Os maiores legados da Copa (parte 5)

O conhecedor de línguas e pensador Vilém Flusser, segundo Erick Felinto e Lucia Santaella (Vozes, 2012) foi um explorador de abismos. Nascido em Praga em 1920 viveu no Brasil, casou no Rio de Janeiro e morou em São Paulo, mais tarde voltou a Europa e faleceu na França em 1972. No entendimento de Flusser o futebol é uma instituição importada e financiada pela burguesia com a finalidade de dirigir as energias para canais inofensivos e sustentadores de uma situação.

O esporte tido como preferência e referência nacional tem mudado sua performance, reformando e transformando estádios; buscando um melhor desempenho e qualidade no quesito conforto dos jogadores e torcedores, imprensa e convidados especiais. O país não tem mais estádios de futebol, vem perdendo sua memória esportiva formada por estádios e campos, ícones do futebol foram demolidos.

O brasileiro alienou-se de sua realidade porque não conseguiu firmar-se em nada disse Flusser. O Brasil foi descoberto e colonizado por estrangeiros entre invasões e expulsões. Depois vieram novos estrangeiros como imigrantes e mão de obra após a abolição dos escravos. Já tivemos presença marcante de americanos durante os períodos de guerras, não só com ponto estratégico do Trampolim da Vitória, mas com missões da ONU em outros países e treinamentos militares das FFAA (forças armadas).

Agora com Copa do Mundo e com novos portos e aeroportos teremos presença de turistas, torcedores, jogadores e profissionais do futebol. O coaching presença obrigatória nos times e jogos de futebol, já se faz presente como treinador de carreiras e profissionais.

O Brasil possui agora Arenas, que a princípio são locais onde poderão e deverão ser realizadas partidas de futebol. Espaços construídos para abrigar torcedores e jogadores de um primeiro mundo. Seleções de futebol que representam países em uma competição é um critério de escolha dos melhores, a oportunidade de fazer um marketing pessoal e coletivo. Um campo de batalhas sem armas, apenas jogadores como símbolos de ataque e defesa com chutes em uma bola substituindo os tiros de canhão. Volantes em campo lembram as volantes de policiais que adentravam a caatinga e o sertão na época do cangaço.

Com gestões e indigestões, organizadores do campeonato mundial, exigiram qualidade na construção e no acabamento dos espaços desocupados pelos estádios e transformados em arenas. Empresas portadoras de qualidade ISO e NBR foram contratadas para construir arenas, e estas por sua vez, com regras ABNT e RH, exigiu qualidade e capacitação de seus funcionários e fornecedores, com adequação de normas e procedimentos. Por fim a FIFA tomará posse das arenas e administrará impondo regras durante o primeiro tempo, segundo tempo, intervalos e prorrogações. Somente no terceiro tempo os brasileiros retomarão a posse do campo.

Enquanto brasileiros estão em outras dependências da casa, um grupo na cozinha preparando uma gastronomia internacional requintada e outro grupo no quintal jogando

uma partidinha de futebol, aguardando novas ordens, um público seleto estará na copa desfrutando de um aparelho público com mobiliário novo e requintado. Um público recebido com honras nas salas de desembarque dos novos portos e aeroportos.

O governo junto com as FFAA já preparou um documento regulamentando a segurança, viveremos estados de sítio e estádios da FIFA. A segurança dentro das arenas e seu entorno estará garantida. Na periferia outras forças podem dominar territórios.

Arenas foram inauguradas oficialmente sem o habite-se e vistoria dos bombeiros. Jogos estão sendo realizados sem a total capacidade e com vistorias parciais dos órgãos competentes, a ART do CREA e a arte dos governantes. Estratégias de avaliação das estruturas e facilidades de acesso e fuga, com jogos e públicos locais.

Depois da Copa deverão vir novas finalidades, e novas responsabilidades sobre os espaços de arenas. Novas disputas nas arenas acontecerão. Esta é a expectativa para a Copa do Mundo 2014 a ser realizada em território brasileiro

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 26/01/2014

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 02/10/2015
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