Conquistas de direitos da mulher e feminismo

Inicialmente, desde os primeiros indícios de sociedade formada pela espécie humana, homens e mulheres desempenhavam papeis diferentes porém com o mesmo valor no desenvolvimento do grupo. Com o tempo as características físicas destacaram-se e por instinto de sobrevivência o homem passaria a se julgar superior ao gênero feminino.Com o processo histórico podemos afirmar que a ideologia machista sempre teve destaque, com exceções de algumas raras civilizações. O modelo de família patriarcal é um grande exemplo do abuso autoritário sobre as mulheres aplicado até recentemente, onde senhoras e senhoritas só poderiam exercer o papel de reprodutoras, dando continuidade a espécie, submissas aos caprichos masculinos, ou seja, vistas como mercadorias. Esta visão essencialmente masculina foi incentivada principalmente pelas religiões herdeiras do patriarcalismo, como islamismo, judaísmo, cristianismo , entre outras, e afirmada pelo capitalismo nas sociedades ocidentais.

Ironicamente ou não, esse mesmo capitalismo fez com que surgisse a primeira onda denominada feminista, ocorrida durante o séc. XIX e inicio do séc. XX na Inglaterra e nos EUA, que tinha como pretensão original a promoção de direitos iguais de propriedade e contrato. Mas no final do séc. XIX o movimento focou se mais na integração das mulheres na política, lutando pelo sufrágio universal, o que não quer dizer que os demais ideais sociais não foram discutidos durante a onda, que sofreu influência de Mary Wollstonecraft, revolucionária francesa de 1789, que escreveu em favor da libertação das mulheres. Nesta mesma época o mundo vivia a sua primeira grande guerra e os homens sem distinção, de negócios ou não, foram convocados para participar do massacre das trincheiras, pelo imperialismo colonial.

Mulheres desse movimento lutaram pela abolição, partiram a frente dos negócios, tornaram-se operárias, tiveram papeis efetivos na revolução industrial ,produziam a sustentabilidade de suas nações, nada mais justo que a efetivação de seus direitos políticos.

Se na primeira onda do movimento o capitalismo interferiu bruscamente, na segunda os valores cristãos de que todos somos iguais perante Deus, e de amar a todos sem distinção esteve muito presente. Em pleno anos 1960, onde ocorria guerras e conflitos por todo mundo como:

• 1961 a construção do Muro de Berlim, marco para a divisão de ideologia capitalista e comunista.

• Em 5 de junho de 1967,em começa a Guerra dos Seis Dias. Israel ataca a Síria, Egito e Jordânia.

• Em 1968, é decretado o AI-5, pelo então presidente Costa e Silva, a maior opressão de direitos políticos presenciada pelo Brasil.

• Em 1966, tem inicio a Revolução Cultural na China.

• Em 4 de abril de 1968, é assassinado o ativista pelos direitos civis Martin Luther king.

• Final da década de 1960: aumentam os protestos nos Estados Unidos e no mundo contra a Guerra do Vietnã. Fortalecimento dos movimentos pacifistas. Movimento hippie começa a se espalhar pelo mundo, com o lema famoso paz e amor.

Nasceu nessa época a luta por direitos socias ,declarada por Carol Hanisch com o slogan "O pessoal é político". Betty Friedan com o livro “The Feminine Mystique” de 1963, considerado um dos livros mais influentes do séc. XX, acabou com a idéia do patriarcado, de que as mulheres deviam dedicar-se apenas ao lar. Iniciou-se então a busca pela realização pessoal, pelo direito de usufruir do própio corpo como bem entender, fortalecida com o surgimento dos métodos contraceptivos. A queima dos sustiãs é um mero detalhe na importância do movimento.

E ainda hoje, a pessoas que confudem a influência rippie, “vale tudo, ninguém é de ninguém” com o feminismo. Esta distinção há de ser feita, pois frases como essas podem ser usadas por qualquer um, mas o feminismo em si é a busca pela despadronização em normas de genêro na vivência humana.

