A Carreira cristã

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé (2 Tm 4:7)

Ser crente não é simplesmente fazer uma declaração de que aceita a Jesus como Senhor e Salvador. A declaração é necessária, mas o ser verdadeiramente crente vai muito além desse entendimento simplório. A vida cristã é processual; é uma sucessão de atos de crescimento e de maturidade espiritual. É considerada como uma carreira, a qual se inicia com o novo nascimento e termina com a morte. Todavia, o mais importante de tudo é o que se desenvolve entre esses dois pólos. É isso que vai caracterizar a conquista ou não da salvação. (Jo 3:3; 2 Co 5:17; 2 Tm 4:7; Mt 10:22; 7:15-23).

Certo jovem queria aprender a fazer versos. Procurou um mestre espanhol para ensiná-lo. Perguntou-lhe como fazer. Então este lhe disse que no início do verso colocasse uma letra maiúscula e no fim do mesmo, um ponto. Quanto ao que por no meio, disse-lhe o mestre: “En el medio hai que poner talento”.

Ao nascermos de novo, recebemos de Deus um dom especial para servir ao próximo, fazendo as boas obras que todos esperam de nós como filhos de Deus. O curso de nossa vida deve estar marcado pela presença do nosso talento em ação. Como foi dito na historieta: “en el medio hai que poner talento”. Jesus espera isso de nós. Na parábola dos talentos ele deixa isso bem claro. Ao servo que nada fez com o talento que recebeu, disse o Senhor: “Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros” (Mt 25:26-27).

A nossa vida deve ser marcada pela ação em prol dos demais. Essa é a missão do crente nesta vida. Nós fomos resgatados pelo Senhor Jesus e deixados aqui para continuar o seu serviço de resgate dos demais. Esse é o nosso “que-fazer” de todos os dias. Não cumpri-lo é fazer-se negligente e arcar com as devidas conseqüências. Em Mt 25:30 se diz: “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes”. Alguém poderia dizer que aqui estamos diante de um caso de perda da salvação. Não penso assim. Pelo contrário, creio que aqui estamos diante de um caso de alguém que não conquistou a salvação, portanto não pode tê-la perdido. O salvo é conhecido por suas obras. A árvore é conhecida pelos seus frutos. E do discípulo, disse Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:35. O discípulo ama o seu próximo e faz por ele. Não é negligente; não é inútil (Mt 5:16; Ef 2:10; 2 Tm 3:17; Mt 25:14-30; Tt 1:15-16; Lc 6:44; 1 Co 13:5b; Hb 6:12).

Há muitas pessoas que começam a corrida e desistem. E o fazem porque não são crentes. Porque nunca foram. E nunca compreenderam o significado de ser crente. Portanto não nasceram de novo e não conquistaram a salvação. O novo nascimento não é para vivermos em prol de nós mesmos, mas sim em benefício dos demais. O egoísmo não deve mais fazer parte de nova vida. E isso se vê nos primeiros momentos depois da conversão, durante o período do chamado primeiro amor (Ap 2:4). O novo crente quer servir, quer ajudar, quer saber de que forma ele pode contribuir para a salvação de outras pessoas. Esse é o sintoma inicial do renascido.

Então devemos agir. Primeiro, cuidando de nós mesmos e da doutrina. A maneira mais fácil de ajudar os outros é vivendo de modo digno; é dando o exemplo de como deve ser o bom viver. Nós gostamos muito de falar. Não é o melhor. O bom mesmo não é falar. É agir. As pessoas não costumam dar ouvidos ao que os outros falam. Mas todos podem ver o que fazemos. Então, se queremos ajudar mesmo, devemos começar por aí, dando o exemplo de como um servo de Deus deve se comportar. Tenhamos certeza de que os olhos do mundo estão postos sobre nós. Podemos ganhar nossos pais, irmãos, filhos e amigos com o nosso bom exemplo de vida. Devemos ser um sal que salga e uma luz que ilumina (Mt 5:13-14; 1 Tm 4:16; Tg 1:19; Mt 23:3; 1 Tm 4:12; Tt 2:7; Rm 12:1-21; 2 Pe 1:10).

Que Deus nos abençoe e nos capacite para realizar a boa obra. Que nada nos impeça de prosseguir firmes nesse caminho até o dia da vitória (Gl 5:7). Tenhamos certeza de que só Jesus é o Caminho para o Pai (Jo 14:6). Segundo nele e por ele, podemos ter certeza receberemos de que haveremos de receber o seu bem-vindo no dia de nosso grande encontro: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34). Que assim seja! Aleluia!