Escritores selecionados
para "O livro do fim do mundo"

Fui agraciado com a honraria de selecionar os textos para a segunda parte do “O Livro do Fim do Mundo”. Marreco Bill e Kchaço concederam-me a oportunidade de trazer ao sol autores – por enquanto – desconhecidos, que merecem o seu espaço literário e a oportunidade de iniciar uma carreira brilhante. O blog Geração X2 – fundado em 2011 por Kchaço e Marreco – fez um excelente trabalho com a primeira parte do livro – O Apocalipse – e, agora, dá continuidade com a segunda – O Êxodo. Não fiz parte da primeira obra porque sou novo na turma. Tive o privilégio de entrar para essa fantástica galerinha em janeiro de 2014. E, desde lá, venho me dedicando com afinco a esse trabalho tão gostoso que é escrever no Geração X2. Mingau Ácido ama o Geração X2. Gravamos um divertido podcast, apresentado, como sempre, de maneira extrovertida pelo comunicativo Kchaço, no qual anunciei os vinte Escritores – sim, com letra maiúscula, merecidamente – para integrar este livro com uma temática tão criativa! Os comentários do carismático Marreco, do sapiente Linguiça e da espontânea Carol – a antipática simpática (risos) – foram cruciais para a graça desse programa que fizemos com tanto regozijo. Infelizmente, por uma crueldade do destino, o arquivo de áudio foi perdido. Kchaço empenhou-se, laboriosamente, como sempre, na edição do programa durante dois dias, porém o arquivo era muito grande – resultado da gravação de dois programas, em duas quartas-feiras subsequentes, que fora transmitido ao vivo pela Rádio Geração X2 – e corrompeu, de modo lamentável, o HD. Todo um trabalho carinhoso dessa equipe foi desperdiçado, o que – confesso – me fez chorar copiosamente. Mas a minha resiliência falou mais alto e eu utilizei a minha arte preferida – a escrita – para fazer reviver o bom trabalho dessa equipe de heróis que é o Geração X2.

Além dos textos do Marreco, do Kchaço e do Mingau Ácido, teremos os textos de mais vinte autores selecionados, por mim, para fazer parte desse Livro. Aqui estão eles!

Aqui vai os parabéns do Mingau Ácido para: Maurílio Montanher, Felipe Sali, Ramon Matheus Bouzo, Bernardo Fontaniello, Wilson Faws, Edih Longo, Heitor, Ginwalk, Ghost, Raul Gimenez, Eduardo Santos, Jen Bastian, Ana Aires, Gabi Gatti, Capuz, Careli, Rafa Zart, Norah G. Haron, Sr. V. e Henggo. Juntos, faremos parte do “O livro do fim do mundo – segunda parte – Êxodo. Esses Escritores novos vão dar o que falar. Parabéns, turminha! Vamos nessa. A viagem está apenas começando.

Critérios utilizados por Mingau Ácido para a seleção dos autores:

A – qualidade intrínseca dos textos

Obviamente, o primeiro critério foi a qualidade do texto.

B – diversificação das categorias

Procurei selecionar textos de categorias diferentes: humor, aventura, suspense, romântico, poético, filosófico, drama, etc.

C – Diversificação das extensões dos textos

Alguns textos são mais extensos e outros menos, para agradar a todos os paladares literários. Há tanto o prazer de desfrutar por tempo maior os conteúdos superiores em tamanho como o gosto por ideias sucintas.

D – Valor exógeno de cada texto

Coloquei-me no lugar do leitor. O que o leitor sente enquanto lê o texto? Emoção que cada texto provoca no leitor.

E – Diversificação das faixas etárias dos personagens

Principalmente, nos textos que são narrados em primeira pessoa.

1 – Escambo Fatal – Maurílio Montanher

Selecionei essa crônica para o livro por sua originalidade. Identifiquei-me com a economia, ironia, sexologia e “coca-colia”. Montanher é hábil em ironizar a igreja, pegando no seu maior calo, tratando com astúcia de um tabu delicado e polêmico. O texto é narrado em primeira pessoa e o personagem principal, assim como eu, é formado em economia e viciado em Coca-cola. A ironia é ácida, como a minha. O erotismo é sutil e mantém a classe, sem cair na vulgaridade, da mesma forma que eu me preocupo em abordar o tema, quando falo sobre sexo. A reflexão sobre o sistema monetário de troca é perspicaz e bem humorada. Por isso, inventei uma categoria para o texto: ciências econômicas humorísticas.

