A COMUNICAÇÃO MIDIÁTICA E A MANIPULAÇÃO DA MASSA

A COMUNICAÇÃO MIDIÁTICA E A MANIPULAÇÃO DA MASSA

ANA MARIA MONTEIRO DA GAMA*

MARIA FRANCIONE DOS SANTOS SOUSA*

RESUMO

Este texto pretende analisar a comunicação midiática do ponto de vista crítico. A evolução da informação através dos meios de comunicação, o poder que a mídia causa na população. Tomamos por base o estudo de filósofos que descobriu na comunicação midiática uma forma de manobrar a massa de acordo com seus próprios interesses. Optamos por uma abordagem qualitativa, onde se realizou uma pesquisa bibliográfica. Como resultado observou-se que a comunicação midiática, como nos primórdios mexe com o psicológico das pessoas, forma opiniões principalmente nos seres humanos que não possuem o senso crítico, o qual filtra as informações que nos interessam.

Palavras-chave: Manipulação. Comunicação. Mídia.

RESUMEN

En este trabajo pretendese analizar los medios de comunicación del punto de vista crítico. La evolución de la información a por los medios de comunicación, el poder que los medios de comunicación tienen en la población. Se basa en el estudio de los filósofos que encontraron un camino en los medios de comunicación para manejar la masa de acuerdo a sus propios intereses. Hemos elegido un enfoque cualitativo, donde se realizó una investigación bibliográfica. Como resultado se observó que los medios de comunicación en los primeros días de desorden psicológico con las opiniones de las personas forman principalmente en los seres humanos que carecen de sentido crítico, que filtra la información que nos preocupan.

Palabras clave: Manejo. Comunicación. Medios de Comunicación.

1 INTRODUÇÃO

Neste artigo iniciaremos uma discussão sobre a comunicação de massa, a qual direciona o pensamento das pessoas, onde esta é usada como formadora de opiniões, pelos poderosos da época. Apresentaremos teorias que salientam que a mídia na informação pode manipular a população.

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*Acadêmicas do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú, UVA AMAPÀ, sob orientação da Profª. Drª. Rosângela Lemos da Silva.

Outra vertente a ser analisada, pelo presente trabalho é a teoria crítica, que questiona os métodos usados na propagação da informação de massa, vem trazendo um novo ponto de vista, o qual sugere que o ser humano politizado pode receber as informações e filtrá-las de acordo com o que cada indivíduo pensa. É o senso crítico agindo no ser humano.

Optamos pelo tema exposto, pela necessidade de entender o poder que cerca essa ferramenta de comunicação, que é a mídia direcionada a grandes públicos e para compreender melhor como a propaganda pode condicionar uma sociedade, há uma verdade absoluta usando o psicológico dos seres humanos. Expor a importância da mídia, como a grande ferramenta do capitalismo feroz. Pois, hoje os meios de comunicação são o principal disseminador de informação sendo capaz de se sobre por a vontade humana.

O trabalho se apresentará trazendo um tema central e suas vertentes, a justificativa do tema, que é conhecer e compreender o direcionamento da propaganda, a sociedade é manipulada de acordo com o pensamento de um grupo ou organização? Daremos destaque aos objetivos propostos, que busca investigar a manipulação da massa por meio dos aparelhos midiáticos.

As abordagens do artigo será a comunicabilidade de massa, trazendo toda suas trajetórias da teoria hipodérmica até a teoria crítica passarão por níveis da comunicação, analisando sempre o contexto histórico da época, para total entendimento do assunto proposto.

A pesquisa trará os assuntos relativos à manipulação de massa através dos meios de comunicação, e conhecer a história da comunicação. Com a pretensão de fornecer um embasamento por parte do trabalho serão abordadas algumas questões chaves acerca do tema em estudo e com toda certeza expandirá questionamentos e discussões dentro de sala de aula, onde será denominado de público alvo.

Os objetivos do presente artigo é alcançar o entendimento, através de fatos e abordagens da comunicabilidade de massa e seus precursores. A metodologia usada para essa análise foi uma ampla revisão bibliográfica e qualitativa com intuito de investigar o poder coercitivo e parcial dos meios de comunicação de massa. A pesquisa partirá da hipótese levantada por pesquisas bibliográfica, que a comunicação, através do aparelho midiático pode induzir grandes públicos de acordo com interesse da elite. Abordaremos sempre os pontos consideráveis na história da comunicação de massa.

