OLIMPÍADA RIO 2016 - AMERICANO PRA TODO LADO!

Perder a identidade é um desastre: Quem somos nós?

É um pouco improvável haver quem de alguma boa forma não tenha se orgulhado do Brasil nesta Olimpíada, afinal nunca ganhamos tantas medalhas e nunca o dourado foi tão reluzente: sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze. Todavia esta conquista, por si só é insuficiente, se apartarmos o fato de que muitos desses que nos representaram (magnificamente), nem sempre o foram até que aí chegassem; que se destaque o recordista Thiago Braz da Silva (Salto com vara), o qual foi abandonado pela mãe ainda bebê e Isaquias Queiroz dos Santos (Canoagem, duas de prata e uma de bronze), diga-se ainda: o maior medalhista do Brasil em olimpíadas!! Este último também com uma didática vida de superação.

Sic: “...nascido no interior baiano, na cidade de Ubaitaba, a 170 km de Salvador. Vindo de família pobre, sobreviveu a dois incidentes que quase lhe tiraram a vida, ainda novo. Aos 3 anos, uma panela de água fervente caiu sobre ele. Aos 10, sofreu uma hemorragia interna ao cair de uma árvore e teve um rim retirado. A canoagem só entrou em sua vida aos 11 anos, em 2005, quando entrou em um projeto social na sua cidade natal.” (http://www1.folha.uol.com.br/esporte/olimpiada-no-rio/2016/08/1805113-cinco-capitulos-isaquias-pode-ser-maior-medalhista-do-brasil-em-1-edicao-de-jogos.shtml)

Estes dois, junto com outros, nos deram um saudável orgulho e estímulo para acreditar no quanto podemos superar nossas adversidades e conquistar uma vida desejada e melhor. Porém, algo, nestes dias pra mim igualmente reluzente muito me chamou a atenção. Foram vários os momentos em que pude ouvir de praticamente todas as emissoras a referência às medalhas conquistadas pelos “Americanos”. E talvez, dito só isto, muitos leitores se perguntem e daí? Se isto te aconteceu, como a mim em outros tempos, significa que há algo estranho conceitual e certamente político se processando, do qual pouco nos damos conta ou pouco nos importamos. O fato é que William Bonner, Galvão Bueno, Renata Vasconcelos e tantos outros de diversos seguimentos ao fazerem esta referência estavam indicando apenas e “somentemente” aos nascidos nos Estados Unidos ou seus representantes. Então tenho me perguntado: E o que faço com as aulas básicas de geografia que desde o primário, sabiamente me ensinaram (e penso que a todo brasileiro) que a América é composta por todos os países que compõem as Américas do Norte, Central e do Sul, totalizando pelo menos trinta e cinco países? Pergunto-me ainda: Por quê a referência “Americano” na esmagadora maioria dos eventos faz pressupor os nascidos ou representantes dos Estados unidos, visto que um continente, já a partir do conceito é bem mais representativo que um único país, ou se a justificativa para tal é realmente legítima. Há quem defenda e ache inteligente, como Fred Navarro (http://www.revistabula.com/4495-estadunidense-e-norte-americano-as-palavras-e-a-fraude/),

justificar em tom arrogante, dizendo que “O nome do país é América, o gentílico é ‘americano’", ponto (Será?).” Apesar disso, estudiosos do quilate de Eduardo Galeano (Autor do monumental livro "As Veias Abertas da América Latina") cita nesta obra este desconforto, inclusive. Gilberto Cotrim [Professor de História e de Filosofia, graduado pela Universidade de São Paulo, e advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), é mestre em Educação e História da Cultura pela Universidade Mackenzie. Cursou filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)], relata em seu livro História Geral, Editora Saraiva, 4ª edição, 1988, pág. 190: "...banqueiros estadunidenses,...". Não posso deixar de perceber a argúcia na escolha do nome, mas fazer com que os demais habitantes (cerca de 600 milhões de pessoas espalhadas pelas três Américas) sejam ignorados quando se faz referência a essa origem, retirando destes, também, esta identidade, é, no mínimo ofensivo já na saudação.

Imagine a apresentação: “Bom dia, Eu sou Americano e você? Não sou americano não, eu sou chileno, canadense, salvadorenho, jamaicano, brasileiro etc.." Atenção: Isto não é uma ficção, uma hipótese!!

Sou americano, mas diante de um representante dos Estados Unidos, preciso silenciar minha identidade americana e anular minha presença, pois a dele é, hipoteticamente mais significativa que a de qualquer outro!! Neste momento já se dá uma submissão silenciosa e vergonhosa.

Suponhamos que três pessoas sejam inquestionavelmente filhas de um mesmo pai, entretanto, apenas uma consegue legitimação em detrimento dos demais. (??????)

Soa bem? Sob quaisquer argumentos, faz realmente algum sentido isso?

Admitir a permanência desta relação (pelo menos como correta), é admitir que existem americanos e sub-americanos, e certamente isto não é verdade. Assim como só existe um inigualado Michael Phelps (americo-estadunidense), só existe um inigualado Thiago Braz da Silva (americo-brasileiro) e da mesma forma apenas um inigualado Usain Bolt (americo-jamaicano).

