O homem divino

No princípio o homem era divino. Guardava semelhança com seu Criador. Era um ser perfeito, puro, “muito bom”, conhecedor apenas do bem. Convivia harmonicamente com Deus no Éden, o Paraíso terrestre, onde desfrutava as delícias da imortalidade. Cf. Sl 82:6; Jo 10:32-36; Gn 1:26, 31; 2:8, 15-17; 3:8a, 22

Então o homem conheceu o mal. Atendeu a sua voz. Rompeu-se a comunhão com Deus. O homem divino humanizou-se. Foi expulso do jardim de delícias para viver numa terra de cardos, abrolhos, suor e fadigas. Tornou-se o senhor da imperfeição. Gerou filhos à sua semelhança, cada vez mais imperfeitos e mais distantes da perfeição divina. Popularizou-se o jargão de que “errar é humano”. Cf. Gn 3:1-6, 17; 19, 22-23, 5:3.

Sem a liderança divina os homens se perderam em seus próprios raciocínios e pensamentos. Seus líderes os fizeram errar cada vez mais. Tornaram-se filhos da ira, filhos do diabo. Anularam-se. Cada um passou a seguir o que bem quis. Cf. Jr 2:5; 50:6; Cl 2:4; Rm 1:21; Ef 2:3; Jo 8:44; At 13:10;

A Terra, amaldiçoada por Deus, tornou-se o reino de Satanás. Um lugar de aperfeiçoamento para a prática do erro. Uma escola do mal, onde predominam a ignorância, o falso, a mentira e toda sorte de engano. Cf. Gn 3:17; Jó 1:7; Jo 12:31; 14:30; 16:11; Ef 6:12; 1 Tm 4:1; 2Pe 3:17; Jd 10-16.

Essa era a triste realidade em que o homem se encontrava no início do século I da nossa história, em conseqüência de sua humanização. Além de perdido, estava com a mente completamente cauterizada, o que o tornava incapaz de reconhecer a verdade por si só. Cf. Rm 3:11-12; 1 Tm 4:2; 2 Tm 3:8; Tt 1:5.

É de destacar, todavia, que, sobre tal estado de coisas ainda prevalecia o amor de Deus pela sua criação. Louvado seja o Senhor porque foi esse o sentimento que O fez idealizar e executar um plano para resgatar o homem dos domínios de Satanás e convertê-lo novamente aos padrões do homem divino. Não havendo na Terra alguém que pudesse ser utilizado como instrumento para restabelecer a ordem da divindade, consubstanciada na verdade e no conhecimento autêntico, fazia-se necessário uma intervenção direta do Criador. E foi assim que aconteceu. Encarnado em Jesus, Deus veio ao mundo em pessoa para consolidar o seu plano para a salvação de sua criação. Cf. Is 53:6; Jo 1:14; 3:16; Rm 5:8; Gl 4:4-5.

A reação humana de rejeição à presença de Jesus na Terra, embora veemente criticada, era de se esperar. O homem perdera o seu contato com Deus. Não conhecia as Escrituras, nem o poder de Deus. Embora a divindade estivesse presente em sua essência criadora, o estado de espírito do homem prejudicava a sua capacidade de percepção. Cf. Mt 22:29; Jo 1:11; At 3:15; 7:52; Ef 4:17-18; 1 Ts 2:14-15; Is 59:2.

No entanto, toda essa situação foi pesada e levada em consideração pelo Criador. Jesus não veio apenas em palavras, mas também em obras, a fim de facilitar o seu reconhecimento pelos homens. Cf. At 3:17; 17:30; Lc 7:20-22 10:23-24; Jo 7:46; 10:37-38; 20:24-29.

Muitos ouviram, muitos foram chamados para segui-Lo. No entanto, comparativamente, poucos creram e poucos o seguiram. Todavia, aqueles que o fizeram, estavam devidamente convencidos de que não havia outro Caminho por onde seguir. A sua fé de que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, era inabalável. Tal era a força do seu sentimento, que por ele muitos morreram, defendendo-o. A Igreja de Jesus se formou e com grande força e poder passou a atuar na Terra, continuando a obra desencadeada por Ele para a remição da humanidade. Cf. Mt 4:19; 11:28; 20:16; 22:1-14; Lc 14:25-27; Jo 6:61-69; 14:4-6; 20:30-31; At 17:1-3; 1 Jo 2:22; 5:1; At 7:54-59; Hb 13:7.

Hoje são passados mais de dois mil anos da data em que ocorreram os eventos que culminaram com o surgimento da Igreja. Já somos hoje milhares de milhares. Pelas estatísticas, os cristãos somam mais de um terço da população do mundo, mais de dois bilhões de pessoas. A cada dia que passa cresce o conhecimento a respeito das coisas sagradas. Os homens estão redescobrindo a beleza da criação e estão abandonando aquelas práticas que a deformaram e a mutilaram. Estamos vivendo o processo de divinização e aperfeiçoamento do homem. Já não está longe o dia em que a conversão plena se dará. E então voltaremos a ser semelhantes a Ele, homens divinos, filhos de Deus, como Adão era no princípio. Cf 1 Jo 3:2; 1 Co 13:12; 2 Co 3:18; Jo 1:12.

No entanto, apesar de todo esse crescimento, ainda existem os outros dois terços da população do planeta que caminham às cegas, sem Deus e sem entendimento. É por causa desses quatro bilhões de pessoas que nós ainda estamos aqui. Da mesma maneira que fomos amados por Deus e devidamente resgatados quando ainda éramos pecadores, também devemos amá-los e nos esforçarmos ao máximo para resgatá-los deste mundo de perdição. Deus não quer que nenhum deles pereça e nos têm incumbidos da tarefa de esclarecer-lhes que existe possibilidade de salvação para todo aquele que crê que Jesus é o Cristo e recebê-Lo como Senhor de sua vida. Cf. Rm 12:2. 2 Pe 3:9; Jo 1:11-12; At 4:12.

Ser um homem divino não significa que seremos “semelhantes ao Altíssimo”, como pensou Lúcifer, mas sim que nos submetemos com humildade e alegria aos parâmetros que ele estabeleceu para nós enquanto homens. Que Deus nos abençoe e nos ajude nesse propósito de vida.

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IZAIAS RESPLANDES DE SOUSA é professor de Matemática, Pedagogo, acadêmico de Direito (9º. Semestre) da UNIC - Primavera do Leste (MT) e membro da Igreja Neotestamentária de Poxoréu, MT. Blog: www.respland.blogspot.com. Fundador e membro da UPE – União Poxorense de Escritores, Poxoréu, MT.