certeza, não se arrependerá disto.

Procure sempre comprar cds de OBRAS COMPLETAS, e não tudo “picadinho. ...”

Mensagem 19 – analua

“... Como você aprecia ver uma obra de arte? uma pintura que mexe com seus sentidos e percepção? fixando-se nos detalhes; procurando relações entre timbres coloridos e figuras? entendendo uma linguagem sem palavras que o artista passa para você através da cor e das formas? então faça o mesmo com a música clássica.

Ela lhe abrirá outros patamares de percepção quando você passar a ouvi-la sem bulas ou recomendações, mas descobrindo por você o que está por traz de toda aquela massa sonora. Pode parecer piegas, mas a música clássica fala primeiro ao coração, antes de espalhar conceitos ou verbalizações de caráter intelectuais. ...”

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O BOM E VELHO SURROUND

Citando: “... multicanal de qualidade deveria ter somente informações de ambiência e nada de instrumentos tocando nas nossas costas, de lado, por cima etc. ...” Confessa também que não leu todos os posts.

À vista dessas evidências, permita-me recordar e citar trechos de um artigo do Sr. Mirol, que contém apropriadas ponderações a respeito de multicanal (revista CAVI, jul/2004), que postei em algum lugar neste fórum, texto recuperado em Meus Documentos no meu PC:

“... Praticamente 99% da música que ouvimos — de todos os gêneros, desde que destinada a ser ouvida em auditórios — tem sido composta para ser ouvida desde uma platéia com o grupo musical ou a orquestra à nossa frente. Exceções são algumas músicas gravadas em estúdio, como alguns discos dos Beatles ou de Pink Floyd, por exemplo, e outros (músicos eruditos que fazem experimentação sonora) ou, naturalmente, os sons de cinema que têm pouca relação com o tema ‘música’ em auditórios.

Naturalmente isto não será sempre assim: à medida em que os compositores desenvolvam o uso de novas tecnologias e o público se habitue a isso, surgirão composições especificamente dedicadas a sistemas multicanal. Existem — e existirão muito mais no futuro — músicas concebidas com o intuito de serem executadas e ouvidas em sistemas eletrônicos, muitos deles multicanal, como é o caso de criações de compositores do século XX. Tivemos a oportunidade de ouvir, no Seminário de Engenheiros de Áudio da UFMG, um concerto para instrumentos acústicos e sintetizadores eletrônicos que, emboea não estritamente multicanal envolvente, implicava em sonoridades não convencionais, tanto em timbre como em localização espacial.

Digo tudo isso porque o que está em questão é:

- que tipo de informação devemos colocar nos canais adicionais (especialmente os laterais)? Se levarmos em consideração o dito sobre a composição da música, o único que caberia colocar neles é aquilo que, justamente, falta nos sisteras estéreo: ambiência da sala — auditório — onde foi gravada a música.Não digo que não possamos encontrar ambiência nos sistemas de dois canais. Apenas quero ressaltar que ela é severamente distorcida, pois tudo o que ouviríamos como provindo das regiões laterais e posteriores do sistema do auditório estará projetado na frente, como se houvesse sido feita uma dobra no espaço e tudo fosse passado por sobre as nossas cabeças e colocado lá, bem à nossa frente.

É por isso que ouvimos os aplausos da platéia atrás dos músicos. Talvez não sejamos surpreendidos por isso porque estamos acostumados por quatro ou cinco décadas de som estéreo e fazemos a conversão em nossa mente: “sabemos” que os aplausos são, na realidade, da platéia — que não está atrás dos músicos, mas ao nosso redor.

Há, entretanto, um outro ponto que faz com que o multicanal seja encarado por audiófilos com certo receio. O estéreo e as técnicas de gravação com microfonia próxima têm-nos acostumado a perceber um palco sonoro muito mais preciso em termos de foco, recorte, planos sonoros e imagens, do que aquele que encontramos na vida real. Isso, porém, tem colaborado muito para a existência da sensação de realidade com que os bons sistemas nos brindam. Digamos que é um efeito benéfico, apesar de ser uma distorção em termos reais. É, por assim dizer, um efeito eufônico, da mesma maneira que algumas distorções de baixa ordem também o são (quando não há alternativa e é inevitável alguma distorção). De fato, quando alguém não acostumado a equipamentos high-end os ouve, no primeiro que repara é o efeito espacial que chamamos de palco sonoro. Somente as pessoas muito acostumados a ouvir música real é que são imediatamente surpreendidas pela textura, dinâmica e veracidade tímbrica.

Pois bem:

o que acontece quando ouvimos um sistema multicanal bem gravado, isto é, com apenas ambiência nas caixas laterais?

