Carnaval 2017

Carnaval 2017 no Brasil

Tantos carnavais, tanta folia nas ruas, tanta alegria a passar, 2017 não será diferente.

O Brasil despede-se no carnaval dos dias festivos natalinos, das festas de final de ano, das boas-vindas ao ano que vai chegar. É assim o povo brasileiro: só depois do carnaval, é que a vida volta a ser o que sempre foi. Talvez, por isso, este povo estenda este clima de festas de final de ano até ao carnaval. E isto não é prerrogativa só do Brasil.

Um professor de história em uma de suas aulas nos dizia que o povo português nunca foi tão feliz como quando esteve sob o domínio do Império Árabe. O motivo ele tratou de explicar depressa para nos aliviar do susto que levamos diante desta afirmação.

Os árabes celebram suas crenças, sua história com muitos feriados ao longo do ano.

também naquela época a igreja católica tinha muitos mais feriados religiosos do que hoje,

para sintetizar: uma boa parte do mês era de festas destes dois povos. E nisto se resumia a alegria daquele povo. Trabalhava menos, festejava mais.

O Brasil no carnaval despede-se em alto estilo da utopia.

Descrente de tudo, veste-se de purpurina, põe um sorriso no rosto, junta-se ao povo lá fora para mandar a tristeza embora.

Não sei qual a fantasia que melhor lhe cai, se a de reis, de rainhas, de princesas, de povo abastado a viver confortavelmente em seus palácios, ali representados por carros alegóricos a esbanjar luxo, riqueza e poder por todos os lados, ou se a que vai vestir quarta-feira de cinzas, quando retorna para os seus humildes casebres.

Ou se a utopia ali representada já não será a realidade a que este povo tem direito.

Uma terra bonita por natureza, um solo, que de tão fértil proporciona quatro colheitas por ano. Riquezas naturais inesgotáveis que vão de ouro, diamantes, petróleo, ( o ouro negro) a alavancar toda a forma de progresso que se queira aqui desenvolver.

Por isso talvez a área das baianas que representam as avós, as mães do Brasil, passem ali chorando a cantar, à semelhança das loucas de Maio, como eram chamadas as avós e mães Argentinas a protestar na praça de Maio contra a violência, que matou seus filhos e netos, e continua a matar.

A ala das crianças a desfilarem a alegria que a escola, a vida em família, a sociedade em geral tem o dever de lhe proporcionar. À criança deve ser dado o direito de não fazer nada, e aprender como quem brinca de ser gente grande.

A ala do povo a pedir mudanças sociais em todas as áreas, em todas as instâncias.

Cansados das estratégias nacionais de combate à pobreza, quando na verdade servemm para distribuir dinheiros pelas organizações que fomentem a subsidiodependência.

Ali devem estar jornais, as rádios, as televisões, a mídia em geral , as redes sociais atentas e comprometidas com uma leitura séria, abrangente e sair a campo mostrando o recado

que cada escola de samba deu ao passar.

O mesmo acontece em todas as manifestações carnavalescas pelo Brasil afora. O que são os bonecos das ruas de Salvador na Bahia? De Olinda em Pernambuco?

Que alegria nos passa o carnaval de rua?

São o verdadeiro “Abre alas que o povo precisa passar” Há muita coisa para dizer, muito para reivindicar.

Lita Moniz