A terceira onda, surgiu pelo final dos anos 80 se estende até hoje, justamente como resposta as supostos defeitos da segunda, não é radicalista, qualquer idéia de separação de sexos, ou superioriedade de alguns destes, é sexismo e não feminismo.Não tem como combater o machismo usando as mesmas armas, isso é um erro, nada será solucionado pois terá as mesmas falhas. Também fazem crítica à enfasê nas mulheres brancas e de classe média-alta, enfatizam a solução na micro-política .Algumas são adpetas ao feminismo de diferença, ou seja atribuiem que há diferanças fisiólogicas, apesar da constentação de alguns que não há diferanças inerentes do homem e da mulher,apenas cultural. São mais abertas para o mundo, identificando-se com outros movimentos como o GLBT, contra preconceito de raça, acessiblidade a educação, libertação no oriente. Entre tantos outros como se fosse uma maezona que abraça tudo em favor da humanidade.

Porém,o marco da terceira onda é a reafirmação da mulher no espaço fora do lar.Não há o certo ou errado, é busca pela realização como mulher, pessoa, não há a necessidade de perfeição, heroísmo. Não tem que ser boa em tudo, com o lar, com o companheiro , o trabalho. Cada um tem que buscar aquilo que o deixa mais feliz.

Enfim, o famoso “sexo frágil” começou a provar de que frágil não tem é nada. Mulheres de todas as classes iniciaram um processo longo contra a ditadura machista. Tendo importantes participações na revolução francesa, revolução industrial, e intensificando-se nos períodos pós-guerra entre a primeira e a segunda guerra mundial e a Guerra Fria.

Essa luta pela igualdade de gênero, e quebra do preconceito, vem trazendo ao longo da histórias conquistas de direitos importantes tais como:

• ao trabalho fora do lar

• ao voto, entre a metade século XIX até o inicio do século XX.

• a participação nos esportes, em 1924

• ao divorcio

• a participação nos três poderes

• o uso de calças

• a prevenção da gravidez e DST s

• a formar-se em um curso superior, em 1879

• o uso de drogas lícidas

• aproximação de salários iguais ao dos homens

• a liberdade e segurança pessoal

• a informação e a educação

• aos benefícios do progresso cintífico

• delegacias especiais

Conquistas adquiridas com muito esforço, e especialmente em nosso país garantidas pela Constituição Federal , no 5º artigo, inciso primeiro que:

homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações

De 1988, pelo menos no papel.O índice de violência domestica contra mulheres e crianças demonstra que esta lei não muito nos assegurou. Por este motivo, a lei Maria da Penha nº. 11.340/06 veio a ser constituída ligada inteiramente ao fato de concretização do principio de igualdade, tentando por sua vez, diminuir o número de agressões sofridas pelas mulheres na intimidade doméstica, mesmo que muitos contestem a sua efetivação alegando que a lei vai a caminho contrario de igualdade, dando mais direitos as mulheres e excluindo os homens desta segurança, a lei só afirma a força semântica da nossa constituição, na condição de que os homens não usassem sua força física maior em relação às mulheres determinada pela genética, com intuito de agredi-las, molesta-las, oprimi-las ou submete-las inferiormente em dominação familiar, segurando também um ambiente mais seguro para a criação de novos cidadãos.

Foi à primeira lei no Brasil a reconhecer a unidade familiar por vínculo afetivo, e legalizar a união homoafetiva, o artigo dispõe:

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Confirmando que a luta pelo direito das mulheres abrange não só o individuo mas todo o social. E que o novo conceito familiar, da ênfase à solidariedade familiar e ao compromisso ético dos vínculos de afeto, que quebra o velho conceito de família efetivado pelo sagrado laço do matrimônio.

Porém a evolução é significativa, cada vez mais autentificada de que a vida domestica e os eternos preconceitos nada impede a mulher de atingir sucesso profissional e realização pessoal. As “Amélias” entraram em extinção, e o que mais vemos atualmente são identidades guerreiras, independentes, seguras, pilares da nova família e muitas vezes a principal provedora. Inspirando-se em: Mary Wollstonecraft, Betty Friedan, Chiquinha Gonzaga, Anita Malfati, Margaret Thatcher, Marie Curie, Janis Joplin, Maria e tantas outras tão importantes quanto, sendo elas famosas ou anônimas como sua mãe ou a “D.Maria”.