A formação do indivíduo como ser politizado e crítico é de suma importância nos questionamentos que devemos ter com relação aos meios de comunicação de massa. E assim através de pesquisas e debates sobre a manipulação da sociedade, com relação aos meios de comunicação, contribuiremos para formação do aluno, através de esclarecimento na cientificidade. Mas estas abordagens terão de ser contextualizadas para o entendimento e compreensão da sociedade, no que diz respeito à comunicação e manipulação da massa.

2 HISTORICIDADE DO PROCESSO DA COMUNICAÇÃO EM MASSA

A história da comunicação de massa, iniciou durante a década de 30 no norte dos estados unidos, filósofos da época, analisavam uma outra vertente da informação. Segundo Schramm 1964, Harold Laswell é considerado o pioneiro a estudar o efeito da propaganda e suas funções na comunicação. Por ser cientista político sua metodologia de estudo precedia de análise. Porém Laswell, não estava sozinho nessa análise, com ele estavam ainda os pesquisadores, Lazarsfeld, Lewin e Hovland, os quais começaram a análise devido as transformações da sociedade, em meio há um caos social, que era o período entre guerras, esses estudiosos começaram sua análise não pelo bem da população, estes representavam interesses governamentais.

A população precisava ser acalmada naquele momento de revolução, então Laswell , Lazarsfeld, Lewin e Hovland deram início ao que Wolf, denominou de communication research, ou seja há uma análise da comunicação. Onde cada um estudava vertentes diferenciadas do processo comunicativo. Segundo Wolf 1967 os estudos norte americanos possuem várias formas, mas existem duas grandes e importantes maneiras, que são as que buscam perceber os efeitos da comunicação e outra que procura compreender a comunicação com seus elementos internos.

Lazarfeld (1978) desenvolveu diversos estudos sobre a audiência e os efeitos dos meios de comunicação de massa, centrado nas questões eleitorais, de campanhas e da influência pessoal em relação á dos meios coletivos, para Lewin (1978), na década de 30, preocupou-se com a comunicação de grupos e com os efeitos das pressões, normas e atribuições do grupo no comportamento e atitudes de seus membros, um de seus discípulos Festinger (1978), desenvolveu a teoria dissonância cognitiva, já Lasswell (1978), utilizava o método sintético, onde se dedicou ao estudo da propaganda e das funções da comunicação e Havland empenhou-se na pesquisa analisando mudanças de atitudes. Conforme (ARAÚJO 1994).

No século XVII, a sociedade estava vivendo um período de transformações, revoluções, o término do feudalismo, a industrialização. Então os estudiosos da época precisavam delimitar um objeto de estudo, para compreender o caos social e então estabelecer a ordem. Surgindo a sociologia, a qual estudava a sociedade de maneira sistematizada e induzia a população, há uma verdade soberana, a dos poderosos da época. O mesmo aconteceu com as análises da informação, como relata França.

se a reflexão sobre a comunicabilidade, a atividade comunicativa do homem, preocupou os pensadores desde a Antigüidade Clássica, a nossa Teoria da Comunicação é bem recente. Na verdade, o desenvolvimento de estudos mais sistemáticos sobre a comunicação é conseqüência antes de tudo do advento de uma nova prática de comunicação: a comunicação de massa, realizada através de meios eletrônicos, possibilitando o alcance de audiências de massa, a supressão do tempo e da distância. (FRANÇA 1994)

Foi após a segunda guerra mundial que nasceu os meios de comunicação de massa, o jornalismo de massa no fim do séc. XIX, e no início do século XX o rádio e os cinemas, com índices de audiência exorbitante.

Nesse contexto observaram que a “difusão maciça” de mensagens desprezava a autonomia do individuo, manipulava a sociedade. Os meios de comunicação passaram a ser direcionado sempre às multidões, como uma forma imediata de informação. O ser humano passou a ser tratado como peças vulneráveis, alienáveis, tomados pela coerção informativa, através dos meios de comunicação de massa, como afirma adorno, “O inimigo que se combate é o inimigo que já está derrotado, o sujeito pensante” (ADORNO, p.140).

