PARA REFLETIR NO DIA DOS NAMORADOS

O conhecido pensador e escritor brasileiro Rubem Alves, em uma de suas reflexões chegou à seguinte conclusão a respeito dos relacionamentos: “São dois tipos: há os relacionamentos do tipo tênis e há os relacionamentos do tipo frescobol. Os do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa”.

Para compreender a comparação e fazer uma boa reflexão, é bom atentar, segundo ele, que: “O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a noção exata do pronto fraco do seu adversário, e justamente para aí é que ele vai dirigir a sua ‘cortada’, palavra muito sugestiva, que indica seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza do outro”.

Partindo deste enunciado pode-se afirmar que nos relacionamentos do tipo tênis a competição prevalece acima de qualquer entendimento. Mesmo que seja de maneira inconsciente, um torna-se o “perseguidor” do outro, seja criticando, colocando defeitos, desqualificando. A base afetiva deste tipo de relacionamento é negativa. Em relação à auto-estima pode-se afirmar que a de ambos é também negativa, pois, numa relação onde haja os papéis do sujeito ativo e do submisso é inevitável configurar-se numa relação um tanto neurótica com uma grande dose de desequilíbrio. Vale lembrar, ainda, que essa abordagem contempla todos os tipos de relacionamentos, inclusive aqueles que denominamos como sendo “falsas amizades”.

Sobre o frescobol, diz Rubem Alves: “este se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola, só que para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro no frescobol é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro sente-se culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos. A bola são nossas fantasias, irrealidades, sonhos, sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...”.

Entre este dois tipos de relacionamento, aqueles que têm plena consciência de que podem obter o melhor para suas vidas e que, por isso mesmo, possuem uma elevada autoestima, com certeza farão sua escolha por relacionamentos do tipo frescobol. Por outro lado, os que agem de maneira impulsiva ou inconsciente, por possuírem uma baixa autoestima têm maiores possibilidades de optar por relacionamentos negativamente competitivos do tipo tênis.

No mais, lembre-se: onde você estiver sempre estará se relacionando com alguém: no amor, na família, no trabalho, na vida social ou comunitária, etc. Portanto, independentemente do tipo de relação que você estiver a vivenciar sempre haverá algo a aprimorar. Numa relação amorosa, por exemplo, é bom estar atento ao modo como contribui para nutri-la positivamente, pois, para que ela proporcione bem estar é necessário, principalmente, que haja muita afetividade, autenticidade, boa comunicação, companheirismo, benevolência e respeito mútuo. Nessa relação onde o compartilhamento é preponderante, ninguém ganha para que os dois ganhem sempre.

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