O mínimo necessário

O mínimo necessário corresponde aos requisitos indispensáveis para que algo aconteça. Tudo o que for feito além pode agregar valor àquilo que já foi conquistado. Contrário senso, se o mínimo exigido não for atendido, o objetivo pretendido não será alcançado. Isso vale tanto para a vida material, quanto para a espiritual, principalmente no que diz respeito ao instituto salvação. Eis aí o objeto da presente reflexão.

É costume dizer que a salvação não custa nada. Isso é meia verdade. Dois preços são cobrados pela salvação. O primeiro, diante da impossibilidade de sua quitação pelo próprio homem, foi integralmente regularizado pelo Senhor Jesus. Refere-se ao tributo de sangue para a expiação dos pecados. A Bíblia diz que “a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:4). Como o homem não tem de per si, poder sobre a morte, se morrer ficará morto. Eis, porque, debalde tentará efetuar a sua remissão, o seu próprio resgate (Sl 49:7-8). Para resolver essa questão, a Trindade Divina, “antes da fundação do mundo” (Ef 1:4) planejou o seu resgate.

Para tornar possível a salvação do homem, Deus, na pessoa do Filho, no tempo oportuno viria ao mundo e, Ele próprio pagaria o preço, substituindo o homem e morrendo em seu lugar (Hb 9:26-28). E assim aconteceu.

O Deus Unigênito, o Deus Filho, veio ao mundo na pessoa de Jesus, assumiu a forma humana, fez-se carne e habitou entre nós (Jo 1:14). Nesse mundo ele cresceu e viveu uma vida normal como qualquer um de nós (Lc 2:40, 52). Estudou (Lc 2:46). Trabalhou e cumpriu a sua missão (Mc 6:3; Jo 5:17). No tempo certo, entregou-se nas mãos dos homens e foi crucificado por eles, morrendo pregado em uma cruz (Lc 24:7; Jo 10:17-18; Ap 5:9). A partir dali, abriu-se a possibilidade de salvação para todos os que desejassem ser salvos (Jo 1:12; 12:24). Entenda-se: abriu-se a possibilidade. Jesus não salvou a toda a humanidade com a sua morte. Ele abriu a possibilidade de salvação para todos. Uma coisa é diferente da outra.

É de se destacar que a salvação é conseqüência de dois atos importantes, consecutivos e não excludentes. Os dois são necessários. E em ambos se requer a participação do homem. O primeiro ato está relacionado com o preço de sangue que se requer de cada um de nós por conta de nossos pecados. Foi o que Jesus pagou. Todavia, esse pagamento somente será validado quando nós reconhecermos a nossa dívida de morte e pedirmos que o sacrifício dele seja aceito em nosso favor, para perdão dos nossos pecados pessoais. Tal pedido, feito com sinceridade e de boa fé, será atendido por Deus Pai, mas é necessário que seja feito. Sua inocorrência não preenche o primeiro requisito, qual seja, o do pagamento do preço de sangue. E assim não há possibilidade de salvação.

Ocorre que o derramamento de sangue não é o único preço requerido para a salvação do homem. Essa era a parte do preço global que o homem não tinha condição de pagar e foi por isso que Deus providenciou a quitação. Já a segunda parte, ela é plenamente possível ao homem e, portanto, cumpre-lhe atendê-la. Trata-se de renúncia a si mesmo, aos seus familiares, ao seu patrimônio e à sua vida atual e tudo o mais que for preciso em favor de Jesus (Mt 8:22; 10:34-39). É nesse ponto que muitos homens têm perdido a oportunidade de consolidar a sua salvação (Mt 19:16-22).

O reino dos céus é tomado por esforço (Mt 11:12; Lc 13:23-24). Há muita gente enganada com respeito à salvação, por conta da generalização do seu barateamento. É de destacar que a Bíblia está cheia de condicionantes relacionados à salvação. É preciso conhecê-los e praticá-los. A nossa salvação depende disso. Essa é a parte do homem no que se refere à salvação.

Vejamos alguns:

1) Pescadores de homens. Mt 4:19. Para alcançar a promessa era necessário seguir a Jesus. Tem pessoas pescando por conta própria. E tem muita gente seguindo tais pescadores, mas eles não têm o céu para oferecer. Essa parte somente Jesus tem;

2) O perdão dos pecados. Mt 6:12. Ao ensinar a oração, Jesus deixou claro que o perdão divino está condicionado ao nosso perdão humano aos nossos devedores. Se não somos capazes de perdoar o próximo, também não seremos perdoados.

3) Bênçãos materiais. Mt 6:33. Deus não deixa de mandar suas chuvas, o seu sol e todas as coisas conforme a natureza de cada uma delas sobre todos os homens, independente de serem ou não obedientes á Sua Palavra. Todavia, ele promete bênçãos materiais em caráter excepcional àqueles que buscarem primeiro o reino de Deus.

4) A entrada nos Céus. Mt 7:21. A condição para entrar no reino dos céus não é apenas reconhecer Jesus como Senhor e Salvador, mas fazer a Sua vontade. Seremos discípulos dele se cumprirmos a Sua Palavra. O discípulo segue os ensinamentos do Mestre. Essa é uma lei da vida. Tem gente dizendo que está salvo, mas não cumpre a Palavra de Deus. Então está se enganando.

5) Tomar a cruz de Cristo. Mt 10:38. Esse é um requisito para que sejamos dignos de Jesus.

E a lista vai por aí afora. Na verdade, a conquista da salvação requer um estudo constante da Palavra de Deus. É ela que vai nos mostrar onde nós estamos falhando e onde nós precisamos melhorar (Jo 5:39). Nesse sentido, devemos dar mais importância à salvação. Ninguém se engane pensando que será salvo porque um dia declarou aceitar a Jesus. Para ser salvo é preciso muito mais do que isso, ou seja, é preciso obedecê-lo como Senhor, cumprir sua Palavra. Há muitos desses que sequer cumpre o ordenamento dele com relação ao batismo. Declara aceitá-lo, mas não pede o batismo dele, não se identifica com ele e pensa que está tudo certo e que a salvação foi conquistada. É preciso ter ciência que as coisas não são dessa maneira. Há quem diga que o fazer algo diz respeito apenas ao galardão e não à salvação. Não é isso que diz a Bíblia. Galardão terá aquele que fizer algo depois que estiver salvo. Primeiro a pessoa precisa se salvar. Depois, trabalhará para a obtenção do galardão. Isso não significa que a salvação não requeira esforça, renúncia e muita vontade de ir para o Céu.

Espero que tenha sido entendido e contribuído para esclarecer essas coisas tão importantes para todos nós. Que Deus nos abençoe e nos dê forças para colocar em prática esse mínimo que se faz necessário para que alcancemos a salvação de nossas almas (Jo 13:17).