A mensagem educativa de Asa Branca

Nós temos acompanhado a evolução do pensamento humano e em nossa visão nunca o homem teve tanto acesso à informação como tem em nossos dias. Paradoxalmente, se fizermos uma análise proporcional, certamente veremos que o grau de aproveitamento da informação produzida pela humanidade do século XXI é um dos mais baixos já registrados pela história. Diante disso é possível dizer que se têm tudo e ao mesmo tempo não se tem nada.

Se a informação produzida hoje fosse processada e utilizada de forma proveitosa em benefício do homem, certamente todos nós viveríamos muito melhor. Infelizmente isso não ocorre. Nós não temos sido eficientes na extração do bom conhecimento presente no mundo de informações que temos ao nosso dispor.

Brincamos de saber das coisas. Andamos de um lado para outro, tocando uma informação aqui, outra ali ou acolá, mas sempre de forma superficial, sem nos aprofundar em nada. Alguém já disse que somos a geração navio: aquela que navega pela superfície dos rios e mares, dando giros de até 360 graus, sem, todavia conhecer o que se passa nas profundezas.

Numa paráfrase da composição de Gonzagão e Humberto Teixeira – a Asa Branca –, vejo que “a terra está ardendo qual fogueira de São João”. A informação que deveria servir para melhorar a vida do homem deste século está sendo queimada em ultra-velocidade. O que era novo ontem, hoje já é obsoleto, sem muitas vezes ter servido para nada. Trocamos nossos brinquedos tecnológicos “velhos”, por novos, antes mesmo de saber como aqueles funcionavam. A informação da terra está queimando sem que seja absorvida e transformada em conhecimento. Informação não é conhecimento, embora seja a base para que este seja consolidado. Sem a sua transformação, a informação não passa de lenha prá fogueira. E nesse caso é realmente uma “tamanha judiação” permitir que isso aconteça.

É nosso desejo que o homem utilize a informação que lhe está disponibilizada para transformá-la em um conhecimento que lhe traga benefícios. É triste ver os jovens passado doze anos de suas vidas na Escola Básica Fundamental e Média sem conseguir chegar a lugar algum, como ocorre com a grande maioria: não arruma um trabalho onde seja bem valorizado, não consegue ingressar na Faculdade e nem tampouco tem condições de melhorar de vida. Não queremos que o crime, os vícios, o álcool e outras drogas sejam as melhores oportunidades para os nossos alunos. Nosso sonho é que esses descaminhos sejam banidos e que em seu lugar renasça uma geração que venha transformar esse mundo em um lugar melhor para todos nós vivermos.

O Gonzaga lamentava a morte das plantas, do gado e do seu cavalo alazão, bem como a debandada da “asa branca” – o símbolo da resistência sertaneja. Para ele era doído de se ver uma tão grande perda. Quando se planta o que se espera é a colheita e não a perda da plantação. Quando o pesquisador dissemina a informação sobre suas descobertas, o que ele espera é que essas informações sejam apropriadas e transformadas em novos conhecimentos. E certamente é muito triste de se ver quando isso não acontece e a informação se torna obsoleta sem o adequado aproveitamento.

A chuva é a grande esperança para o sertanejo nordestino brasileiro. Quando ela chega para molhar a terra, as esperanças de vida renascem no sertão querido. As raízes das plantas vão brotar. Se não forem elas serão as sementes que germinarão e todas as possibilidades de vida nesse pedaço de mundo ressuscitarão.

Depois de longo período de estiagem, de baixos índices de aproveitamento e de falta de oportunidades para a nossa juventude, nós estamos esperando uma grande chuva nas escolas de todo o país, mas especialmente na nossa. E acreditamos que este será o ano. “Quando o verde dos teus óio se espalhar na prantação”... Quando nós conseguirmos fazer os nossos olhos brilharem de entusiasmo, de interesse e de vontade de vencer, nós vamos conseguir transformar em conhecimento proveitoso até mesmo as velhas informações que foram abandonadas como obsoletas sem que tomássemos conhecimento delas. E é claro que sem perder o foco no que há de mais novo ao nosso dispor.

A esperança é a última que morre. Gonzagão acreditava que a chuva haveria de voltar a cair de novo no sertão nordestino. Nós acreditamos que o povo brasileiro, começando por cada um de nós vai reagir e tratar a informação como fonte do conhecimento que vai transformar a nossa vida, melhorando significativamente o nosso viver. É com esse olhar que estamos iniciando mais um ano letivo escolar.

Quero ver olhos de cada um brilhando muito mais do que os meus. Vida longa para todos.