Em dia com a fé espírita

Poucos sentimentos se apresentam tão enigmáticos e perturbadores quanto a dúvida sobre a própria verdade espiritual. Em que realmente acreditamos? Em que verdade podemos depositar nossas esperanças?

Existem muitas respostas e , se procurarmos com vontade , encontraremos uma que nos satisfaça. Eu não disse que existem muitas verdades , mas sim muitas respostas, porque a verdade embora única e universal, não se submete a uma doutrina ou religião.

Ela, a verdade, se apresenta a nós na exata medida em que possamos comprendê-la. Um indicativo de que estamos no caminho certo é o quanto nos sentimos bem e confortáveis com as idéias que adotamos.

É necessário, sempre que possível, fazermos um exame em nosso coração. Por exemplo, quando adotamos o espiritismo, deixamos para trás outras crenças que já fizeram parte de nossa vida, como o catolicismo ou a fé evangélica, é, portanto, muito comum que em algumas circunstâncias fiquemos em dúvida quanto ao que realmente acreditar.

Por mais evidências, cientificidade e lógica que o espiritismo nos forneça ele concorre dentro de nosso inconsciente coletivo com uma espiritualidade ancestral e irracional que tem sua base numa interpretação religiosa tradicional.

Se esse tipo de dilema enfraquece a nossa fé, nada há de errado em avaliarmos se ela ainda nos satisfaz. Sempre caberá a cada um de nós escolher em que acreditar e conviver com essa escolha enquanto ela nos parecer satisfatória.

O ideal é que busquemos nos fortalecer em torno das razões que motivaram nossa escolha, independentemente de qual ela seja, para não balançarmos com qualquer vento que sopre.

Outros e diferentes dilemas podem surgir talvez, não em torno da nossa fé , mas sim na maneira que elegemos para conduzí-la.

Toda fé impõe uma prática. É recomendável que essa prática seja regulada para se adequar à nossa capacidade de realização , sob pena de gerarmos um desgaste desnecessário para nossa vida.

A prática mediúnica é atividade de grande valor caritativo e educacional , tanto para o médium quanto para os encarnados e desencarnados que dela se valem para atender suas necessidades, mas traz responsabilidades.

O médium tem o dever para consigo mesmo de avaliar se está em condições de arcar com as responsabilidades decorrentes de sua prática espiritual. Se não estiver, melhor que não as assuma, para não sofrer.

Algumas formas de manifestação da mediunidade, infelizmente, não permitem ao médium negligenciá-las sem sofrimento e, nesse caso, torna-se imprescindível buscar aceitação através do estudo profundo da doutrina espiírita para assim encontrar a compreensão do fenômeno e formas de canalizá-lo de maneira útil e produtiva.

Isso certamente permitirá ao médium um convivência mais harmônica com seu dom.

Outros desafios que podem se apresentar ao médium estão no plano da convivência com os companheiros do centro. Desentendimentos, pessoas autoritárias e insensíveis, indiferença, desprezo, discriminação , hipocrisia e outros problemas próprios da convivência humana podem trazer o desânimo.

Para a superação da maioria destes problemas precisaremos lidar com o nosso ego, quanto menor o tornarmos menos dificuldades teremos.

Quanto mais perdoarmos, compreendermos, auxiliarmos, mais próximos estaremos de Jesus, mais distantes dos problemas e mais em dia com a nossa fé.