O TESOURO OCULTO

Jesus caminhou entre nós e não tinha uma pedra para apoiar a cabeça, escolheu nascer na estrebaria, filho de carpinteiro, sem títulos ou privilégios, trajando a túnica inconsútil da simplicidade! No entanto ninguém pode aquilatar a sua riqueza, sua luz, seu Amor! O mestre do Amor e da Humildade nos trouxe a “Boa Nova do Reino de Deus”. Anunciou à humanidade e implantou o Reino de Deus entre os homens. Vemos nas descrições evangélicas Jesus falando o tempo todo do “Reino” que ainda não era deste mundo. Do que Jesus falava?

Vejamos a argumentação de Vinícius, no livro “Em torno do Mestre” no capítulo “O Reino de Deus”, editado pela FEB:

“Tendo os fariseus perguntado a Jesus quando viria o Reino de deus, ele respondeu: O Reino de Deus não vem com mostras exteriores. Por isso ninguém poderá dizer: ei-lo aqui, ou ei-lo acolá, pois o Reino de Deus está dentro de vós.

Concluímos da resposta do Mestre que o Reino de Deus está em nós próprios. Não obstante, é ele mesmo quem assim adverte: Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, tudo o mais vos será dado por acréscimo. Como? Buscar aquilo que está em nós? E depender dessa pesquisa todo o nosso bem?

A explicação nos é dada na seguinte parábola: O Reino de Deus é semelhante a um tesouro oculto no campo, que foi encontrado por um homem, o qual, movido de grande gozo, foi vender tudo que possuía e adquiriu aquele campo.

Agora podemos entender: O Reino de Deus está em nosso espírito mesmo, porém oculto e ignorado. Possuir e ignorar que possui, equivale na não possuir. Ter e não saber que tem é como se não tivesse. Daí a necessidade de procurá-lo. E, pelo dizer da semelhança, é de inestimável valor esse tesouro ou Reino de Deus. Tanto assim que todo aquele que o descobre, coloca-o desde logo acima da tudo o mais. Este asserto é corroborado por outra parábola: O Reino de Deus é semelhante a um negociante de pérolas que, encontrando uma de subido valor, foi vender tudo que possuía e a comprou.

Já sabemos algo de importante sobre o caso. Mas, que será, afinal, o Reino de Deus e que idéia devemos fazer desse tesouro oculto em nosso espírito/ o Reino de deus é o conjunto de energias e faculdades que jazem latentes em nossa alma. È o reino da vida, da imortalidade e do poder, do qual só nos aperceberemos depois que começamos a sentir em nós as vibrações da vida espiritual, cuja atividade se exerce através do Amor e da Justiça, empolgando nosso ser.

Que é de fato, o reino da força que tudo vence, nos diz este outro apólogo: O Reino de Deus é semelhante a uma semente de mostarda, que um homem semeou no campo. Esta semente é, na verdade, a menor de todas as hortaliças, e se faz árvore, de sorte que as aves do céu fazem ninhos em seus ramos. Tal é como o mestre revela a incomparável energia de ação e expansão que se esconde no Reino de Deus. E que essa ação se verifica através do sentimento da justiça, sabemos por esta outra admoestação do Senhor; Se a vossa justiça não for superior à dos escribas e fariseus, não possuireis o Reino de Deus.

O roteiro, portanto, que conduz ao tesouro oculto é um só: o cumprimento do dever, a prática do bem, a conduta reta. “Nem todo o que me diz, Senhor! Senhor! Entrará no Reino de Deus, mas somente aqueles que fizerem a vontade de meu Pai. Naquele dia, muitos me dirão: Senhor! Em teu nome nós profetizamos, expelimos demônios e obramos maravilhas, e eu lhes direi: Apartai-vos de mim, vós que vivestes na iniqüidade.”

E o rei então dirá: Vinde, benditos de meu Pai, Possui como herança o reino que vos está destinado desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber: era forasteiro, e me recolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo e preso, e me visitastes. Então perguntarão os justos: quando, senhor, te vimos com tais necessidades e te assistimos? E o Rei retrucará: “Em verdade vos digo que quantas vezes o fizeste a um dos meus irmãos mais pequenos, a mim mesmo o fizeste.”

Sabemos, então, já, o que é o Reino de Deus, onde se oculta, e o que fazer para possuí-lo.”

As palavras de Vinícius por si só, explicitam a mensagem do Messias e o convite à humanidade, que descubra o imenso tesouro que jaz em todos nós. Paradoxalmente a maioria dos homens buscam com avidez os tesouros ilusórios que estão no exterior. Buscam ser felizes em “ter” e não em “ser”.

Os antigos já recomendavam: “Homem, conhece-te a ti mesmo”! e o homem tem buscado e conhecido tudo a seu redor, menos o seu interior, sua alma, seu espírito, sua essência... seu tesouro!

