Quem foi Jesus?

Se perguntarmos a um cristão comum quem é Jesus, vamos ouvir como resposta que ele é Deus. Um cristão menos ortodoxo poderá dizer que ele é o filho de Deus, mas não é Deus. Se fizermos a mesma pergunta para um judeu ou muçulmano, teremos outras respostas. O judeu poderá dizer que ele foi um falso messias. O muçulmano, que ele foi um enviado de Deus, mas não era filho de Deus, muito menos Deus. Todos eles baseiam suas respostas na tradição, e no que leram em seus livros “sagrados”.

Quem tem razão?

A ciência vem tentando descobrir nos últimos séculos quem foi o rabi da Galileia. No entanto, tudo que sabemos sobre Jesus se encontra na Bíblia e nos evangelhos apócrifos (não válidos para a Igreja). Além dessas fontes, as pistas são quase inexistentes. Flávio Josefo, historiador judeu sempre citado pela Igreja para comprovar que Jesus existiu, escreveu milhares de páginas sobre o mundo de sua época, mas apenas um parágrafo sobre Jesus, e mesmo assim, dizem os especialistas, foi modificado pela Igreja para colaborar com aquilo que pregava.

Os céticos questionam: se Jesus é Deus, por que deixou provas de si tão frágeis? Por que eventos espetaculares como a visita do anjo à Maria, a legião de anjos anunciando o nascimento do menino-deus a um grupo de pastores assombrados, a multiplicação de pães e peixes, o andar sobre as águas, a ressurreição e subida aos céus diante dos discípulos só foram registrados pelos seus seguidores? Em Mateus lemos: “E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas. Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram. Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas.”

Será que esses eventos extraordinários eram tão comuns, que os escritores da época não viram necessidade de contar em seus livros? Ou eles não ficaram sabendo? Para muitos estudiosos, Jesus é um personagem mitológico, como Zeus, Baal, Odin e tantas outras divindades criadas pela imaginação humana. O livro de La Sagesse, disponível grátis na internet, sustenta a teoria de que Jesus não existiu de verdade, e que a Igreja construiu esse personagem plagiando as narrativas de deuses redentores de culturas pré-cristãs.

Quase nada é original nos evangelhos. Hórus, Krishna, Zoroastro, Tamuz e Perseu nasceram de virgens fecundadas por um deus. Krishna realizava milagres maiores do que Jesus. Dionísio transformava água em vinho. Esculápio ressuscitava mortos. Krishna, Osíris, Mitra, Tamuz e Dionísio eram deuses ressurretos. Osíris, Yama, Auramazda julgavam as almas.

A maioria dos historiadores modernos afirma que existe um Jesus histórico, mas sua biografia não é bem aquilo que os evangelhos nos contam. Para especialistas céticos, as narrativas fabulosas foram inventadas pelos seus seguidores, com o propósito de convencer judeus e pagãos a se converter à religião do Mestre recém-falecido. Os discípulos sabiam que se o rabi não ganhasse status de um ser divino, recheando sua vida com milagres mirabolantes, teriam poucas chances de conseguir a atenção do público, e seria bem mais difícil expandir a doutrina de seu líder. Afinal, como convenceriam os pagãos, se Jesus não tivesse atributos parecidos com os deuses em que acreditavam? No início do cristianismo, havia cristãos que viam Jesus como um enviado de Deus, mas não Deus. Estes eram convidados a aceitar Jesus como Deus, caso contrário, eram esfolados ou queimados vivos em praça pública.

Seja qual for sua posição sobre Jesus, o fato é que seu nome e suas obras (reais ou inventadas) influenciam até hoje bilhões de pessoas, e as falas atribuídas ao rabi consolam, animam e dão esperança a todos que creem nele.