NÃO SER APENAS SOCIAL...SER HUMANO !!

Artigo publicado no Diário de Petrópolis em 4 de dezembro de 2013.

NÃO SER APENAS SOCIAL...SER HUMANO

CARMEM TERESA DO NASCIMENTO ELIAS

Em palestra recente, na Academia Brasileira de Letras, sobre a contemporaneidade e seus problemas, o Professor Cândido Mendes alertou sobre a grave questão da incomunicabilidade.

Vivemos uma Era em que os canais de comunicação nunca foram tão amplos e abrangentes, principalmente, graças à expansão da internet. Paradoxalmente, contudo, esse índice de inter-comunicabilidade tão grande compromete a sua própria sustentabilidade. Pesquisas demonstram que mais de 50 % da população das cidades está conectada simultaneamente em conversas com quatro ou cinco pessoas, e que o índice de atenção dado a cada troca efetivamente significativa de conteúdo nas mensagens cai vertiginosamente na mesma proporção em que mais e mais nos comunicamos virtualmente. Não raro é o caso em que um indivíduo pensa estar interagindo com o mundo quando, em realidade concreta, está em profundo isolamento e solidão diante de uma tela dirigindo-se apenas a si mesmo.

A comunicação, acima de tudo, é uma troca, não apenas de informação, mas também um elemento vital para a formação e manutenção de laços de amizade e emoções. À medida em que o ser humano e a sociedade se tornam competitivos, exclusivistas e egoístas, tais elos não mais se formam. Como consequência, seres humanos vistos como não mais sendo ‘produtivos’ ou ‘ socialmente úteis’_ sob óticas materialistas, é claro_ são facilmente excluídos de aceitação, respeito e cidadania.

Nesse momento, de ensejos natalinos, a oportunidade de revermos o conceito de fraternidade é sempre reposta. Deveras, é uma questão para todo e cada dia do ano, diante do contraste com o egoísmo, o isolamento e a exclusão.

Um dos pontos ao qual me refiro por exemplo, é a situação dos idosos em asilos. Há abrigos muito bem estruturados, onde todos os critérios do bem estar são respeitados. Porém há também muitos idosos que são, simplesmente, abandonados em qualquer instituição e vivem à mercê do isolamento social e do esquecimento de suas próprias famílias, como se fosse peças descartáveis!

Há diversas campanhas sociais que recolhem roupas, alimentos, donativos para orfanatos e asilos, e são, sim, dignos de reconhecimento pela ação desempenhada. Entretanto, acima de tudo, não se pode esquecer a importância de cada um de nós tirarmos alguns minutinhos de nosso egoísmo e, presencialmente, nos dirigirmos a uma desses estabelecimentos para trocar uma palavra, para ouvir uma historia de vida, para abraçar, para acolher, para olhar nos olhos, para provocar um sorriso, em crianças ou idosos que, mais do que materialmente carentes, são também carentes de humanidade.

Diga Bom dia a seu vizinho. Abrace seu parente. Sente-se à mesa com seus amigos. Leve um sorriso e atenção a um desconhecido que, acima de tudo, precisa demais de você enquanto pessoa humana.

E conte a seus conhecidos, sim, que você fez e faz isso. Que você praticou e pratica ações humanitárias junto aos carentes ou excluídos! Porque só assim, expondo-se como exemplo, você poderá conscientizar mais e mais pessoas a cerca da necessidade imperiosa de dirigir um olhar e um gesto de amor em direção ao próximo.

Faça-se presença e mostre a outrem. Isso é cidadania! Dar-se como exemplo não se trata de exibicionismo, mas o contrário, sim, é egoísmo, isolamento e solidão.

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Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 07/12/2013
Código do texto: T4602652
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