2 – A Nimbus – Felipe Sali

Felipe Sali mereceu o seu lugar, no livro, pela sua argúcia no trato do tema “esperança”, mesmo que seja uma mentira (talvez). Nós, humanos, precisamos de algo para crer e dar continuidade numa vida, com futuro incerto. Podemos morrer amanhã, mas temos que acreditar que estaremos vivos – para ter motivação para sair da cama – e ter em mente que tudo dará certo. Fez-me lembrar da música do Cazuza: “Ideologia” (eu quero uma pra viver). Enquanto houver esperança, a humanidade segue estruturada. Felipe pegou-me pelo meu ponto fraco ao fazer com que eu lembrasse, nos meus devaneios, lendo o seu maravilhoso texto, de um dos autores que mais admiro: o escritor inglês George Orwell e a sua magnífica obra “1984”, pois o texto trata o Estado como um ente abstrato, assim como faz Orwell. Categoria: aventura.

3 – O objeto – Ramon Matheus Bouzo

O personagem principal, Zé Francisco, é um homem humilde e lembra-nos acerca da importância da valorização das coisas simples da vida. Recordaremos disso no fim do mundo, com certeza, se um dia nos confrontarmos com ele, entretanto é importante que nos lembremos todos os dias. Ramon dá a nós uma forcinha para isso, despretensiosamente. A inocência do personagem dá o tom e a graça do enredo. A hostilidade entre as duas tribos – cinzentos e vermelhos – surge no texto, dando uma coloração ao enredo que merece destaque. Numa certa altura, o suspense toma conta: o que é o objeto? Só se descobre no final do texto… e o leitor vai até o fim, numa tacada só, para descobrir isso. Bouzo sabe cativar e direcionar quem lê. Segue-se em busca de Altamira, o objetivo de Zé Francisco. Não se sabe se o boato a seu respeito procede, mas se vai. Não há comunicação para que haja a confirmação sobre as benesses dessa região. Esse fato, para nós, que somos da Geração X – nascidos na década de 70 – dá um tom prazeroso: conhecemos a internet e o celular por volta dos 20 anos de vida, passamos a nossa infância na década de 80 e a nossa adolescência na década de 90 – a década da revolução tecnológica, que começou sem TV a cabo, celular e internet e terminou com tudo isso e muito mais. Na nossa infância e adolescência, não havia comunicação instantânea, como há hoje, e não sabíamos o que acontecia, automaticamente, no mundo inteiro. No fim do mundo de Ramon, existe essa nostalgia, podemos reviver essa fase de nossas vidas, nas entrelinhas. Categoria: suspense original.

4 – Artur e o fim do mundo – Bernardo Fontaniello

A ironia de Fontaniello é o elemento surpresa do texto, muito interessante. O autor faz o leitor torcer pelo sucesso do personagem , que dá o seu nome à crônica. Sofremos com ele uma decepção que dói no coração. O nosso espelhamento, no personagem, dá-se por certo, em especial para o público masculino. É um texto bi-categórico: romântico e bem humorado.

5 – Barbaridades – Wilson Faws

Um suspense bem dosado, que não exagera na dose e não irrita o leitor, sem ficar chato. O leitor embarca junto com a personagem Olívia nessa aventura. Em dado momento, nos assustamos, em outro, ficamos aliviados. E no fim, inevitavelmente, choramos e sorrimos de satisfação. Parece que a vitória de Olívia foi nossa. Faws é um bravo autor, que torce, acompanha e almeja o seu lugar. Aqui está ele, Wilson Faws. Quem acredita sempre alcança. Categoria: suspense clássico.

6 – A Colcha de Patchwork – Edih Longo

Diferencia-se pela faixa etária da personagem, uma senhora , dona de casa, com marido e filhos, ao contrário da maioria dos outros personagens, jovens e do sexo masculino. Valoriza-se a família e dá-nos a oportunidade de rever nossos conceitos. Assim como eu, no meu texto para esse mesmo livro, Longo faz alusão a Carlos Drummond de Andrade. É apenas uma coincidência, pois escrevi o meu texto antes de ler o da Edih. E a nossa alusão ocorre de forma bem distinta. A escritora frisou bem sua preocupação com os regimentos da seleção e foi bem sucedida, também, nesse aspecto. Categoria: reflexão cotidiana.

7 – Start back up, start reboot – Heitor

O texto é bonito. O final da estória é bonito. O autor exagera – no bom sentido – a beleza no meio da catástrofe. Cumpre-se a missão do artista: encontrar o bonito no feio (fim do mundo). Os diálogos do personagem principal com o seu Luiz são comoventes. Categoria: texto poético.

