O objeto da conquista humana

O mundo maravilhoso de Deus é material. Diz o texto sagrado que Deus o criou e nele colocou o homem com a incumbência de conquistá-lo e dominá-lo. Sim, porque somente se pode dominar sobre aquilo que se conquistar. Logo, a ordem do domínio traz o pressuposto da conquista. Todavia, a par das diversas leituras que podem ser verificadas, é de ver que existe certa dificuldade por parte do homem para estabelecer a configuração do seu objeto de conquista.

Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia (Gn 1:31). Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1:27-28).

Nesse sentido, é de destacar que o território a ser conquistado pelo homem está contido no reino de Deus, mas não é todo esse reino. Acima dos domínios inferiores, tanto os do homem, quanto os do mal, existe um único Rei, o Senhor Jesus.

Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele (1 Co 8:6). Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef 4:5).

A área de conquista, tampouco é o reino de Satanás. Por outro lado, também faz parte dele. Todavia, é menor. Satanás também tem um domínio espiritual e esse não deve ser objeto da pretensão humana.

Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Ef 6:12).

Portanto, pode-se dizer que o alvo da conquista do homem não é nem o reino de Jesus, nem o reino de Satanás. Não é o primeiro, porque tanto Jesus quanto seu reino são eternos. Jesus é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores. Seu reinado está acima de tudo. Não pode ser conquistado por ninguém. Deus não mandou que o homem fosse um usurpador do reino de Jesus, mas um conquistador do seu mundo maravilhoso. Os reinos dos homens são como sub-reinos do Reino Eterno, os quais podem ser conquistados, submetendo-se ao domínio imperial de Jesus. Por outro lado, o alvo não é o reino de Satanás, no sentido de se desejar o que ele conquistou, principalmente porque ele tem feito de tudo para deturpar os bons propósitos do Criador. No reino de Satanás, aquilo que Deus fez bom tem sido usado para o mal. Não é esse o propósito que o homem deve buscar. Nesse sentido, a conquista não é o reino de Satanás Por outro lado, embora antevendo a impossibilidade de sucesso de nossa parte, não há dúvida de que esse mundo que jaz no maligno também deve ser conquistado. Essa meta, provavelmente somente será alcançada por Jesus, quando ele estiver reinando neste mundo. Então o universo será transformado em um lugar segundo o padrão estabelecido pelo Criador, onde cada coisa criada, de acordo com sua essência, seja utilizada segundo as emanações do Reino Eterno. Além do mais, para se chegar ao verdadeiro é preciso desmistificar, desmascarar e escancarar, enfim, o mundo do mal, revelando suas mentiras e falsidades. Ao se vencer o mundo das aparências de Satanás, estar-se-á penetrando no mundo das essências e sabedorias de Deus.

Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! (1 Tm 1:17). Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 1:11). O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão (Dn 7:27). Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele (Ap 17:14). Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (Ap 19:16). Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura (Rm 14:14).

Pr outro lado, o mundo da conquista não deve ser confundido com o reino espiritual. Esse também deve ser conquistado, mas não é essa a alusão que ora se faz. Quando Deus criou o mundo e disse ao homem que o dominasse, certamente ele não estava falando de um mundo espiritual, mas do mundo físico que acabara de ser criado e que estava repleto de novidades maravilhosas que deveriam ser descobertas pelo homem ao longo do seu tempo de vida. Essa era a vontade de Deus. Ao invés de dar tudo de mão beijada, Ele dava ao homem a possibilidade de descobrir o que estava por detrás da criação. Ao invés de simplesmente dar o peixe, ensinava o homem a pescar. Um simples peixe, logo se comeria e logo se acabaria. A sabedoria do pescar poderia sempre proporcionar abundância de peixe na mesa do pescador. É por isso que Deus deu ênfase ao processo de descoberta e de domínio do conhecimento, porque isso proporcionaria ao homem uma constante melhoria na qualidade de sua vida. Esse era e é o objeto da conquista. É esse o maravilhoso mundo de Deus ao qual se está referindo aqui. É essa conquista que vem fazendo muitos homens descobrirem que “a Bíblia tinha razão” e que as coisas eram tais quais foram ali mencionadas.

As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei (Dt 29:29).

É de destacar que o reino espiritual é muito amplo. É evidente que absorve todos os demais reinos, mas não é apenas um deles. É a soma das partes, mas não é a parte. Essa idéia fica clara quando se recorda as falas de Jesus, tanto ante Pilatos quanto em sua oração sacerdotal. A referência dele é ao reino espiritual e não ao universo físico, mas que nem por isso deixa de ser também espetacular e cuja conquista implicará no domínio das maravilhas que foram deixadas por Deus na sua criação para apropriação por parte do homem.

O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui (Jo 18:36). Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou (Jo 17:14-16).

Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19:1).

Não há dúvidas. O mundo de Deus a ser conquistado está repleto de conhecimentos. A conquista consiste na apropriação desse saber, o qual tanto está no exterior, quanto no interior. Há que se fazer olhares para o macro e também para o micro, para fora e para dentro. Mas sempre além das aparências. É preciso ver com outros olhos aquilo que sempre esteve visível. É preciso penetrar no mundo das essências de cada coisa. Aquele que for capaz de agir assim estará efetivamente conquistando o mundo que Deus deixou como objeto de satisfação das necessidades humanas.

É de concluir, portanto, que o objeto da conquista do homem em relação ao mundo de Deus refere-se, primordialmente ao conhecimento do universo físico. Aquele que tiver o conhecimento terá o poder; e o que tiver o poder dominará.

Que Deus nos abençoe para que sejamos grandes conquistadores do conhecimento.