Primeiro, uma certa sensação de estranhamento, algo como “isto não é o meu sistema estéreo, com o seu plano sonoro todo na frente.” É a percepção do diferente.

Em segundo lugar, e o mais importante, a claridade de foco parece, inicialmente, diminuir no palco e dar origem ao que, também de início, é percebido como palco menos preciso, menos focado.

Isso acontece especialmente aos que assistem menos a concertos ao vivo.

Os que, sim, assistem, sabem que a tal precisão do palco sonoro e seus planos e foco não são os que ouvimos na realidade. Durante minha última viagem por Boston e Chicago (BSO/Rafael Friedrich de Burgos e CSO/Daniel Barenboim) prestei, mais uma vez, muita atenção a esse detalhe. Não, não existe tal precisão de foco e planos(o que não impede que, quando ouço estéreo em casa prefira essa precisão porque me ilude um pouco mais).

O que pecebemos no multicanal após um tempo de audição? Um acentuado realismo na reprodução. Não é que diminui o foco. Pelo contrário, as imagens ficam muito mais corpóreas, porque ganham uma profundidade e corporeidade que estão menos claras quando ouvimos estéreo.

A acústica provinda das caixas laterais é que faz com que o evento sonoro da frente contenha somente o que originariamente já estava ali, ou seja, o grupo musical. Dadas as condições adequadas, das quais falaremos em instantes, a experiência musical se faz muito mais real e corpórea, e você deixa de pensar em foco e planos e passa a sentir integridade e coerência do evento sonoro.

Um outro efeito colabora com esta sensação. Quando você ouve estéreo, ouve como se fosse através de uma janela que dá a uma sala contígua. Você ouve, também, ademais da audiência contida no sinal que vem das caixas da frente, a acústica do seu próprio ambiente de escuta, sua sala. Mesmo que use uma disposição de campo próximo para ouvir e diminuir as reflexões da sala, termina por ouvir esta última por não haver mais nada — fora da própria sala — que emita som a partir das laterais ou atrás de você. Já quando coloca caixas látero-posteriores de ambiência, o que está fazendo — se estiver numa sala grande ou ouvindo próximo aos falantes — é diminuir a influência da sua sala e dar plena presença à ambiência provinda destes, ou seja, a da sala original. E esta última, por ser mais coerente com os instrumentos da frente que a sua, é a que provê maior organicidade, coerência e realismo do evento sonoro. ...”

Poderia acrescentar:

Alta fidelidade estereofônica está para a música real ao vivo, o que a pintura está para a escultura, ou seja, plana, chata. Os melhores esforços para a reprodução do som servem apenas para criar uma ilusão de dimensionalidade, para iludir/enganar o ouvido como se estivesse ouvindo dentro de um espaço acústico.

No processo de gravação também se faz o que fazem os melhores pintores, digamos da Vinci, iludem/enganam o olho, como se estivesse vendo uma cena com realística perspectiva. Nas gravações se controla o volume, colocação dos planos direito-esquerdo, alinhamento de fase e resposta de freqüência da mesma forma que os artistas usam claro e escuro, cores, texturas e cuidadosanente fazem ângulos para criar profundidade. Mas plano é plano. O que nós estamos perdendo é a inacreditavelmente rica quantidade de som reverberado que experimentamos numa audição de música ao vivo.

OBS. Todos os grifos são meus.

APÊNDICE

Amigos, antigo colega de São Paulo me disse haver adquirido um receiver Yamaha DSP-Z9, que leu a mensagem que postei a respeito de surround sound, mas que não conseguiu compreender nem o que significa/funciona esse sistema, nem a maneira como a Yamaha teria conseguido fazer a simulação acústica dos ambientes de DSP mencionados no manual.

Esse amigo possuía um saudoso receiver Marantz 2235

e ciente de que usei, durante muitos anos, o processador DSP-1, da Yamaha desde os tempos em que foi lançado aqui no Brasil (1987), pediu-me que tentasse explicar, usando linguagem que tivesse — segundo suas próprias palavras —, os pés fincados na terra, a real utilidade e funcionamento desse recurso. Levando em conta a antiga amizade e a idade avançada do amigo (90 anos), mandei-lhe a seguinte resposta:

“... O QUE É O “SURROUND SOUND” DA YAMAHA

Vou tentar abordar, com detalhes, o que significa o “surround sound” produzido pelo processador DSP da Yamaha, sons que jamais se conseguirá através do que se chama multi-canal ou qualquer sistema estéreo, independentemente do preço. Nada a ver com home-theatre ou discos que já contenham gravada a ambiência, reproduzidos em equipamentos que possam ler os canais independentemente, com a utilização de amplificação também separada (5.1, 6.1, ... 10.2).