8 – O percurso de um psicólogo bêbado, um poeta perturbado e nada mais – Ginwalk

A estória começa com a leitura do diário dos personagens: Watts e Volts, dois amigos de faculdade, que estão presos. A desconfiança entre os amigos dá o charme. Um não quer confiar arma ao outro. O que se é capaz de se fazer com uma arma quando não existe lei? Mesmo assim, seguem juntos, precisam um do outro (um olho no peixe e outro no gato). Como numa boa trama, não poderia faltar uma mulher entre os dois amigos, a Jennifer, outra colega dos tempos de faculdade, cobiçada por ambos. O final é surpreendente e fez-me lembrar de um dos meus filmes preferidos: “Clube da Luta”. Categoria: suspense ácido.

9 – O salvador – Ghost

Texto que incomoda, positivamente. Mexe com o humor do leitor de forma diferente, como nas tragédias gregas interpretadas no teatro. Daquelas que a gente sai confuso. Um texto, para ser bom, não necessita, necessariamente, mexer com as boas emoções. Ghost fala do comportamento de um psicopata que vive o fim do mundo. É oportuno, aí, lembrar da diferença entre comédia e humor. A primeira é pra rir com a boca e o segundo é para, acima de tudo, rir com os neurônios. Percebe-se que o autor confia na inteligência de quem lê. Categoria: trama comportamental.

10 – O celular que funciona – Raul Gimenez

Diferencia-se da maioria dos demais textos por não focar o homicídio e o canibalismo como temas centrais. Vai, diretamente, numa das principais consequências da proposta do livro: o não funcionamento dos aparelhos eletrônicos. Esse dado é abordado pelos demais textos, mas não com a mesma ênfase. No fim do mundo, os valores mudam: comida ou celular? As necessidades básicas vêm em primeiro lugar, nada é mais importante do que a comida. Depois disso, quando a geladeira está abastecida, ambiciosos que somos, por natureza, desejamos outras coisas: sexo, dinheiro, conforto, destaque profissional, reconhecimento público, acúmulo de riquezas, etc. Categoria: reflexão sobre os conceitos humanos e sua natureza.

11 – Filme trash – Eduardo Santos

Um casal de atores hollywoodianos, que foge do fim do mundo, e vem para o Brasil, é vítima de uma vingança xenofóbica, sem cair em clichês. O antiamericanismo do autor é exposto de forma original e divertida, sem o planfletismo insuportável da desgastada extrema esquerda. Categoria: ironia cruel.

12 – Apocalipse Zumbi? Bem que eu queria – Jen Bastian

A autora nos presenteia com uma visão ímpar do fim do mundo sob a ótica de um jornalista de 85 anos. As reflexões sociais ganham em qualidade e quantidade. Jen Bastian participou do concurso para o livro com diversos textos, todos curtos e precisos. Saquei bem o seu estilo. Ela não foi selecionada para a primeira parte do livro – participando com outros textos – , mas conseguiu conquistar o seu lugar à luz, nessa nova seleção. Está aqui a sua oportunidade, Jen Bastian. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Categoria: crítica social.

13 – Nos vemos em outra dimensão – Ana Aires

Vivian Ferraz, uma analista de dados, é apaixonada por Guilherme. Considerei importante fazer constar nesta publicação do Geração X2 um texto com essa característica. Ana Aires é boa no seu estilo. Aborda bem a reconciliação familiar e o amor, cavando, com maestria, um espaço nesse gênero, aparentemente, tão saturado. Nos comentários de seu texto, seus amigos e familiares, dão seu apoio a essa aspirante a escritora e pedem, entusiasticamente, a sua publicação. Então está aqui a sua oportunidade, Ana Aires! Categoria: romance romântico

14 – Amarga esperança – Gabi Gatti

Gatti fala a respeito de dois irmãos no fim do mundo. Eles estão submersos num porão, onde, um dia, foi a cidade de São Paulo. Particularmente, gosto dos textos que citam a minha cidade natal e atual, tanto que faço o mesmo nas minhas crônicas. Mas a escolha não foi pessoal. Isentei-me e, mesmo assim, notei um texto criativo e bonito, no ponto que toca o amor de um irmão pelo outro, no sentimento de cuidado que o irmão tem pela irmã. A descrição bem detalhada de Gabi do ambiente destruído aguça os cinco sentidos do leitor e, também, o sexto, se houver, ao fazer o leitor tentar imaginar o fim. Categoria: tragédia.

