Demência senil

     Muitos idosos adquirem esta patologia que pode ser hereditária, ou adquirida com o passar dos anos, mais precisamente depois dos setenta e cinco anos.
     O idoso começa com confusão mental, esquece horários, distorce tudo, reclama de dores depois começa a cantar uma melodia estranha (um tipo de lá, lá, lá ou hum, hum, hum). Muitas vezes a doença é confundida como mal de Alzheimer.
     No Mal de Alzheimer as limitações físicas vão aparecendo mais rápidas, o cérebro vai ficando cada vez mais sem recursos para enviar mensagens não apenas de cognição como para o funcionamento físico também. O paciente perde além do contato com a realidade, vai parando de andar, comer, falar...
     Na demência senil, a doença acomete mais é o cérebro mesmo. Ao levantar o idoso esquece de onde está, confundi a vida com tempos atrás, pode trocar os filhos como sendo irmãos, se for viúva no caso da mulher, pode até confundir o filho como marido. A pessoa fala que não está com fome, mas ao colocar o prato de comida perto dela, esta degusta todo.
     Fala sem parar, reclama de tudo, exige atenção e presença o tempo todo. Às vezes fica alegre como criança, quer dançar, fala em namorar. Cisma que alguém de casa rouba suas coisas. Troca seus pertences de lugar sem parar. Gosta muito de doce, inclusive o café com leite exige que seja bem doce. Se não tiver diabete, ainda passa, caso contrário dá um trabalhão, se tiver jeito foge para comprar doces e outras guloseimas. Gostam de dormir bem cedo e acordar tarde. São metódicos e gostam de comer muitas vezes ao dia.
     O cuidador e parente deve ficar muito atento para não acreditar em toda confusão que eles fazem, deve observar muito, para não cometer alguma injustiça, tanto com o idoso, como com parentes que se aproximam deles.
     Estamos aqui em casa cuidando da mãe de meu esposo. Muitas vezes ela teima que tem mais de cem, anos, confundi nossos nomes. Como a personalidade sempre foi muito forte, fica ainda mais acentuada. Ficou muito possessiva com suas coisas e casa. Tem mania por chaves, fecha porta, abre porta, pergunta por chave o tempo todo, é muito repetitiva. Ela é muito carinhosa com meu esposo e não fica um minuto sem ele quando está aqui. Mas é uma pessoa muito boa. Outra coisa distinta nela. Não esquece seu dinheiro de jeito nenhum. Só que pensa que todo dia é dia de receber...
     Minha sogra tem três filhos, duas mulheres e um homem, meu esposo tem 65 anos, a irmã mais velha 69, e mais nova 63, ela tem 86 anos. Ainda bem que fica uma semana com cada filho, porque é muito difícil cuidar, é como uma criança. Temos que guiar em tudo, ao tomar banho, comer, deitar-se...Ao levantar acorda toda confusa, achando que está na casa aonde nasceu em outra cidade. Reclama porque acha que todos têm que ficar na mesma casa, ela e os três filhos. É necessário ter muito amor e paciência, pois não é fácil, e ficar bem atentos a cada mudança, em dar remédios, levar ao médico, enfim cuidar...
     Muitos filhos têm sintoma de negação, não aceitam a doença, mas com o passar do tempo a ficha vai caindo.  A gente dá risadas, com ela, pois também tem lá o seu bom humor... Ainda bem que ela anda, come sozinha e gosta de assistir televisão, embora esteja ficando surda.      Envelhecer assim não é fácil, as vezes ela fica triste por esquecer e confundir tanto, e fala que quer morrer, ficar com o velho dela. Aliás isto é o que ela mais fala, fazendo um pouco de chantagem emocional. Mas os filhos conseguem desviar o assunto...a gente sabe que de vez em quando ela fala a verdade, porque deve ser horrível depender das pessoas para exatamente tudo, logo ela que criou quatro netas para que as filhas pudessem trabalhar até aposentarem. Sempre foi muito dinâmica e agora está nestas condições. Ela rezava para a paz mundial todas as terças feiras, agora reza de vez em quando para dormir, só lembra da salve rainha e ave maria...
     Se o problema dela passar para mal de Alzheimer, é o que devemos ficar atentos...Só peço a Deus que não a deixe sofrer,e quando chegar a sua hora, que seja serenamente, que seja como o meu avô, que morreru dormindo com 96 anos.
 

 
Norma Aparecida Silveira Moraes
Enviado por Norma Aparecida Silveira Moraes em 05/06/2015
Código do texto: T5267213
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