SANTARÉM CIDADE DA LIBERDADE!

Estamos em 1147 e na madrugada de um domingo, um grupo de guerreiros comandados pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques aproximam-se a coberto da escuridão dos altos muros da cidade adormecida, que há quatro séculos está sob o jugo dos muçulmanos, e capitaneados pelo decidido capitão Mem Ramires que é o primeiro a subir á muralha para arrancar a cidade das mãos dos opressores, escrevem uma das páginas mais brilhantes e decisivas na história da cidade, ao devolvê-la aos cristãos, que a partir daí não mais deixarão que ela volte para mãos estrangeiras.

Estamos agora em pleno período negro em meados do século XVII, com o país em poder dos espanhóis, devido ao desaparecimento sem deixar herdeiros, de El-Rei D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, quando o nobre fidalgo D. Manuel de Sousa Coutinho, mais tarde conhecido como Frei Luís de Sousa, intimado pelos governadores estrangeiros a entregar o palácio de sua família para servir-lhes de residência, num acção heróica, prefere incendiá-lo do que vê-lo nas mãos dos odiados usurpadores.

Passados mais dois séculos e uma grande guerra assola o país de norte a sul, irmãos contra irmãos, filhos contra pais, uma luta ideológica entre as novas e as conservadoras ideias de dois pretendentes ao reino, D. Pedro como defensor do liberalismo e D. Miguel como defensor do absolutismo, quando emerge entre todas as lutas, um extraordinário e fabuloso militar, um digno sucessor dos guerreiros de antanho, um defensor intrépido da liberdade, Bernardo de Sá Nogueira, que ficaria conhecido como marquês de Sá da Bandeira, que entre tantas acções heróicas que o notabilizaram, uma das mais importantes foi sem dúvida a abolição da escravatura, que decretou como ministro que foi, quando em consequência das vitórias conseguidas, ocupou vários cargos no governo da Nação.

De novo saltamos no tempo e estamos agora em pleno século vinte, o país debate-se com uma ditadura fascista e uma guerra interminável em África que ceifa a fina flor da juventude do país, quando em Santarém, um jovem capitão chamado Salgueiro Maia, numa heróica madrugada se põe a caminho de Lisboa á frente das suas colunas, usando como balas, cravos nas coronhas das armas, e como senhas para a liberdade, canções, para tomar a capital e expulsar o governo fascista, restituindo mais uma vez a liberdade ao povo, e fazendo jus ao teu título minha cidade de SANTARÉM CIDADE DA LIBERDADE!

Arlete Piedade

24/10/2006