Lições
 
O mundo ficou estarrecido com a desgraça que ocorreu no Japão, mais estarrecido ainda com a maneira como os japoneses reagiram à catástrofe. Recebi inúmeros e-mails listando o comportamento dos atingidos e lamentando não termos comportamento semelhante. Realmente é lamentável. Se todos os povos tivessem reações semelhantes talvez a vida fosse melhor – mas nada há para se fazer nem a curto nem em médio prazo. O comportamento dos japoneses é fruto de séculos de exercício e não formado de um dia para o outro. No entanto podemos tentar fazer alguma coisa, cada um de nós como indivíduos assimilar alguns aspectos desse comportamento para termos uma vida melhor. E como é aos poucos que as coisas mudam quem sabe um dia o comportamento do povo brasileiro também não se transformará?

 – É inegável a dor que as pessoas sentiam e foi mostrado ao mundo todo através de imagens dolorosas. Mas o que realmente impressionou foi a calma – não vimos ninguém se lamentando, gritando e chorando. A aparência de todos era a de uma tristeza só, mas não havia ninguém atropelando ou querendo levar vantagem. Não houve invasões aos supermercados, as pessoas compravam só o que realmente precisavam para o momento e com isso todos poderiam comprar o seu quinhão, demonstrando com isso a verdadeira solidariedade e a ordem geradora de progresso. Os comerciantes, seguros, puderam abaixar os preços com a certeza de que não seriam roubados. Tudo isso é fruto de anos de treinamento e disciplina e graças a isso todos sabiam o que precisavam fazer e fizeram o que se esperava deles.
Fiquei pensando o que aconteceria se esse terremoto tivesse acontecido por aqui e nem foi preciso pensar longe porque as calamidades também nos atingem e o comportamento das pessoas como povo é completamente o oposto, nem é preciso comentar. Em quantas tragédias já nos vimos envolvidos e qual foi o resultado? Casas saqueadas, estabelecimentos comerciais invadidos e depenados.
 
Ouvi também dizer que o comportamento da imprensa foi impecável, limitando-se a informar e a orientar.  Isso não ocorre aqui em momento nenhum. A imprensa, baseada na lei da liberdade, se esquece completamente da responsabilidade. Não só no caso das tragédias coletivas, mas também nas tragédias individuais, não existe nenhum respeito, só sensacionalismo. Infelizmente a nossa escola é a norte americana, onde a notícia é mais importante do que as pessoas envolvidas no acontecido. E nem é pelo furo que vale tudo, é pela mera repetição do fato até que se esgotem todas as possibilidades de audiência ou venda. Para sermos diferentes teríamos que voltar no tempo e escolhermos novos colonizadores e também adquirir novas crenças em relação a Deus e a vida.