Dia de eleição

Para nós, evangélicos, o domingo é o dia do Senhor. Após ter sido morto numa sexta-feira, três dias depois, Jesus ressuscita e é visto outra vez entre os seus discípulos (Jo 20:1-20). Renasce a esperança, a fé e a confiança de que tudo o que ele dissera antes e cuja realização ficara em suspenso por causa de sua morte, realmente seja a verdade e que, de fato, venha acontecer como ele prometera (Jo 14:1-6, entre outras passagens). Domingo foi o dia da vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a morte. E por isso, desde então, a Igreja guarda o domingo para as suas principais atividades cristãs. Domingo é dia de Escola Dominical, de celebrar a Ceia do Senhor e de evangelizar o mundo (At 2:42). Domingo, é o dia do Senhor. Aleluia! Mas agora, de acordo com a legislação vigente, o domingo, também, será o dia de eleição, o dia em que o povo brasileiro demonstrará o seu compromisso com a Nação, escolhendo as pessoas mais responsáveis, mais comprometidas e com as melhores propostas para governar o território brasileiro (Ex 18:21-22). E nós, os evangélicos, embora entendamos que devemos nos envolver o mínimo possível nesse processo, também estaremos participando desse ato de civismo coletivo, em cumprimento às determinações da Palavra de Deus (1 Pe 2:13-17; Rm 13:1-5).

Existem várias posições entre os evangélicos a respeito de nossa participação na política. Existem alguns grupos mais radicais que nem sequer comparecem para votar, sujeitando-se ao pagamento da pequena multa imposta aos negligentes. Outros, apenas votam. E outros apóiam o envolvimento total no processo, inclusive com o lançamento de candidaturas aos cargos eletivos. Dentro dessa polissemia e considerando que todos mostrarão uma base escriturística para a sua posição, o que entendemos é que cada fiel deve orientar-se de acordo com o posicionamento coletivo de seu grupo, porque antes de qualquer outra atitude, devemos ser unidos e não divididos (1 C 1:10; Sl 133:1; Ef 4:3).

A escolha dos candidatos para os quais vamos votar é também um ponto de suma importância. Vale a orientação de Jetro, sogro de Moisés (Ex 18:21-22). Devemos escolher “homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza”. O comportamento partidarista deve ser radicalmente evitado (Fp 2:3). Não devemos votar no candidato Fulano de Tal simplesmente porque ele é do Partido Tal. Devemos escolher aqueles que preencham as recomendações divinas. Devemos lembrar que ficaremos sujeitos às determinações dos eleitos. Teremos que obedecer suas leis, decretos, resoluções etc. Nesse sentido, devemos votar em alguém que ordene atos e comportamentos de acordo com a Palavra de Deus, à qual devemos a obediência primeira. Vejamos um exemplo histórico de como deve ser o nosso comportamento em relação à escolha dos governantes.

Quando o povo de Israel pediu um rei a Samuel, ele não se agradou da idéia, mas levou o caso à presença de Deus e foi orientado sobre como deveria proceder. As recomendações estão em 1 Sm 8 e ainda são válidas para os nossos dias. Elas alertam para os direitos que os governantes têm sobre o povo.

Todos os candidatos, depois de eleitos, serão um fardo para o povo carregar. Eles estarão investidos não somente de um mandato terreno, mas também de um mandato divino. Jesus, o Rei dos Reis, deve ser um modelo para a nossa escolha. E Ele disse que o seu fardo é leve (Mt 11:30). A boa escolha, por conseguinte deve recair sobre aqueles que nos submeterão a fardos mais leves e aos quais possamos suportar.

Finalmente, é importante sabermos que a nossa participação no processo eleitoral não se limita apenas à votação em si. Somos orientados a pagar tributos (Rm 13:6) e a acompanhar o trabalho das autoridades e a orar por elas. Dentre os vários motivos para tais atitudes, o apóstolo Paulo diz que devemos orar “em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa” (1 Tm 2:1-2). E o apóstolo Pedro complementa o assunto, dizendo que “assim é a vontade de Deus” (1 Pe 215).

Concluímos, portanto, que, embora evangélicos e submissos à Palavra de Deus, devemos cumprir com os nossos deveres de cidadãos deste País e participarmos, responsavelmente, do processo eleitoral que estará acontecendo no mês de Outubro, no primeiro domingo, dia do Senhor elegendo os nossos novos representantes políticos. Que Deus nos ilumine para que possamos escolher os candidatos que preencham os critérios estabelecidos na Palavra de Deus.

Izaias Resplandes de Sousa é membro da Igreja Evangélica Neo-Testamentária de Poxoréu, MT. E-mail: respland@uol.com.br.