Formação Política e a MUDANÇA que queremos cada vez MAIS no mundo!

*Leonardo Koury Martins

Leonardo Koury Martins – Assistente Social, Escritor e militante do Movimento de Ação e Identidade Socialista MAIS-PT.

O perceber dos fundamentos e a estruturação política

Involuntariamente está na hora, não podemos perder tempo, pois nossa construção e formação enquanto sujeito social nos permite entender que não podemos querer cada vez mais nossa ação perante os problemas do mundo se não organizamos numa proposta clara de formação político social que de conta de através da educação popular construir a mudança que queremos.

Não é do simples acaso proponho enquanto membro desta tendência tamanha a ousada orientação. A construção de uma nova juventude se amplia ao longo do nosso tamanho a uma nova militância (entendendo que mudamos a cada dia de faixa etária) se aproxima dessa construção.

Devemos buscar um diálogo ideológico sobre o que temos, queremos, sonhamos e como construiremos desde que os pontos de partida da nossa formação e nossa construção advêm do mundo.

Nossa formação deve-se passar por alguns autores de esquerda, mas também dialogar com a contemporaneidade e as formas de comunicação da juventude brasileira e mundial. Proponho a discussão de três eixos metodológicos para uma formação que constrói uma base de organização política e social a tod@s.

O aspecto formulador e da orientação teórica

De acordo com Paulo Freire (1992), “ninguém educa ninguém, e ninguém se educa sozinho, somos educados entre si mediados pelo mundo.” Partindo deste pressuposto, a educação é um processo que vai além da aprendizagem e escolarização, pois os conhecimentos não se hierarquizam, mas se completam na dimensão que o percebemos frente às mudanças do mundo. Este modelo como também referenda Sérgio Haddad propõe uma nova organização educacional percebendo na formação teórica, possibilidades de discussões sobre opressão, diversidade e política no processo formativo construindo uma educação na linguagem popular e de continuidade.

Rosa Luxemburgo e Antônio Gramsci nos trazem elementos apesar de aparentemente distantes, mas linearmente conjugados quando trabalhamos autonomia e liberdade. O conhecimento do educador não pode ser proferido na ótica da opressão a quem esta se educando no processo formativo e nem em minoridade com a lógica antes adotada, portanto as formas teóricas de construção desta formação política devem ser abertas aos sujeitos que dela buscaram desde a escolha dos temas até mesmo na sua condução.

Assim podemos diferenciar esta proposta teórica das outras formas de educação trazidas pela esquerda brasileira, principalmente dentro dos espaços partidários onde quando não segmenta o conhecimento buscando trazer só 0 que o interessa ao formador, trabalha na perspectiva de doutrina, perdendo a dimensão ética da liberdade e da autonomia, pois de acordo FREIRE (1992), “ninguém é sujeito da autonomia de ninguém”.

O aspecto metodológico e estrutural

Não se pode conceber uma formação política nos moldes da esquerda que não perpassem sobre campos claros referentes à análise de conjuntura e um diálogo que se aproxime das relações materiais, históricas e dialéticas não deixando por menor a formação de uma nova cultura de liberdade.

Para Gramsci (1929) a formação política deve compreender em três diálogos simultâneos, que envolve o aspecto cultural, comunicativo e de trabalho ideológico.

O aspecto cultural traz a concepção de novas formas de visões micro e macro (sociais, econômicas, organizacionais) que em sua totalidade expressam a diferente atuação na vivência cidadã e militante, no como vamos dizer / pensar e propor numa ótica de transformação societária.

Na lógica da formação comunicativa, entender que não apenas o que temos de prática cotidiana, mas quais meios ou formas de linguagem aplicarão no nosso dia a dia, qual público busca-se e qual direção dá ao que fazemos enquanto militância. Buscamos a juventude como membro de uma classe trabalhadora? Se for este o seguimento devemos entendê-lo primeiramente o que seria classe trabalhadora e como dialogar, seja nas redes sociais ou no dia a dia do movimento social ou até mesmo de quem nem se organiza.

No trabalho ideológico a percepção de que nos deve o papel de intelectuais orgânicos, já que nosso mínimo de conhecimento possibilita a outras formas e visões de mundo. Ampliar nossa análise de conjuntura como também possibilitar novas reflexões enquanto trabalhador@s. Que nosso traçado frente a uma nova cultura política assim como Florestan Fernandes (1973) “não pode estar dissociado ao povo”, caso esteja corremos o risco de estarmos involuntariamente aliados àqueles que exploram o povo. Nossa ação enquanto militância deve estar cada vez mais presente e organizada nas proximidades das manifestações da Questão Social e no dia a dia dos movimentos populares que necessita cada vez mais dessa militância voltada à intelectualidade orgânica tanto na produção de materiais de informação quanto no diálogo com o Estado e na formação política cotidiana.

O aspecto de materialização da formação e prática educativa

A formação se dá ao cotidiano, na vivência, no processo de aceitar e negar “as coisas do mundo” na idéia de Darcy Ribeiro de não se resignar ou de se acomodar frente ao que nos é conquistado ou concebido.

O fomento da prática política dos sujeitos que buscamos enquanto intermediários da nossa ação formativa seria a afirmação de que sua ação cotidiana pode agregar novos elementos e não uma análise simplória do certo ou errado como se propunha modelos pedagógicos ultrapassados.

De acordo com Netto (1996), “quem erra na análise erra na ação”, tendo a formação política o fracasso quando ao invés de integrar conhecimento acaba-se transformando num ato avaliativo do que é ou não é revolucionário.

Pensar que o modelo escolar da sala de aula não cabe mais a formação política e que o processo de formação deve ser propiciado em outros espaços onde não aparentem a hierarquização e o mesmo seja propiciado por novos atrativos tendo a novas práticas educativas e as novas tecnologias como suporte a formação.

Portanto, a mudança que queremos no mundo, cada vez mais deve partir da construção destas e outras formas do debate sobre política como também da utilização de novas linguagens e na diversidade de produzir conhecimento que nos faz ousados no aspecto formativo, hereges na lógica de termos necessidade de nova cultura política e anormais na ótica que podemos construir coletivamente nossa formação que não pode ser dissociada a igualdade de condições, a diferença humana e na liberdade do mundo que buscamos cada vez mais.

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Referências Bibliográficas:

NETTO, J. P. Transformações societárias e Serviço Social. Notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, 1996. n. 50

FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992, 245 p.

REVEJ@ - Revista de Educação de Jovens e Adultos v. 1, n. 0, p. 1-113 , ago. 2007