EDUCAÇÃO – O bom professor (1)

Não existe consenso para conceituar o bom professor. Entre intelectuais, ou melhor, entre os que estudam e discursam sobre os professores podem ser encontrados características comuns. Entre alunos a definição de um bom professor tem peso maior na subjetividade em detrimento de elementos de análise crítica.

Para muitos analistas – ‘intelectuais’; críticos; escritores; outros formadores de opiniões – algumas características recebem ênfase. Na sociedade da informação um ‘bom’ professor seria aquele que consegue que o aluno transforme a informação em conhecimento. Os dois substantivos facilmente se confundem. Informação pode ser conhecimento – e a priori sempre é, para produzi-lo será preciso conhecer – e este pode ser aquela, depende do caráter utilitário e da perspectiva de transformação que acontece, ou não, no comportamento do aluno. Outro aspecto significativo é permitir e fomentar a reflexão crítica do aluno, ou seja, provocar a sua participação na articulação do conteúdo-informação-conhecimento em possibilidades de crescimento pessoal.

Levar o aluno a pensar e refletir criticamente, atributo colado ao ‘bom’ professor, é um enorme desafio. Poucos professores conseguem esta proeza; muitos de nós nem sequer têm a preocupação em articular as diferenças entre os dois verbos: pensar, todos pensam; refletir, pouquíssimos. Construir o equilíbrio entre as perspectivas do professor e do aluno é tarefa complexa. Fazer com que o aluno goste daquilo que lhe indicamos como importante é redirecionar sua motivação. E quando o aluno ‘detesta’ nossas formas e conteúdos docentes, mudar suas atitudes é atribuição mais para santo milagreiro que para mortais professores. Por isso considero que uma parcela mínima de alunos realmente aproveita o que professamos, talvez, em torno de dez por cento em cada sala.

Para o aluno, um bom professor tem muitas facetas. Situa-se mais nos resultados que na sua qualificação. Justifica-se, pois para o aluno, a nota é mais importante que o professor e todo seu desempenho. Infelizmente no contexto atual notas e títulos podem fazer a diferença e ‘derrubar’ concorrentes muito mais qualificados. As formações focam mais nas titulações que nas qualificações. Somos validados pelos títulos e não pelo que somos capazes de articular entre a informação e o conhecimento. As ascensões sociais e profissionais estão baseadas mais em ‘informações’ que na realidade do conhecimento, que nunca é dada e sim em processo.

Nos cursos de graduação, no ensino superior, poucos são os alunos que encontram o que desejam. As formações superiores são necessárias à mobilidade social. Por este motivo muitos alunos estão mais interessados no canudo que no conteúdo, o que transforma muitos professores em uma figura...: nem bom; nem ruim. Apenas uma referência, ainda necessária, segundo o aluno; insubstituível, segundo o professor. A história, o futuro, colocará cada um em algum lugar.

As transformações chanceladas pelas tecnologias da informação evocam para a sala de aula o conflito entre a informação e o conhecimento em que o aluno está com excesso de informação e avesso ao conhecimento e os professores, em sua maioria, sofrem o desequilíbrio entre informação e conhecimento, ou seja, não sabem muito bem como interagir entre as suas informações e a dos alunos com a capacidade de articular as respectivas interfaces. Fica difícil definir o ‘bom’ professor e, também, o ‘bom’ aluno.