É significativo também considerar que nem todas as mulheres se enquadram nas características feministas, assim como os homens, ao machismo. Mesmo o feminismo sendo sistema que pregua a teoria de igualdade de direitos entre a mulher e o homem, muitas mulheres não se sente seguras para aderir ao movimento e muita delas ainda o desconhece, pois ainda estão submetidas aos seus homens ou então em alguma tese antiquada. As mesmas, na maioria exercem trabalho triplo, sendo ele remunerado, domestico e ainda responsável pela educação de seus filhos.

Tornando-se um pouco responsável pelas atitudes futuras de homens e mulheres, já que elas podem interferir na consciência infantil amadurecendo idéias mais morais. No entanto, muitas delas são tão oprimidas, que a questão de preconceito em relação ao seu gênero torna-se no mínimo relevante, já que sofrem preconceitos em relação a sua classe social, ao seu nível de educação e preconceito racial, assim do ponto de vista delas a questão abordada torna-se banal, pois se sentem na obrigação de cumprir as tarefas domesticas, e idealizar o seu matrimonio dando uma condição mínima de qualidade de vida aos seus filhos. Considerando o fato de que muitas vezes elas só receberam educação religiosa, passada por gerações até atingi-las, e as excluindo das informações políticas, e históricas.

É um espanto mulheres que têm acesso à educação a informação, dizer-se contra o feminismo, ou não se identificar com a causa antes mesmo de saber de fato o que é, a muita mulher por aí machista, esse é o maior desafio do movimento no momento.

Há ainda aquelas que se dizem intelectuais, que propagam que o preconceito contra a mulher atualmente é muito pouco, só se for no mundinho universitário e de elite delas, está na hora de parar de olhar um pouco o próprio o umbigo e começar a olhar para o mundo. Os altos índices de violência contra mulher, não mudaram muito nem no mundo ocidental, onde ocorreu todos esses movimentos. Toda a Europa, e a América do Norte juntas não chegam a 20 % da população mundial, a China e a Índia sozinhas chegam a 38 % da população mundial, sem tocar na África, e o resto dos países orientais, e pensando que a maioria da população é de mulheres, concluísse que aproximadamente 2 de 10 mulheres tem uma vida, um tanto satisfatória culturalmente, sem levar em conta que dessas 2 , mais da metade vive na pobreza. Fica evidente que o preconceito só começou a ser combatido. Pois mulher, não é só branca de classe média e alta, são de todas as raças, classes e religiões.

A luta pela emancipação feminina só vai estar concluída quando todos poderem usufruir da libertação da padronização.

E como o feminismo é uma prolongação lógica da democracia, então os déspotas do Oriente Médio que se cuidem, estão por viver uma situação na qual será quase impossível obrigar a estas mulheres que se despertaram a deter a luta pela liberdade, a sua própria luta e a de suas comunidades. A manifestações no Egito e na Tunisia recentemente vêm comprovar esse fato.

Estamos ainda muito longe do ideal, mas a luta continua, pois quando é reivindicado o direito de igualdade é referido ao respeito entre os sexos, em não em limitar suas capacidades apesar das diferenças, pois a competência não está rotulada ao estado financeiro, a aparência e muito menos ao gênero. A discriminação deve ser extinta junto aos antigos conceitos decretados a mulher.

O movimento não é da mulher , e de toda a sociedade nada ocorre isoladamente, a história acontece em conjunto, movimentos sociais estão interligados. Portanto, vale a pena discutir sobre o tema, os direitos adquiridos e os que estão por adquirir, pois homens e mulheres são responsáveis pela atual situação da mulher hoje. E atualmente tanto os conceitos morais, como os conceitos sociais continuam cúmplices do homem. Como diz a desembargadora Maria Berenice Dias do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul “Quem manda ser mulher?”.

Catariny
Enviado por Catariny em 26/03/2011
Código do texto: T2871920
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