Não esqueçamos que os estudos norte-americanos surgiram da necessidade de manobrar multidões, de forma eficaz e direcionada. Propagando ideias de um grupo seleto, as ideias da burguesia, então o “mass media” representava um poder coercitivo governamental na sociedade. Assim como postula Souza 1996:

“Trata-se de um estranho neologismo, pela sua formação anglo-latina: mass do inglês significado “massa” e media, plural neutro do substantivo latino médium, significado “meios”. Os meios de massa são portanto, os veículos de comunicação destinados a um público amplo, um aglomerado gigantesco de indivíduo” (SOUZA 1996, p. 2)

Os estudos norte-americanos desencadearam diversas teorias as quais eram desenvolvidas através de análise da difusão informativa maciça, Analisavam como a informação chegava ao telespectador e o efeito que causava era hipnotizador, a população era levada a ignorância, por não possuírem o senso crítico que mais tarde seria desenvolvido, através de estudos de Karl Max.

3 AS TEORIAS DA COMUNICAÇÃO DE MASSA

As teorias surgiram em meio muitas revoluções, como um instrumento governamental de formar opiniões. Com ela surge a rede eletrônica, a qual fazia da informação um instrumento imediato de comunicação. Para Laswell (1978), propaganda rima com democracia, construindo na propaganda uma forma de suscitar a adesão das massas e mais econômico que a violência que se instituía na época. Como fala (ARMAND; MATTELART, 2000, p 37)

3.1 A TEORIA HIPODÉRMICA

Desenvolvida por Laswell (1978), a teoria hipodérmica foi denominada de “agulha hipodérmica” termo usado pelo seu criador, com intuito de forjar a verdadeira intenção da teoria, a qual teria um impacto direto e indiferenciado sobre os indivíduos atomizados.

A ideologia da “agulha hipodérmica” apresentava nuances das teorias psicológicas divulgadas na época: a psicologia das massas de Le Bom; o behaviorismo inaugurado desde 1914, por John B. Watson; as teorias do russo Ivan P. Pavlov sobre condicionamento. Como exalta (ARMAND; MATTELART, 2000, p 37).

A propaganda constituía-se nessas ideologias, citadas acima, a qual pode destacar o método behaviorista, é demonstrado quando uma pessoa é “controlada” pela propaganda diretamente, ela pode ser dominada, induzida, levada a agir, sendo uma ligação automática do ser humano, onde esta mensagem será recebida através da onipotência da mídia. Harold Laswell (1902 a 1978), era observador incondicional da propaganda, opinião pública, negócios de estados e eleições. Laswell (1948) analisava ainda o panorama político da época, tinha como objeto de estudo questões políticas, onde propunha o estudo sistematizado dessas crises governamentais para buscar na mídia uma forma de induzir a população, moldando a sociedade de acordo com os interesses do governo da época.

A teoria de sociedade de massa difundiu a psicologia da ação, que foi desenvolvida nas ideias behaviorista e consistia na confirmação que o indivíduo solitário fisicamente dos outros, se tornava mais vulnerável as informações midiáticas.

A concepção hipodérmica no que diz respeito ao comportamento em termos de estimulo resposta, praticava a parcialidade da informação, reduzia a capacidade da pessoa humana pensante, favorecendo o caráter manipulável do individuo.

O autor Skinner (1981, p. 318) em sua obra Ciência e comportamento humano. Afirma que:

Ao discutir as agências controladoras preocupamo-nos especificamente com certas espécies de poder sobre variáveis que afetam o comportamento humano e com as práticas controladoras que podem ser empregadas por causa deste poder (...). Uma agência controladora, juntamente com os indivíduos que controla, constitui um sistema social, (...) e nossa tarefa é dar conta do comportamento de todos os participantes. Dever-se-á identificar os indivíduos que compõem a agência e explicar por que têm o poder de manipular as variáveis que a agência emprega. E também analisar o efeito geral no controlado, e mostrar como isso leva à retroação reforçadora que explica a continuação da existência da agência.

