Trânsito cristão

O mundo está cheio de coisas maravilhosas e sedutoras que encantam a vista e inflamam os nossos corações de desejo. Às vezes nós passamos por muitas aflições para nos livrarmos delas, porque muitas não são convenientes para o povo de Deus. Quase sempre estamos pedindo a Ele para não nos deixar cair em tentação, pois conhecemos as nossas fraquezas e nossas limitações (Cf. Jo 16:33; 1 Co 10:23; Mt 6:13; Mt 26:41).

Dirigir um veículo é uma daquelas “frutas proibidas” que parecem “boa para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento”, que mais nos seduzem. Antes mesmo de atingirmos o tempo certo proclamado pelo Pregador para que possamos praticar esse “propósito” de dirigir “debaixo do céu”, já estamos bastante inclinados a não “resistirmos ao maligno” e a seguirmos aos desejos de nosso coração. Às vezes, até nos esquecemos de que não estamos fazendo a vontade de nosso Pai, mas de um outro “pai” que constantemente nos induz à prática do erro (Cf. Gn 3:6; Ec 3:1; 11:9; Tg 4:7; Jo 8:44).

É verdade que existem certas urgências na vida do cristão, como por exemplo, a busca das almas escolhidas por Deus e que ainda estão perdidas neste mundo. Mas nós temos feito de coisas eminentemente “terrenas”, fortes motivos para justificarmos a nossa transgressão da lei e pecarmos (Jo 4:35; Fp 3:19; 1 Jo 3:4).

O Código Brasileiro de Trânsito criou a figura da “direção defensiva” para nos proteger de nós de mesmos e dos demais imprudentes e apressados que circulam pelas ruas e vias de nosso país. Ele diz que os usuários devem “abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas”, além de “abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer obstáculo” (CBT, art. 26, I, II).

Quantas vezes encontramos pedras, galhos de árvore e outras coisas no meio da rodovia, que foram usadas para sinalizar uma emergência e que depois não foram retiradas? Isso é uma infração perigosa que pode gerar outros acidentes mais graves. Também o ato de jogar “cascas de frutas”, papéis de balas e biscoitos na pista, parece não ser nada, mas se a via fosse a nossa sala de aulas da pré-escola, depois de tais práticas, com certeza nós iríamos cantar: “o sugismundo passou por aqui”, não é verdade?! Além disso, para quem não sabia, esse ato constitui infração e pode resultar em multa e pontos na carteira. Essas são de fato pequenas coisas, mas que podem se tornar grandes e danosas. Devem ser evitadas. Antes que o mal cresça, deve ser arrancado pela raiz!

Andar na contra-mão, estacionar em local proibido, dirigir em alta velocidade, transportar crianças no banco da frente, não usar o cinto de segurança... São tantas as coisas erradas que nós, às vezes, praticamos de forma tão natural e que colocam em perigo toda a ordem pré-estabelecida para o trânsito, que o espaço não nos permite abordar. Por isso, o melhor mesmo seria que todo irmão motorista procurasse ler e reler o Código de Trânsito Brasileiro, principalmente no capítulo que diz respeito “às normas de circulação e de conduta”. Não erra apenas aquele que sabe que está errando, mas também aquele que errou porque não sabia que era errado. Ninguém pode alegar ignorância da lei para descumpri-la. E no nosso caso, como filhos de Deus, nós temos um compromisso moral de honrar o nosso Pai com um comportamento que sirva de exemplo para os demais mortais. Não há pressa que justifique a transgressão. Jesus nos lembra em Sua Palavra que nós somos a “luz do mundo” e determina que ela “brilhe diante dos homens, para que vejam as [nossas] boas obras e glorifiquem a [nosso] Pai que está nos céus”. Essa é a missão do exemplo, que devemos dar aos nossos companheiros da estrada, para que tenhamos um trânsito seguro e cristão em nosso país. Leiam a Bíblia e tenham todos uma boa viagem! (cf. Mt 5:14, 16).

Izaias Resplandes de Sousa é motorista, membro da Igreja Neo-Testamentária de Poxoréu, MT.