As escolas demais e os gênios de menos

Em todos os tempos, a sociedade foi, proporcionalmente, a mesma. Uma pequeníssima parte se compõe de pessoas geniais, criativas, interessadas em pesquisar e conhecer novas formas de fazer as coisas. Essas poucas pessoas foram aquelas que inventaram toda essa parafernália tecnológica que a todo instante muda o nosso jeito de fazer acontecer. Essa é uma gente que pensa, que age e que faz! Do outro lado, há uma grande maioria, muito útil para testar as novas descobertas, para saber se elas realmente funcionam. Essas são pessoas simples, da média para baixo, gente que se encontra em toda esquina e que aos milhares se acotovelam por aí, brigando por qualquer coisa, ainda que insignificante seja. Ontem foi assim, hoje também e amanhã não será diferente.

Só para raciocinar. Se em um instante do início tínhamos uma razão de um para dez de geniais para comuns, com o passar do tempo, multiplicando aquela razão inicial por cem, teríamos cem geniais em cada mil pessoas. Projetando essa proporcionalidade sobre a população mundial atual, veremos que hoje teríamos uma razão de 900 milhões de geniais vivendo em um universo de 9 bilhões de pessoas.

Alarmante! Nem tanto! Esperemos para ver daqui a alguns anos. Conforme cálculos da Divisão de População das Nações Unidas, até o final deste ano de 2011 nós seremos 7 bilhões de pessoas habitando a Terra. A previsão dos técnicos da ONU é que chegaremos a 9 bilhões em 2045. Isso dá uma média de 80 mil novas pessoas por ano entre nós, o que na nossa proporcionalidade de crescimento, baseada na razão de um para dez, nos leva a um acréscimo de 8 mil geniais contra 72 mil simples por ano.

Nesse ritmo, não é difícil de compreender o que acontece hoje na educação. Por que tanto fracasso escolar, tanta desistência, tão baixo rendimento apesar de tantas escolas? A verdade é que sempre foi assim. Se os números eram menores no passado, isso era consequência de serem muito, mas muito menos, as pessoas que estavam habitando o planeta. Quanto mais aumenta a população, mais aumenta o sofrimento, o fracasso, as mortes, as doenças. Tudo cresce na mesma proporção.

De acordo com um Relatório da ONU, hoje nós temos um bilhão de pessoas passando fome por dia. Daqui há duas décadas nós teremos mais dois bilhões de pessoas para serem alimentadas. Mas os alimentos, salvo a possibilidade dos nossas mentes geniais encontrarem outros caminhos alternativos para a nossa subsistência, a comida para todas essas bocas terá que sair do mesmo lugar, desse mesmo Planeta poluído, devastado e explorado.

De forma que nós devemos nos preocupar mesmo não é com os homens simples, mas com os geniais. Hoje nós temos escolas demais e gênios de menos. É preciso inverter essa ordem e investir pesado nessa minoria. Alimentá-la direito, dar-lhe as melhores condições e oportunidades para se desenvolver. A Educação que temos se nivela por baixo, querendo atingir gregos e troianos, mas precisa mudar de direção. Quem quer tudo, acaba não conseguindo nada. E é isso que está acontecendo. Ao querer que todos tenham as mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento, nós estamos tirando as prováveis oportunidades daqueles que encontrarão a salvação para todos. E isso poderá ser fatal, pois a verdade é que sempre fomos dependentes dos geniais. Sempre! São eles que têm encontrado novas formas de prolongar a nossa existência na Terra. Sem eles, não haverá outra solução a não ser a guerra, a fome e a miséria – a solução do economista Thomas Malthus. Teremos que eliminar os excedentes populacionais por esses métodos radicais. E às vezes eu me pergunto se não é isso que as grandes potências estão fazendo a todo momento, quando apóiam e incentivam a destruição em massa, como temos visto ocorrer no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e por todo o mundo afora. Por meu turno, prefiro acreditar que a solução está em mais investimento nos espíritos geniais e criativos de nossos jovens, os quais seriam detectados por uma educação nivelada por cima, ao invés das propostas democratizantes de nivelamento por baixo. Se houver menos escolas, teremos mais gênios dentro delas. Somente um mundo novo, pensado e planejado pelas nossas minorias geniais poderá ser capaz de absorver essa tão grande projeção de crescimento populacional. Religião à parte, nossos gênios são a nossa única chance de sobrevivência.

* Izaias Resplandes de Sousa, advogado com atuação nas Comarcas da região de Poxoréu, é pedagogo e professor de Matemática na rede pública estadual de MT.