O resumo simples dessa teoria é que o individuo apanhado pela propaganda de forma persuasiva, incisiva e direta, obedecerá ao comando da mensagem de maneira acrítica, como um ser passivo.

3.1.1 A evolução da teoria hipodérmica

Esta evolução ocorreu, pois se diagnosticou uma interferência na comunicação, percebemos que a propaganda não chegava de maneira direta, havia limitações na mensagem, pois como não se levava em consideração o desejo do telespectador, detectaram uma falha, encontrando a solução na persuasão e na influencia.

3.1.2 A abordagem da persuasão

Consistia na percepção do empirismo humano, estudando psicológico de cada indivíduo, ao receber a informação pelos meios de comunicação. A causa e efeito da mensagem por persuasão. Onde se destaca as pesquisas de Hovland, a qual analisava minuciosamente como o convencimento era trabalhado individualmente na pessoa.

Esta abordagem é tão mecanizada quanto à da “agulha hipodérmica”, porém, com uma complexidade de estudos mais minuciosos. Esta concepção analisava o peculiar de cada pessoa, os que pudessem interferir na recepção da mensagem. Assim como o que de interessante a mensagem poderia conter para atingir as massas de maneira incisiva. Ou seja, Hovland (1974), estudava uma maneira de transmissão da propaganda que pudesse conter seleção de informações mecanizada, e agradar mesmo quem já teria o pré-conceito formulado.

Já a observação das funções, buscava aperfeiçoar a informação, através de argumentos concisos, integrando a mensagem de maneira eficaz, onde visava o esclarecimento da propaganda conclusiva, de modo que o telespectador pudesse acreditar naquela verdade somente.

3.1.3 A teoria dos efeitos limitados e o modelo do two-step-low

Esta teoria tinha uma abordagem baseado no empirismo, como já foi mencionada nos estudos dos “efeitos limitados”. Analisando sempre a relação do público com os meios de comunicação. Através de duas premissas: Estudo da composição diferenciada dos públicos e dos seus modelos de consumo de comunicações de massa; Pesquisas sobre a mediação social que caracteriza o consumo: a percepção de que a eficácia dos mass media só é susceptível de ser analisada no contexto social em que funcionam. Conforme (ARAÚJO 1994, p. 5).

Com a atenção mais voltada para complexidade do ser humano, essa teoria partiu da hipótese que as relações dos indivíduos na sociedade poderia interferir na formação de opiniões. Descobrindo que o que afetava a eficácia da mensagem, eram as rede de relações. Essa teoria explicou que a propaganda, teria que conhecer a individualidade de cada público, para então tentar persuadir o telespectador através dos meios de comunicação de massa.

O desenvolvimento do modelo do two- step flow foi um avanço nas descobertas as quais se dão através das relações interpessoais, que percebeu a propaganda além-indivíduo. Abortando, portanto o caráter linear da informação de massa. A qual classificava a audiência através de classes etárias e dizia que os meios informais não influenciavam o resultado dos fatos ocorridos. ( ARAÚJO, 1994).

3.1.4 A teoria funcionalista

A análise funcionalista da mídia vem no caráter de tradução, do que antes era pesquisa, esta escola, se ergue em “análises de controle”, “análise de conhecimento”, “análise da mídia e dos suportes”, “análise de audiência” e “análise dos efeitos”. Onde dois pontos foram privilegiados: a análise dos efeitos e bem perto da relação à análise do conteúdo, que fornece ao pesquisador elementos que compõe sua forma de entender o público. Essa técnica de estudos visa à “descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações” (BERELSON, 1952).

A teoria funcionalista traria a função não mais de analisar o indivíduo e sim a sociedade, buscar caminhos para fazer com que os mass media pudessem funcionar na população com cunho sócio-político. A teoria buscaria a forma mais ampla da difusão dos veículos comunicativos, desta vez a sociedade seria bombardeada, através de jornais, rádios, televisão, telefone, a fim de condicionar a população a aceitar qualquer informação, com intuito de desviar a atenção do contexto histórico, que era o pós-guerra.