15 – O pouco que nos resta de nós – Capuz

Texto aclamado pelo meu Grande Amigo Marreco. Confesso que fui influenciado pelo fato de “O pouco que nos resta de nós” ter caído nas graças desse cara que tanto admiro, de longa data. E, também, gostei do texto. Capuz conta a estória de um pai e sua filha e faz a gente refletir: o que significa ser humano? O que é estar vivo? Quando fala sobre o marca-passo da falecida mãe, que parou de funcionar, iguala, provocativamente, esse vital aparelho eletrônico a um eletrodoméstico qualquer, como geladeira ou televisão, despertando-nos a atenção para o nosso consumismo egoísta: a vida se iguala ao consumo, quando supervalorizamos nosso conforto. O autor dá um tapa com luva de pelica na nossa cara ao nos dizer que somos felizes e não sabemos, pois, quando a casa cai, ter tudo de volta, como antes, passa a ser o objetivo. Temos que remediar o que não soubemos dar valor. Categoria: drama.

16 – Instinto – Careli

Leva o autor a refletir sobre a irrelevância crônica e ínfima da vida humana na Terra, no momento em que nos lembra que a vida humana no nosso planeta já fora extinta outras vezes e que a Terra não é nada se comparada com a o Universo infinito. É o texto mais curto e mais filosófico que selecionei para o livro. Enquanto os outros textos utilizam, comumente, a hipérbole para realçar o fim do mundo, Careli marcha na contramão e diminui a sua importância. Por esse motivo, merece o meu aplauso e a minha escolha. Categoria: texto filosófico.

17 – Até ela – Rafa Zart

Peguei o “time” do texto e cheguei à conclusão que merecia fazer parte do livro. “O dia que deu m…” foi uma grande sacada do Zart. A estória começa no interior de um supermercado. Lá, sozinho, o personagem se preocupa com a seleção dos alimentos para comer o que vai estragar primeiro. Essa estratégia do autor, ao iniciar o texto, é bem sucedida porque consegue, logo de cara, trazer o leitor para a estória, fazendo ele imaginar como procederia, se colocado nessa mesma situação. Todos somos instigados a utilizar a inteligência e a racionalização quando estamos numa sinuca de bico. O Geração X2 já fez um podcast com o Rafa Zart, por isso sei que o autor, assim como o personagem, também é fotógrafo, e soube utilizar bem o seu conhecimento dessa arte para enriquecer o texto. A continuidade se dá com a narrativa do personagem sobre a queda do avião, no qual era passageiro, o esforço pela comunicação com os entes queridos e a busca pela amada Letícia. O restante é surpresa. O que mais me chamou a atenção foi o conflito ético do personagem, no momento em que se recorda dos furtos de celulares no avião. O texto possui doses bem distribuídas de suspense e romantismo, mais suspense do que romantismo. O que aconteceu com os corpos que sumiram? Foram arrebatados? A narrativa intriga e o personagem vai buscar explicação dentro de uma igreja. Categoria: aventura estratégica e romântica.

18 – Entre coisas e carniças – Norah G. Haron

Selecionei esse texto por sua qualidade literária no gênero aventura. Outras aventuras ganharam espaço no livro, mas essa é, saborosamente, clássica, com direito a um emocionante resgate no balão, na luta contra os inimigos, chamados de Altivos. Categoria: aventura clássica.

19 – Depois do xeque-mate – Sr. V.

Os diálogos com a Morte são muito bons. A Morte não sabe o que existe depois da morte. Dúvidas são lançadas acerca da existência de Deus. É um texto provocativo. O Sr. V. constrói uma Morte, às vezes, racional, às vezes, emotiva. Ela não é onisciente, mas tem notícias sobre outros que morreram porque ela fez o serviço. Fred, o personagem, é esperto e percebe que ficar amigo da Morte é um bom negócio. A minúcia precisa do autor leva à abstração de conclusões grandes sobre detalhes pequenos, como a análise de um simples pacote de bolacha pela metade. Se eu for escolher dois adjetivos para definir esse texto, utilizo a coerência e o equilíbrio. Tipo de texto que a gente lê e lembra daqui a muitos anos. Categoria: filosofia estratégica.

20 – Quando os monstros choram – Henggo

É para ler e chorar. Preparem os seus corações. Na minha opinião, é o texto com melhor trama, o que mais surpreende o leitor. É o segundo texto selecionado em que os personagens são pai e filha. Só que esse, possui a singularidade de ser escrito em forma de carta. Algumas partes são chocantes, todavia, o autor mostra-se habilidoso na arte de chocar e, concomitantemente, aliviar o asco do leitor, retrocedendo prudentemente. Henggo conta a estória de Marco, sua esposa Caroline e sua filha que estava sendo gerada, nos dias que sucederam à catástrofe do fim dos tempos. O mau estar entre o casal, durante a viagem, nos remete a sentimentos como: amor, revolta e esperança, além de provocar sensações em torno de acontecimentos de vingança, traição e reconciliação. Categoria: texto chocante.

Marcelo Garbine (Mingau Ácido) – @mingauacido – mingauacido.com.br

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