Esse recurso é para ser utilizado por audiófilos que possuem CDs ou outras fontes de sinal estereofônico.

O desenho abaixo, feito pela própria Yamaha, ilustra o que ela fez para conseguir seu sistema de “surround sound”

http://www.yamaha.co.jp/english/product/av/products/ht/bsr/bsr1.html

e a figura, no lado esquerdo, que parece ser um emissor de traços, significa um instrumentista executando uma música em seu instrumento, no palco, mas que, na verdade, é um gerador de sinais sonoros, acredito que numa enorme gama de freqüências.

A “caixa” retangular, na parte de baixo do centro do desenho, representa o lugar figurativo onde a Yamaha colocou 4 microfones, em forma de “cluster,” palavra por ela empregada.

Pelo desenho pode-se observar o traço azul, que representa o som direto captado pelos microfones, gravado sem nenhum obstáculo, o qual, num tradicional sistema de áudio estereofônico, é reproduzido nas caixas principais. Através de sofisticados recursos eletrônicos, a Yamaha conseguiu gravar esse som direto isoladamente.

Os traços vermelhos indicam as inúmeras paredes e/ou obstáculos que os sons indiretos

tiveram que percorrer até chegar às bocas dos microfones (ou até os ouvidos das pessoas situadas no teatro), gravados em trilhas especiais, não misturados ao som direto já gravado.

Por que já gravado?

Porque o som direto é gravado na trilha master com diferença de fase (no tempo), de alguns milissegundos antes que os sons indiretos sejam gravados nas outras trilhas independentes. Com o ouvido humano acontece a mesma coisa. Os sons indiretos, que são a ambiência/acústica da sala, chegam aos nossos ouvidos depois que os sons diretos e se fundem em nosso cérebro como se fossem uma só coisa (efeito Haas/Madsen). Isso se chama ambiência e que enriquece sobremaneira aquilo que se ouve.

Às vezes dizemos que determinada sala de concerto tem uma acústica ótima. Isso significa que reflexões de todos os tipos, durações, freqüências etc. foram bem estudadas para que se pudesse fazer salas de determinados tamanhos e com emprego de determinados materiais para servir de revestimento acústico.

Com a utilização, então, de microfones dispostos em forma de “cluster” a Yamaha visitou dezenas de lugares pelo mundo onde a música era reproduzida, ou seja, várias salas de concerto — na Europa e EUA, cassinos, armazéns, catedrais, estádios etc. — e, com o auxílio de geradores de áudio, gravou a reflexão dos sons indiretos em seu potentíssimo processador DSP.

COMO FUNCIONA:

0s receivers da Yamaha recebem os sinais do CD player, processam, amplificam e os mandam diretamente para as caixas principais. Parte desses sinais recebidos do player são remetidos ao seu circuito interno de “surround,” que os processsam em tempo real e os remetem então a outro amplificador interno, que os amplificam e os direcionam às verdadeiras caixas de som envolvente. O contido abaixo foi o que tentei explicar, mais ou menos, no meu trabalho:

“... Como todos sabemos, os equipamentos com processadores DSP não criam canais adicionais; apenas reproduzem, em caixas a que chamamos “surround”, a reflexão do som direto da música que está sendo tocada, uma vez que possuem circuitos de reverberação que simulam a acústica de salas de concerto de várias cidades do mundo e de outros ambientes, em programas/funções de processamento virtual gravados no processador DSP, variável de acordo com o gosto do ouvinte e que deve ser usado com parcimônia.

Fica, assim, a cargo do ouvinte, compatibilizar o gênero musical da peça que for escolhida para audição com o programa (surround) contido no processador (Hall 1, Hall 2 etc.) e ajustar, criteriosamente, o seu controle de volume. Apesar de aos sons ouvidos ser adicionada a acústica da sala, os fabricantes dos equipamentos quase sempre fazem indicação segura do local de colocação das caixas “surround.”

Na realidade, em um ambiente de concerto, os sons diretos quando refletidos nas paredes, jamais são ouvidos distintamente, com identificação das fontes, mas apenas sentidos, pois nesse fenômeno psicoacústico reside a sensação de “surround”, envolvimento ou imersão.

Os sistemas retardadores de tempo também tentam criar uma ilusão parecida com a que se obtém em um ambiente de concerto (natural que se dê os devidos descontos). ...’

Ofereci-lhe, também, cópia dos artigos publicados em:

Stereo Review, Sep/1986

High Fidelity Buying Guide, 1987

Best of Audio/1988

Digital Audio, Jan/1988

Stereo Review, Aug/1988

Best of Audio/IV, onde o sistema DSP da Yamaha foi discutido exaustivamente. ...”

VALPA
Enviado por VALPA em 27/10/2017
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