Nessa análise, a socioteoria estudava da seguinte maneira a sua sustentação, através do modelo lasswelliano “Quem? 2. Diz o que? 3. Em que canal? 4. Para quem? 5. Com que efeito? Araújo”. Laswell (1978). Onde a organização sistematizada da informação, poderia funcionar ou não.

O estudo científico do processo de comunicação tende a se concentrar a uma ou outra dessas questões. Aqueles que estudam o “quem” – o comunicador – se interessam pelos fatores que iniciam e guiam o ato comunicativo. Essa subdivisão do campo de pesquisa é chamada “análise de controle”. Os especialistas que focalizam o “diz o que” ocupam-se da “análise de conteúdo”. Aqueles que se interessam principalmente pelo rádio, imprensa, cinema e outros canais de comunicação, fazem “análise de meios” (media). Quando o principal problema diz respeito às pessoas atingidas pelos meios de comunicação, falamos de “análise de audiência”. Se for o caso do impacto sobre as audiências, o problema será de “análise dos efeitos” (LASSWELL apud CAMPOS, 2006).

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Pensada com base no empirismo do indivíduo e de maneira metódica. O que se percebe na teoria funcionalista, que o emissor ordena a mensagem, direcionada através de análise de controle, e não o faz sem sentido. Tal é seu efeito que o indivíduo que assume o papel de receptor, é tido como um ser passivo, submisso, controlado e direcionado pela mensagem, acaba se tornando mera audiência.

É no direcionamento que Lasswell dá ao analisar o processo de comunicação que percebemos sua tendência no transmitir, aliás ela se torna evidente quando nos atemos ao tipo de leitura que a escola funcionalista faz ao analisar o processo: Quem, inicia o ato de comunicação não o faz ao acaso, esperando uma resposta qualquer, ou seja, o comunicador guia a sua mensagem, direcionadora e tal o faz através da análise de controle. Para quem se posiciona como receptor resta uma posição passiva, pois este é colocado como simples audiência, um receptor que ouve e é modificado pelo teor da mensagem passivamente. (CAMPOS, 2006, p. 141)

Com isso a teoria funcional engloba o psico e o emocional do indivíduo, e o bombardeia de informações, sem que o mesmo possa ter tempo de pensar se essas são verdadeiras ou não, assim como o impede de responder, pois muitas são as abordagens informativas, que o receptor, acaba aceitando e nunca questionando o que a mensagem traz.

3.1.4. 1 A função de atribuição de status

Consiste em um sistema, onde legitimava as informações disseminadas pelos meios de comunicação, ditando o que era correto, de modo que o indivíduo poderia adotar como verdade soberana. Com Lima (1990, p. 111) postula “Penetra na ação social organizada, legitimando certos programas, pessoas ou grupos que, por sua vez, recebem o apoio dos mass media”

3.1.4. 2 O reforço das normas organizacionais

Os meios de comunicação poderiam reforçar o sistema organizacional disseminando mensagens equivocadas, a fim de sustentar a verdade do estado, através de normas difundidas pelos mass media. Segundo Idem (p. 112) “Os mass media podem iniciar uma ação social organizada, “expondo” condições que estão em desacordo com a moral pública”

3.1.4.3 A disfunção narcotizante

A disfunção seria uma anormalidade nas pesquisas funcionais, notava-se que o indivíduo que obtinha muita informação se mostrava hipnotizado, não apresentava ação nem reação diante da mensagem repassada. Fato que interessava apenas ao governo, e com isso deixam claro a quem essas análises beneficiavam. Pois os mass media estabeleceram a ordem social, através dos aparelhos midiáticos e direcionaram o pensamento do indivíduo, apresentando então o que seria o verdadeiro interesse de se estudar a comunicação como arma governamental. Essa análise “é denominada disfuncional ao invés de funcional, supondo-se que não seja do interesse da complexa sociedade moderna ter uma grande parcela da população politicamente apática e inerte” (CAMPOS, 2006). O efeito dessa análise, deixava claro que a escola funcionalista teria uma estreita relação com o poder coersitivo da época, ou seja, seria a continuação do pensamento governamental, o qual sustentava os estudos dos mass media.

