História do transporte em Salvador

Nos séculos XVII e XVIII, os habitantes da Cidade do Salvador, especialmente a classe média, utilizavam as cadeiras de arruar e os palanquins, também chamados de serpentina, sendo o fundamental meio de transporte as cadeiras de arruar que era utilizada dentro e no exterior dos contornos urbanos. “A cadeirinha foi introduzida em Salvador em 1729”. (FERRAZ apud SAMPAIO, 1963).

“Foi com os pés no chão que a maior parte da população baiana, constituída de negros, livres ou não, se movimentou durante três séculos, através de ruas estreitas, tortuosas e mal cheirosas” . Com o desenvolvimento da cidade, os meios de transportes, como os citados acima, passaram a ficar desusados, dando espaço as gôndolas e a Borracha do Rocha.

Segundo Raymundo dos Santos Ribeiro , em “Transporte urbano em Salvador: História e Projetos Recentes”

A trajetória do transporte coletivo em Salvador, teve o seu início em 1836, com a inauguração do navio a vapor que fazia o percurso entre a Rampa do Mercado e a Boa Viagem (porto do Bonfim), com parada em Água de Meninos, devido ao grande fluxo de usuários aí existente, em decorrência da aglomeração de negros alforriados formando o primeiro núcleo habitacional espontâneo, que mais tarde deu origem ao bairro da Liberdade. RIBEIRO, 1994).

Segundo Waldemar Corrêa Stiel (1984, p.382), a lei nº 223, de 3 de maio de 1845 concedeu privilégio por dez anos a quem quisesse estabelecer uma companhia de ônibus ou gôndolas como eram então conhecidos esses veículos. Foi efetuada a concessão somente seis anos depois e o serviço começou em duas linhas: uma da cidade alta até a Barra e outra das Pedreiras até o Bonfim. Era seu concessionário Rafael Ariani, um austríaco, leiloeiro e muito empreendedor.

Esse mesmo autor informa que por lei nº 914 de março de 1864, é aprovada a concessão dos serviços de carga e passageiros entre a cidade alta e baixa. Essa concessão é, em seguida, transferida ao negociante Antônio Francisco de Lacerda que resolve instalar também um elevador entre as partes da cidade.

Ao longo do processo de crescimento da população, a distinção de classes sociais havia empurrado as classes mais abastadas para além dos limites urbanos habituais. Os novos tempos deixaram para trás a cidade de pedestres. O alargamento do espaço urbano foi tornando cada vez mais difícil os deslocamentos de um ponto a outro na cidade. As distâncias haviam aumentado, a locomoção das pessoas não mais podia ser só a pé. (SAMPAIO, 2005, p.20).

O desenvolvimento em Salvador estava proporcionando aos seus habitantes um novo meio de locomoção, dessa vez, surgiu o bonde e, para isso, um novo contrato foi feito com as empresas de trilhos.

Novo contrato é efetuado em 16 de junho de 1869 com o município, para a instalação de linhas de bondes servindo aos moradores das localidades compreendidas entre Barroquinha e o Engenho Velho da Conceição, se dirigindo ao Retiro e Soledade e Rio Vermelho. No mesmo contrato a companhia reservou-se o direito de construir ramais para diferentes pontos da cidade. Em 30 de novembro de 1870 são inaugurados os tarbalhos de construção de suas linhas em ritmo acelerado, o que possibilitou a solene abertura dos serviços a 1º de serviço de junho de 1871, com o tráfego desde a Barroquinha até às Sete Portas. ( STIEL, 1984, p.383).

A evolução nos meios de transportes foi acontecendo de maneira acelerada e, ao mesmo tempo, a estrutura da cidade começou a sofrer alterações. Estradas de ferro foram criadas, ruas foram construídas e a paisagem da capital baiana mostrou-se peculiar nesse período.

Referências

FERRAZ, José Carlos de Figueredo. Urbs Nostra. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Pini, 1991.

RIBEIRO, Raymundo dos Santos. Transporte Urbano em Salvador: História e Projetos Recentes. Escola de Administração da Ufba, 1994.

SAMPAIO, Consuelo Novais. 50 Anos de Urbanização: Salvador da Bahia do século XIX. Rio de Janeiro. Versal, 2005, p.97.

STIL, Waldemar Corrêa. História do transporte urbano no Brasil: História dos bondes e tróleus e das cidades onde eles trafegaram: "Summa Tranviariae Brasililiensis". Pini. São Paulo, 1984, p. 381-402.

Juli Arize
Enviado por Juli Arize em 10/12/2009
Reeditado em 11/12/2018
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