Nobel de Literatura, Poesia e um Bebê

Dos 106 ganhadores do Nobel de Literatura, de 1901 a 2009, contei 40 nomes relacionados à Poesia. Nenhum brasileiro ou brasileira. Schade! – “que pena” (em Alemão). Único autor em Português: Saramago - salvou a Língua! Há esperança, inda resta, tanto para a Poesia quanto para a Pátria. Não, nem penso em concorrer, pode ir desistindo da crítica – he he he.

Mas... Por que nenhum brasileiro, “umzinho” sequer? Idealismo e talento não falta a tantos – e tantas – no Brasil também. Jogo de cartas marcadas, alguns poderiam dizer. Sei não. Pode ser. Talvez o problema esteja na falta de escolaridade da maioria da população, ou “nas mentalidades”. Digo isto, simplesmente, pela observação dos primeiros lugares em certos rankings, geralmente ocupados por fofocas, intriguinhas, banalidades.

Quando a maioria de uma população atinge altos níveis de escolaridade, vê-se que a coisa muda. E por quê? Parece não haver melhores niveladores de desigualdades do que escolaridade, conhecimento, boa formação. Lembro do meu amigo cientista, o inglês, que, aliás, há muito tempo não vem me visitar (Volta, amigo, volta, estou com saudades...). Ele também veio das classes mais baixas, sem acesso à educação elitista da época em que viveu. Ops!, se falo com mortos?! Não, não se assuste, puro modo de dizer, sim? Ele, o meu amigo cientista, venceu na vida. Pura sorte? Sobretudo, diria, aproveitando (muito bem!) as oportunidades que a vida lhe deu, ou mesmo criando novas, onde diziam não haver nada. E se hoje em dia usamos Internet para publicar idéias, devemos ao trabalho dele no campo do Eletromagnetismo.

Quando se tem bom trabalho pra mostrar, e competência, pouco importa de onde se vem, penso eu. Um pouco de sorte pode ser também requisito, dou o braço a torcer... Como diz mesmo aquela conhecida citação atribuída a Sêneca, se não me engano? Ah, lembrei!: “sorte é o lugar em que preparo encontra oportunidade.”

Fazer arte no Brasil parece ser coisa de heróis, coisa secundária, e que pouca gente valoriza. Quando fazem, todavia, mostram que em nada ficam a dever. Em cinema, por exemplo, Fernando Meireles, Walter Salles e tantos outros aí para comprovar, marcando presença no rol dos grandes diretores contemporâneos. Não sei quase nada sobre as biografias de Walter e Fernando, mas o pouco de seus trabalhos que conheço falam por si sós: “Central do Brasil” e Diários de Motocicleta”, “O Jardineiro Fiel”, “Cidade de Deus” e “Ensaio sobre a Cegueira” (salve Saramago!). Assista e tire suas próprias conclusões; veja se não tenho razão.

Autores desconhecidos, maiores dificuldades. Por isso mesmo, fiquei muito feliz ao saber do lançamento do livro “A Vida do Bebê 2a. Parte – De 40 Pra Frente”, do colega José Cláudio. Um ensaio curto, reunindo situações sério-engraçadas pelas quais passam (ou passarão) atuais e novos bebês. E eu tenho um exemplar autografado, com dedicatória e tudo mais - Que honra! Puxação de saco? Não, reconhecimento de trabalho.

Não digo que, como Saramago, José Cláudio deva receber um Nobel por este livro, no entanto, pela coragem de lutar contra uma maré de pessimismo e correr atrás do próprio sonho – não sei porque tantos se incomodam com quem faz isto - , tanto “o Zé” Cláudio, quanto “o Zé” Saramago têm o meu apreço de leitora e merecem que recomende seus escritos.

No caso do José Cláudio, muitos de seus melhores textos (dos que li até agora) estão aqui mesmo no Recanto. Confira e veja se não tenho razão.

Boa leitura, um abraço fraterno :-)