Portanto, com essa análise narcotizante os estudos norte americanos acabam por admitir que suas teorias poderia manipular a sociedade, apresentando a parcialidade da informação de acordo com interesse do poder social que ditava as regras. E disfuncional pois não combateriam o pensamento crítico que já assolava os estudos norte americanos, onde questionariam os por quês da passividade da maioria da sociedade, levantavam hipóteses sobre os meios de comunicação de massa, o qual simulava informações de acordo com o governo da época. A escola de Frankfurt traria a corrente crítica e seus alicerces eram baseados nos estudos Marxicista.

3. 2 A TEORIA CRÍTICA

A escola de Frankfurt traria a tona todos os deslizes dos estudos norte americanos. Questionava a funcionalidade, a manipulação, o efeito hipnotizador das mensagens através do mass media. Essa teoria foi desenvolvida sobre os estudos de Karl Marx, e dizia que a população organizada, com estudo e pensamento crítico desenvolveria um certo filtro com relação aos anúncios, comerciais, programas de rádio, cinema, teatro, música, ao ponto de armazenar somente as informações pertinentes a cada indivíduo.

Esta teoria faria o caminho inverso, as análises da escola funcionalista. Busca disseminar o pensamento crítico na sociedade, diferente dos estudos norte americanos que difundia uma análise para manter a ordem social, através da inércia da reação dos indivíduos.

A teoria crítica tinha como principais pensadores Adorno, Marcushi e Horkheimer, eram acadêmicos e buscavam nas suas investigações conhecimento do ponto vista global da sociedade, visões estas nitidamente influenciadas por Karl Marx e Freud. Esta teoria viria explicar que as pesquisas administrativas, mantinham o indivíduo refém de sua própria ignorância, pois quem não teria conhecimento, visão de mundo, era manobrado pelo mass media, ao ponto de virarem marionetes nas mãos dos prestigiosos que mantinham as análises americanas.

Portanto, a críticidade, segundo Marx se daria através da organização do povo, pelo conhecimento sistematizado e difundido para um grande número de pessoas poderia ter um poder definitivo, na questão da opinião de cada um. Questionar, investigar, o papel dos meios de comunicação, do ponto de vista crítico. Como postula (ARAÚJO, 1994):

A identidade da Teoria Crítica liga-se à utilização dos pressupostos marxistas e de alguns elementos da psicanálise, na análise das temáticas novas que as dinâmicas sociais da época configuravam - o totalitarismo, a indústria cultural, etc - numa preocupação com a superestrutura ideológica e a cultura. Assim, não se pode dizer que o tema dessa corrente sejam os meios de comunicação de massa, mas que, entre os vários assuntos abordados por esta escola, os mais próximos a este tema seriam aqueles relativos à indústria cultural - marcados pelo enfoque da manipulação.

O contexto histórico desses estudos deve ser lembrado, período pós-guerra, as pessoas fragilizadas, a revolução industrial, o nazismo surgindo, esta corrente de estudo de Adorno, Marcushi e Horkheimer, visava difundir uma visão mais crítica, sobre os estudos norte americanos e por serem judeus todos os panoramas da história teriam influência direta em suas análises. Análises essas que atestavam na sociedade uma efêmera doença, uma anomalia psíquica, emocional, causada pelos mass media que mais tarde causariam um mal ainda maior, por intermédio da indústria cultural, a qual visa apenas o lucro, seria o capitalismo se firmando, vendendo qualquer coisa, transformando o barro em ouro. A indústria cultural é objeto de estudo do próximo item desta pesquisa.

3.2.1 A indústria cultural

Essa análise é objeto de estudo de Adorno e Horkheimer, após perceberem que depois de muitas transformações o indivíduo perdia sua autonomia, estaria a mercê dos produtos de alienação dos meios de comunicação, a pessoa pensante não existia, o ser humano era consumido, por programas de rádios e televisão, impressos, telégrafos. A preocupação do momento era lucrar muito, com os objetos de insanidade populacional.

Adorno começou sua pesquisa intitulando de cultura de massa, porém mudou mais tarde para o termo indústria cultural, pois temia que interpretassem de maneira errônea, em seu ver o termo cultura de massa, poderia ser entendido como uma cultura que decorre abertamente das massas.

