28 DE JUNHO - DIA INTERNACIONAL DO ORGULHO LGBT

Como estudioso de religião, autor de dois livros sobre o tema, tenho observado que, embora a crença em Deus seja para muitos, o fator que os torna melhores para si mesmos e os outros, a mesma crença tem, por outro lado, feito milhões de vítimas inocentes pelo mundo. Em meus anos estudando religiões, constatei que os que mais sofrem devido à moral religiosa são os homossexuais, mulheres, crianças, dalits, minorias religiosas e livre-pensadores.

Em função da data, escrevo hoje sobre o grupo LGBT.

De acordo com pesquisas, adolescentes homossexuais são propensos a tentar o suicídio duas a três vezes mais do que os héteros. E a situação tem piorado nos últimos anos, sobretudo por conta do avanço dos fundamentalistas, que propagam em discursos nas igrejas, ou através de redes sociais, a mensagem contra o público LGBT. A propaganda anti-gay tem exercido forte influência em crianças e jovens, que crescem achando que os homoafetivos devem ser isolados, agredidos ou coisas piores. A cada dois dias, um homossexual é morto no Brasil por causa de sua orientação sexual. Dor, sofrimento, preconceitos, perseguições, agressões física e psicológica, e mortes por causa de um único “crime”: não fazer parte da maioria hétero.

Há basicamente dois tipos de pessoas que são contra o relacionamento homossexual:

1)Religiosos (maioria deles). O argumento usado é: “Deus é contra. Está na Bíblia (Levítico 20,13)”. 2)Ateus (desconheço a porcentagem que são contra). O argumento é: “é anti-natural, não quero isso para meu filho.”

Ora, é possível refutar os argumentos de religiosos e ateus que são contra a homossexualidade? Sim. Claro que não vai modificar a opinião deles, pelo menos da maioria. Mas mesmo assim coloco aqui as refutações para que, quem sabe, alguns deles reflitam melhor e pensem: com sua intolerância à homossexualidade, você está ajudando a aumentar os danos a milhões de pessoas que desejam apenas ter o mesmo direito que você: amar e ser feliz.

Refutando o argumento religioso:

Segundo os cientistas, a orientação sexual é inata. Se seu filho nascer gay, nem reza, nem terapia, nem castigo vão torná-lo hétero. O certo é amá-lo e deixá-lo ser feliz.

A principal razão para a homossexualidade ser proibida na Bíblia (em Levítico 20,13 o deus bíblico manda matar homossexuais) é que esse tipo de relação não gera descendente, e a nação de Israel precisava crescer: mais nascimentos, mais mão de obra e mais soldados para o exército no futuro. Os antigos governantes, sempre que queriam coibir um comportamento indesejável para eles, criavam uma lei e atribuíam a autoria a um deus, porque dava mais credibilidade.

Refutando o argumento do ateu:

Ateus que são contra a homossexualidade são influenciados, mesmo que não o saibam, pela cultura em que estão inseridos. E nossa sociedade é profundamente homofóbica. Um estudo de 1952, dos pesquisadores Clellan S. Ford e Frank a. Beach, revelou que “a homossexualidade era tida como aceitável e normal em 49 das 76 sociedades sobre as quais havia dados antropológicos a respeito.” (Vida Íntima – Enciclopédia do Amor e do Sexo – Abril Cultural – 1981).

Será que essas pessoas – religiosas ou não - que são contra a homossexualidade, teriam a mesma opinião se vivessem ao tempo de Aristóteles na Grécia? Provavelmente não, já que os gregos em certo período de sua História, consideravam o amor entre dois homens a forma de afeto que mais se aproximava de Deus. Os gregos só eram contra o lesbianismo, porque, como em muitas culturas antigas, eles pensavam que a mulher nascera para gerar filhos e cuidar da casa e do marido. Como podemos ver, até os ateus que são contra a homossexualidade são influenciados pelo conceito bíblico de que a relação homoafetiva é errada perante Deus.

Ora, em que vai afetar sua vida se seu vizinho ou sua vizinha dormir com alguém do mesmo sexo? Tente se colocar no lugar deles por um minuto. Não estaria na hora daqueles que se preocupam com quem seu vizinho divide as cobertas, de sair da Idade Média e entrar no século vinte e um?