Saberes e Sabores: Café

Tomar um cafezinho pode parecer um ato muito simples, como pode provocar um resgate de ideias e conhecimentos necessários para decidir qual café escolher, como preparar e como tomar. O processo de uma tomada de decisão para decidir qual café escolher e beber.

Conhecimentos históricos e geográficos começam a desfilar pela mente na escolha dos grãos de cafés utilizados no preparo. A começar pela introdução das primeiras sementes e mudas chegadas ao Brasil, introduzidas a partir de contrabandos discretos junto às fronteiras do norte do país. Passando pelas lembranças da política café com leite quando a predominância governista era proveniente dos lideres políticos paulistas e mineiros, e a herança da influencia holandesa ao misturar o café com o leite, estabelecendo um item matinal.

O interior do Estado do Rio de Janeiro já foi ocupado por inúmeras fazendas cafeeiras que hoje preservam a sua historia com o turismo rural e hotéis fazendas. A Floresta da Tijuca ocupa uma boa parte do município do Rio de Janeiro, um dia a área da atual floresta já foi uma plantação de café. A fazenda foi extinta e a região foi reflorestada com plantas nativas e preservada, tornando-se hoje a maior floresta urbana do mundo, chegando a uma altitude máxima de aproximadamente mil metros, com o Pico da Tijuca. Com outras elevações menores, formam divisores de água e uma barreira de ventos e umidade.

Outrora denominado como ouro negro, grandes embarques de café ocuparam as docas e os armazéns do porto de Santos/SP, trazendo divisas para o país, fazendo destaque na balança comercial. Antes o café era embarcado ensacado, e saca por saca era carregada pelos estivadores, da plataforma até os porões dos navios. Hoje o embarque é feito unitizado em contêineres, em embalagens diversas, estivados e fumigados em terminais fora da área portuária, sendo vistoriados e lacrados, para então serem encaminhados ao porto para aguardar o embarque.

Escolher um café é fazer uma escolha geográfica de cafés plantados na região de predominância, o sul de Minas ou o norte de São Paulo, onde estão as maiores plantações cafeeiras no Brasil. Escolher um grão é optar por latitudes e longitudes, optar por altitudes e as variedades de zonas climáticas, dos cerrados, das chapadas ou das matas.

Depois de escolhidos e classificados os grãos vem a escolha da torra perfeita a cada paladar. A torrefação tem como referencias de um café claro a um café escuro de acordo com tempos e temperaturas que podem

determinar e variar os sabores e aromas desde os mais suaves aos sabores mais marcantes, definindo bem suas identidades mais pronunciadas. Após a torra vem o processo de moagem, que pode ser à frio ou com os grãos ainda quentes logo após o processo de torra. Terminadas as tarefas de plantio e colheita, torra e moagem, escolhidas as embalagens, em potes ou pacotes, à vácuo ou embalagens tipo saches ou almofadas, vem a ciência do preparo ao escolher o tipo de coador a ser usado, e a temperatura da água a ser vertida sobre a quantidade determinada do pó.

O homem morador dos grandes centros sem sequer ter conhecido uma plantação ainda pode misturar grãos, tal como mistura seus conhecimentos e suas informações adquiridas, criando ideias e novos conhecimentos, as expertises e as visões transversais. Cruzando conhecimentos e cafés simples e aromatizados, misturando grãos comuns e diversificados com outros blends que são a certificação de suas qualidades e origens.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 08/12/2013 Jornal de Hoje

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 31/08/2015
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