Quando na verdade essa abordagem seria um derramamento do capitalismo, a qualquer preço. “A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes capazes de julgar e de decidir conscientemente” (Adorno, 1903,1969). As palavras do próprio filósofo fazem a gente entrar no assunto entendendo como essa corrente agia nas pessoas. Segava os indivíduos a tal ponto, que se tivesse alguém que não aderisse a essa força seria um ser marginalizado perante a sociedade.

Seria uma especie de lavagem cerebral, que norteva o psicológico das pessoas, através da industrial cultural, que era uma apanhado de aparelhos eletrônicos, onde disseminava a comunicação idealizada pelos poderes públicos que comandavam a sociedade civil na época. A corrente industrial, destruia o pensamento crítico, acabava com a qualidade dos produtos, construia uma visão totalmente distorcida do certo e do errado. Maquiava a realidade, e borbadeava as informações, através de radio, televisão, impresso, telégrafo, cinema, música. Essa corrente do consumo faz culto ao capitalismo, transformando tudo em comercio, usando as fantasias das pessoas, para vender sonhos, ideiais de personagens, os quais seriam idealizados nos programas de tv, nas rádio novelas, nos cinemas.

O objetivo da corrente do lucro, era banalizar a cultura e vender muito a qualquer preço. Vale lembrar que o homem era apenas um instrumento de consumo, agia mecanicamente, não se dava o direito de opinar, era só escolher um modelo pronto que a indutria cultural trazia, que encacharia perfeitamente em sua realidade, ou seria mero instrumento do capitalismo voraz, manuseado através das ideias do sistema público que vigorava. Como dizem os autores:

Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (...) paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva (ADORNO; HORKHEIMER, 1997,119).

Portanto a indústria cultural, dominava as massas com suas estratégias, dividindo os produtos culturais em gêneros, como exemplo citamos os filmes, que eram divididos, em comédias, terror, romance etc, a fim de definir o gosto dos telespectadores e com isso atingir o maior número de pessoas possíveis. Pois a indústria cultural, objetivava o consumo por intermédio do ser humano que era manobrado por suas estratégias de ilusões e visão direcionada pelos produtos culturais.

3.2.2 A indústria cultural e qualidade de seus produtos

A escola de Frankfurt, fazia análises dos produtos da indústria cultural e todas levavam em um mesmo consenso, a baixa qualidade ou qualidade nenhuma dos artifícios de consumo. Segundo Adorno (1930), na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. “Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais”.

Junto com a indústria cultural emergia também o filmo sonoro, a música ligeira seria cada vez mais escolhida pelos ouvintes, que deixavam a música clássica de lado, o termo música ligeira seria usado por Adorno, para intitular a música de baixa qualidade.

A dominação da indústria cultural agia no psicológico das pessoas acríticas, que sempre direcionava seus telespectadores ditando o que seria a necessidades deles naquele momento, então as pessoas não visavam a qualidade dos produtos e acabavam absolvendo qualquer entretenimento e achando que o mesmo seria o melhor, não tinham parâmetros para distinguir o bom e ruim. O que a indústria cultual disseminava era absoluto e supria a necessidade do receptor.

Adorno relata que os produtos que exigiriam um certo esforço para ser compreendido como uma poesia, seria extinto do conhecimento da população, pois fariam com que as pessoas buscassem esclarecimento, explicações e isso para a indústria cultual não geraria lucro. A música clássica seria outra forma de cultura que visava um pensamento mais rebuscado e logo a indústria cultural poderia substitui-la pela música ligeira, a qual não agregava nenhum valor cultural, porém geraria mais lucro, que seria o objetivo maior dessa instituição de consumo.

