O príncipe dos poetas poxorenses

Tive o meu primeiro contato com a poesia poxoreana lendo e interpretando o Notável Joaquim Moreira, tanto em verso quanto em prosa. Os incentivos para tanto, em princípio, vieram da minha professora de Português na Escola Pe. César Albisetti, Valdira Moreira, fã de carteirinha da obra moreiresca. Na seqüência, foram bastantes os incentivos da própria obra. Ela falava por si só. Apaixonei-me por ela de tal maneira que, durante vários anos, sequer imaginei que houvesse outras verves poéticas por essa terra e que o Moreira fosse o seu único poeta.

Li-o nas páginas da Revista “O Garimpeiro”, do Jornal “A Voz de Poxoréo”, mas principalmente no “Correio de Poxoréo” – do qual fui Redator –, quando tive a honra de publicar vários dos trabalhos de “meu poeta”. Também foi a partir desse tempo que fui conhecendo a obra produzida por outras inspirações poéticas poxoreanas como Weller Marcos, Genivá Bezerra, Edinaldo Pereira, Luís Carlos Ferreira, Joilson Ribeiro, Gaudêncio Amorim, Kautuzum Coutinho, Zendaide Farias, Josélia Neves, Márcia de Oliveira, Delza Zambonini e tantos outros. Até eu mesmo andei ensaiando meus primeiros passos nessa seara. Li e ouvi produções fantásticas, mas dentre todas, ainda continuei elegendo a obra do Moreira como a de maior lastro e profundidade.

Então lhe dei um título. Já que tínhamos um príncipe dos poetas brasileiros, por que não termos também um príncipe poxorense? E quem seria mais apto para levar os louros do que aquele que durante anos foi o único destaque local na produção literária? Certamente, ninguém seria páreo para o “meu poeta”. Ele era uma unanimidade, ninguém discutia isso. Dessa forma, coroei-o como o “nosso príncipe”, título ao qual ele continua merecendo mais do que nunca, principalmente agora que ele nos brinda com “No meio das pedras há diamantes”, uma seleção de poemas das mais difíceis de fazer, dada a vastidão de versos que o nosso príncipe tem produzido.

Moreira tem o hábito de me chamar de “o número um”, quando se refere à iniciativa para a fundação da UPE – União Poxorense de Escritores, a qual, parafraseando-o, posso dizer que foi um desses diamantes que havia no meio das pedras de Poxoréo. Mas, na verdade, não sou eu, e sim o próprio Moreira, o número um, porque ele foi a pessoa a quem fiz o convite número um para fundar a nossa UPE, “em defesa da arte e da cultura”. Quando pensei em escritores, o primeiro nome que me veio à mente foi o dele, por todas as razões que já mencionei. Assim nasceu a UPE, primeiro do Moreira (um de seus pilares) e depois de todos os poxoreanos e também nossa – dos amigos de Poxoréu.

É de registrar que nenhum outro filho de Poxoréu lutou tanto quanto ele pelos seus valores e tradições: a festa do padroeiro, a festa da cidade, o nome da cidade. A “Semana de Poxoréu” nasceu de sua luta ferrenha e o nome “Poxoréu” foi uma fênix que somente renasceu porque houve sempre uma voz que nunca se calou em defesa da gramática portuguesa e da tradição poxoreana. É certo que outros pegaram carona nessa idéia, mas nenhum teve novos argumentos, além daqueles defendidos pelo Notável Joaquim Moreira. “No meio das pedras há diamantes” é uma obra que nos contará um pouco da trajetória, das idéias e dos sentimentos moreirescos que grassam pela nossa “amada e doce Poxoréu”, que valem a pena ter, ler e incluir em nossa vida.