É ainda curioso que nenhum outro país em qualquer dos continentes tenha evocado para si (unicamente) o "gentílico do continente", isto é, nenhum se auto-intitulou de forma a produzir nos demais irmãos continentais, uma crise de identidade (sentimento de furto identitário), arrogância e humilhação, os quais somos igualmente dignos do "gentílico continental". É interessante, que grande número de brasileiros, por exemplo, estranhe caso seja chamado de americano e ainda, ao mesmo tempo o mesmo não ocorra em relação aos demais continentes; sendo que nenhum nascido nos Estados Unidos passe por esta circunstância. Europeu pode ser qualquer um nascido em qualquer país da Europa, e semelhantemente ocorre com os demais continentes, exceto na América; onde é necessário se justificar, se ter um exercício intelectual mirabolante, para que se torne aceitável tal intitulação, tal engrandecimento de um em detrimento de tantos.

Para quem se satisfaz em dizer que "América" é o nome do país, diga-se que estadunidense não deixa por menos (muito mais ainda... Eu desconheço um país chamado América!), com a vantagem de não humilhar o restante de um continente gigantesco. Lembrando que, se não ficaria bem usar o termo estadunidense porque há outro país que têm no nome a expressão "Estados Unidos...", que dirá surrupiar o nome do Continente? Certamente os danos seriam menores. E ainda para os que colocam em pauta que quando o Brasil se chamava Estados Unidos do Brasil (1891 a 1969), nos intitulávamos brasileiros e não estadunidenses, cabe lembrar também que brasileiro é gentílico único e inconfundível; em nada conflita e se assim fosse, certamente saberíamos pacificar, como é de nossa natureza comprovada especificamente dentro desta temática.

Se houver quem não saiba, no próprio Brasil temos exemplos bastante pertinentes. Rio de Janeiro é o nome do Estado e ao mesmo tempo é nome da capital e da mesma forma São Paulo, entretanto, trata-se respectivamente de fluminense/carioca e paulista/paulistano. Prevaleceu o respeito.

Aí, Alexandre J.D.S., (Veja online: http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/americano-norte-americano-ou-estadunidense/),

não me parece aceitável como honesto o fato de que “Correram logo ao cartório mundial com o bebê no colo e assimilaram...”. Pra mim, é malandragem anti-diplomática subterrânea, conforme se sabe que os Estados Unidos costumam fazer. Isto não é pouca coisa, mas mesmo assim falo das menores. Todavia, vamos supor que a ideia da lógica do uso do termo seja mais coerente, logo, quando James Monroe (presidente dos Estados Unidos entre 1817 e 1825), na sua doutrina (Doutrina Monroe, 1823) imprimiu o ideal de “A América para os Americanos” ele sabia muito bem o que estava dizendo! A América seria para alguns.

Eu continuo reconhecendo a existência de muitos outros americanos também fora dos Estados Unidos, de modo simples e desembaraçado. Continuo reconhecendo que qualquer das Américas sozinha pare filhos americanos, bem como é bem maior e significante que os Estados Unidos (não América), e querer se sobrepor a esta ideia gigante é ultrajar os demais povos, mesmo sob o argumento astuto do uso gentílico!

Na Olimpíada, eu não vi só os americanos dos Estados Unidos brilhando, vi mesmo foi americano de toda parte. Foram mais de vinte países das Américas participantes desta Olimpíada; todos americanos com muito prazer. Apostaria que o mesmo foi visto por todos os telespectadores espalhados pelo planeta, mesmo que assim não se tenha de pronto percebido. Esses outros povos igualmente americanos, já perderam muito, inclusive, e em alguns casos especificamente para os Estados Unidos, que o diga CUBA. Que reste-nos ainda, pelo menos o nome!

Pra mim há e tem que haver sim, um certo peso político e se necessário for que se use uma certa exceção positiva de trato, posto que o fundo de verdade contrário a isto é no mínimo uma humilhação frente a um gigante holofote, sobre o que como a imbecis nos tentam convencer do contrário.

Mesmo o Alexandre dizendo que houve uma legitimação histórica em face do uso também aplicado por Machado de Assis e Caetano Veloso (dos quais sou admirador).

Pra mim, estranho mesmo é que um país seja conhecido mundialmente como Estados Unidos e que paralelamente rejeite ou haja quem rejeite que seus filhos usem o gentílico estadunidense, até porque neste caso seria uso único e sem conflito. Qual o problema?

É oportuno lembrar que quem jogou a bomba sobre o Japão e matou milhares de pessoas foram os estadunidenses!!

Uma enquete está em curso no site do próprio Alexandre

(http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/americano-norte-americano-ou-estadunidense/).

Até o momento (atualizado em 01/09/2016) a indicação é que 52% entendem que os nascidos nos Estados Unidos devem ser chamados ESTADUNIDENSES (Americano 31%, Norte-americano 17%, das 9.683 pessoas votantes). Isto já é expressivo, neste momento quase 70% discorda de que se use o termo "Americano" como tem sido usado; presume-se já a partir destes resultados então, que algo está bastante desconfortável, um equívoco a que é interessante um ajuste. Conceitos culturais não são estanques, em especial por imposição, erro ou malícia. Afinal, que nem tudo que está legitimado deveria estar, não é segredo. A história um infinidade de exemplos mundo a fora, inclusive, inúmeros nos Estados Unidos: é referência vanguardista em outros temas.

Sugiro que visitem o site acima, vejam e votem.

Diga-me, o que acha da versão aqui apresentada?

Então senhores, sim, foi americano de todos os lados brilhando nesta Olimpíada de 2016!!!! Só uma minoria era de estadunidenses, se comparado aos demais americanos.

Saudações, muito prazer, Eu também sou americano!!!

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Sugiro conhecer:

Multa por farol apagado de dia?

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/5703517

Para os demais textos:

http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=158984

Adenilson C. da Anunciação