Aí está a ideologia da Indústria Cultural, que é orientar as mercadorias culturais segundo o princípio de sua comercialização, transferindo a motivação do lucro à criações espirituais. Para tanto, utiliza-se de técnicas industriais de distribuição e reprodução mecânica, na configuração de um modo de produzir em série, racionalizado e acessível às massas. (ARAÚJO 1994)

De acordo com os dogmas ditados pela indústria cultural, sua dominação deixava o ser humano obtuso pronto a fazer o que essa corrente repassava. Com isso as multidões apreciavam qualquer objeto da indústria cultural, mesmo não tendo nenhum tipo de qualidade nos mesmos, usavam as artimanhas da manipulação espiritual para gerar produtos de valor artístico baixo, com intuito de vender muito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A mídia como foi observado em várias teorias, exposta no presente trabalho representa nos tempos de hoje um poder manipulador das massas e congrega valores individuais aos seus produtos de consumo, os quais visam atingir o maior número de pessoas e com isso deflorar uma comercialização nunca antes vista.

Os meios comunicativos buscam disseminar uma ideia alienadora e com isso expor a parcialidade das informações, ou seja mostrar um lado apenas o qual beneficiem os mas media. O poder persuasivo desse aparelho comunicativo é devastador e atinge o povo como um todo. Lembrando que no período entre guerras, os grandes líderes se beneficiaram desses artifícios e conduzirão aglomerados de indivíduos em um só pensamento. Como exemplo podemos citar Hitler que acabou com a população judaica da época, com sua constatação que logo virou uma certeza de todos, que a raça ariana era soberana e apenas a mesma poderia existir sobre a terra.

Essas ideias de conduzir as pessoas em um pensamento apenas surgiram com o poder da persuasão, disseminar pelos meios de comunicação, filósofos descobriram na propaganda um canal dinâmico e eficaz para as informações do governo, os canais midiáticos foram durante décadas aparelho ideológico do estado, pois essa ferramenta veiculava na sua generalidade ações governamentais, e informações que não fosse inerente ao poder público era censurado, as pessoas nada tinham direito a falar a não ser concordar, caso discordasse era tido como inimigo e logo intitulado de comunista.

Constatamos então que a suposição levantada pelo presente artigo foi afirmada, pois quando se partiu da hipótese que os meios de comunicação podem manipular as massas fomos buscar em revisões bibliográfica os estudos de filósofos que afirmavam que a mídia bem trabalhada, pode servir de canal eficaz para manobrar a sociedade. Fazer com que a população acalmasse, através dos artifícios midiáticos, faziam as pessoas construírem uma realidade paralela ao caos que a sociedade atravessa com as revoluções, as bases da propaganda eram solidificadas em inverdades, as pessoas procuravam na mídia uma fuga para realidade, se viam nas figuras dos atores, idealizavam a mulher perfeita e bela nas atrizes de cinema. Ou seja a mídia serve de entorpecente para mascarar a real situação do momento.

Portanto embasadas nas teorias podemos relatar que os meios de comunicação de massa ainda é soberano nos dias de hoje. Pois anestesiam grande parte da população através de suas manobras televisivas, filmes, programas de auditórios, reality shows, programas infantis, e nos dias atuais temos o fator convergência digital, o qual aglomera os aparelhos midiáticos em um só aparelho, então o indivíduo, joga, escuta, vê, interage com as mídias. Vale lembrarmos, que essas ferramentas ajudam no dia-a-dia de certos indivíduos ditos críticos, os quais possuem uma visão da sociedade em sua plenitude e complexidade. Mas em outros indivíduos considerados acríticos esses produtos da indústria cultural age no cotidiano de cada um maquiando a realidade, para assim tornar suas verdades únicas e incontestáveis.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. A, A Trajetória e os paradigmas da Teoria da comunicação”. Jornalista, doutorando em Ciência da Informação pela UFMG e professor licenciado das Faculdades Integradas de Caratinga. Depto. de Comunicação da UFMG.

ARMAND; MITTELART M., Histórias das Teorias da Comunicação. São Paulo SP: Editora Loyola, 3ª Edição, 2000.

CAMPOS, Renato Márcio Martins de. Teorias da Comunicação: as correntes teóricas no estudo da comunicação de massa. Revista Uniara. N° 19. Araraquara: Uniara, 2006.

SOUZA, Jesus B, Meios de Comunicação de Massa. São Paulo SP: Editora

Scipione, 1996.

Ana Maria Gama
Enviado por Ana Maria Gama em 13/06/2011
Código do texto: T3032343