Um voto diferente

O dia de eleição está chegando. Então iremos às urnas exercer um dos nossos direitos fundamentais, além de, igualmente, estarmos fazendo a nossa parte para que o nosso país continue sendo administrado de forma democrática. E como soe acontecer nesse período, muito se escreve e se diz sobre o assunto. Basta lermos os jornais e revistas ou assistirmos aos noticiários no rádio e na televisão, ou mesmo navegarmos pela internet, para vermos a quantidade de matérias que essa temática suscita. Apesar de tudo isso, o povo continua tendo muitas dúvidas e confusões a serem esclarecidas, o que nos anima a escrever também sobre essa matéria, principalmente porque essa é, sem dúvida alguma, a grande oportunidade que todos estávamos esperando para dar a nossa resposta aos bons e aos maus governantes que elegemos nas eleições anteriores. Nesse sentido, entendo que precisamos de uma reflexão séria nessa área para que possamos ser capazes de identificar e confirmar no poder os bons e, ao mesmo tempo, detectar e expurgar aos maus. O poder não é para quem quer, mas para quem sabe exercê-lo.

Quando reclamamos dos governantes que foram eleitos, costumamos alegar que não votamos neles e, sim, em outros e, por conseguinte, não temos qualquer compromisso com eles. Infelizmente a nossa desculpa pode até satisfazer o nosso ego, mas ela não resolve o problema. Aliás, é difícil encontrar os eleitores dos maus governantes. E, na verdade, isso também não interessa muito. O que realmente importa é que, tendo votado bem ou mal nas últimas eleições, tenhamos aprendido a lição. Existem pessoas que podem até nos ser muito caras, muito importantes no nosso meio social, mas que não estão preparadas para liderar a construção do mundo novo que todos nós almejamos. Então elas não servem para nos liderar e devemos escolher mais até encontrarmos os candidatos que realmente nós aprovamos e sobre os quais não tenhamos nenhuma dúvida de que poderão ser bons governantes. Essa busca não é fácil, é uma verdadeira garimpagem, mas é absolutamente possível. Existem pessoas bem preparadas e vocacionadas para a liderança. Devemos encontrá-las.

Não podemos continuar repetindo os erros do passado. Todavia, se não quebramos as nossas regras de eleição, os nossos modelos e os critérios que temos utilizado para fazer as nossas escolhas e tomarmos as nossas decisões, não haverá mudanças. Embora seja difícil de romper com os paradigmas estabelecidos e pelos quais temos orientado os nossos atos, precisamos flexibilizar e, pelo menos, aceitar participar de uma argumentação sobre o assunto com uma disposição mental interior para descobrir novos rumos, novas possibilidades, novos princípios e novos valores. Caso contrário, estaremos nos condenando a viver em um mundo parado, estático, pronto e acabado; um mundo onde tudo permanece igual e onde não ocorrem mudanças. E creio que nenhum de nós gostaria de viver nesse mundo da mesmice e da rotina, embora ele nos dê mais confiança para resolvermos os nossos problemas, pelo fato de já conhecermos todos os seus meandros e corredores. Com certeza desejamos um mundo mais dinâmico, no qual possamos exercitar a nossa criatividade e a nossa inteligência. E é claro que esse mundo ainda não existe e caberá a nós e aos nossos contemporâneos, sob a batuta das novas lideranças, cuidar da sua construção. Portanto, a hora é agora, quando estaremos renovando os nossos representantes.

Exerçamos o voto. Ele é a nossa oportunidade de participar. Poderemos até errar novamente, mas somente não erra aquele que não tem a coragem de tentar acertar. Tenhamos a coragem de ouvir as propostas dos candidatos, leiamos sobre o que se fala deles, conheçamo-los e façamos a nossa escolha, através de um voto bem consciente e diferente daquele que nos fez errar no passado.