Esta página do livro “Sabedoria de um minuto” de Anthony de Melo – Edições Loyola; ilustra o que dizemos:

Conhecimento de Si

“Um jornalista perguntou ao Mestre qual era a principal característica deste mundo em que vivemos.

E, sem hesitação, responde o Mestre:

_ Nos tempos que vivemos, as pessoas conhecem cada vez melhor o Cosmos, e cada dia, menos a si mesmas.

Certa vez um astrônomo o deixou todo maravilhado ante os prodígios da ciência dos astros... então disse o Mestre:

_Neste mundo fantástico do espaço há muita coisa estranha, muito estranha: os quasars, os pulsars,”buracos negros”...

Mas nada no universo é tão estranho quanto o mundo interior de cada homem.”

Mas a propósito. Falávamos do tesouro! E tesouros não podem ficar à espera, urge encontrá-los e possuí-los! Talvez agora o leitor se pergunte: Como ter efetivamente este tesouro? Esta é a busca que te move?

O mestre Jesus enfatizou: Buscai e achareis! Todos os homens têm buscado com todas as forças a felicidade, todos querem ser felizes, mas só o podem ser os que compreenderam que a felicidade está em nosso interior! Enfatizamos: Felicidade é estado de consciência! Somente quem se auto-descobriu pode ser plenamente feliz, mesmo em um mundo de provas e expiações!

Analisemos com atenção o seguinte texto do livro “Paz Íntima” do espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco:

Entrar no Bosque

“ Na periferia de um bosque exuberante, vivia humilde lenhador que se contentava em vender galhos secos, troncos de árvores vencidos pelo tempo, sustentando-se e à família com o deficiente resultado deste esforço.

Certo dia orou a Deus, rogando ajuda, e o fez com todo empenho e unção.

Posteriormente, passou pela porta da choupana pobre, onde ele morava, um homem santo que lhe propôs, bondoso:_ Entra no bosque.

Na manhã seguinte, curioso com a sugestão recebida, o lenhador adentrou-se no bosque, a princípio cautelosamente, depois com entusiasmo ante a beleza que defrontava, e encontrou uma deslumbrante reserva de mogno.

Fascinado com a madeira nobre, cortou alguns toros e, ajudado por vizinhos, vendeu-os, mudando de condição econômica.

Lentamente organizou uma serraria e passou a utilizar as árvores preciosas, enriquecendo-se.

Contava, então, quarenta anos.

Meditando em certa ocasião, recordou-se da proposta do sábio e adentrou-se mais no bosque, descobrindo uma mina de prata.

Tomado de felicidade incontida, registrou o achado, fazendo uso da jazida, sem abandonar a madeireira.

Aumentou os recursos e construiu uma fortuna.

Aos cinqüenta anos, agradecendo a Deus, pareceu ouvir na acústica da alma, outra vez: entra no bosque.

Utilizando-se de veículo adequado, com auxiliares penetrou mais na floresta, deparando um veio aurífero, que passou a explorar...

Rico e famoso, desfrutando dos bens amoedados e das comodidades mundanas, aos setenta anos, enfrentava as exigências de muitos empresários e funcionários, de fiscais e outras pessoas diletantes. Refugiou-se no silêncio da meditação e voltou a ouvir a mesma orientação: entra no bosque.

Dessa vez, porém ele entrou nas paisagens de si mesmo - o bosque da existência - e encontrou a paz, nunca mais ambicionando nada.”

O seu tesouro, a sua iluminação, o seu Nirvana sempre esteve em seu interior! Em sua alma estão todos os dons à serem despertados: O Amor,, a Sabedoria, a Arte, a Paz, a Alegria... a Plenitude!!!

Encerramos este capítulo com a provocativa e enigmática linguagem do Mestre que nos instiga nas preciosas páginas de Anthony de Melo:

Empobrecimento

“De uma terra distante veio, um dia, certa pessoa para ver o Mestre o qual lhe perguntou, logo de início:

_ Que coisa veio procurar aqui?

_ A iluminação, responde o outro.

_ Mas se você possui seu próprio cofre ou Casa do Tesouro, por que sai para buscá-la fora, em outra parte?

_ Onde está minha Casa do Tesouro?

_ È esta grande busca que te move!

Neste momento, então, o homem sentiu-se completamente iluminado.

Mais tarde ele dizia a seus amigos:

_Entrem, meus caros, dentro de si mesmos e apreciem, aí, os seus tesouros!”

Divina Alma

Bernardo Maciel

Exalto e evidencio nestes versos

sempre o mesmo tema recorrente...

A maior das descobertas subjaz latente

na Alma Humana e seus mistérios!

Encontra-se a felicidade,

tão perto e tão distante...

Aqui ou mais adiante

nos descobriremos!!!

O sentido da vida,

a mais sublime aspiração,

em profunda incursão...

nós perceberemos!!!

Homem, tu és imagem e semelhança

do inigualável Criador,

que jaz em ti adormecido

aguardando a descoberta interior!