O BRASIL ENVERGONHADO

                                  
O Brasil está no 79º lugar entre todos os países do mundo no IDH- Índice de Desenvolvimento Humano, fórmula criada pela ONU para medir o nível de qualidade de vida em todas as nações do planeta. Não é uma notícia confortável para nós, especialmente para os nossos “messias políticos” que se elegeram com discursos populistas, apregoando as qualidades inclusivas dos seus programas, que segundo eles, tiraram milhões de famélicos eleitores das garras da pobreza absoluta para levá-los ao paraíso da classe média.
Um dos itens que mantém o Brasil nesse desconfortante lugar na tabela é o número de meninas que casam cedo demais, ou engravidam precocemente, desfalcando o mercado de trabalho e colaborando para compor o baixo índice de escolaridade entre as mulheres. A par disso acabam também gerando despesas para a nossa já combalida previdência social e para os serviços de saúde.
Uma prova disso é o fato de cerca de vinte e cinco por cento dos partos feitos pela Santa Casa de Mogi das Cruzes serem realizados em adolescentes. A maioria tem menos de dezoito anos. Algumas ainda nem chegaram aos quinze. Trata-se de um grande problema para o sistema de saúde pública, pois essas meninas ainda não têm um organismo suficientemente maduro para uma maternidade sadia e seus bebês, não raro, nascem com alguma insuficiência que os leva a ficar muito tempo nas unidades de tratamento intensivo, com grande custo para os cofres públicos e aumento na taxa de mortalidade. Além disso, há o custo social dessa inadequação. Meninas que se tornam mães muito cedo não estão preparadas para criar bem os seus filhos. A taxa de abandono é grande e a marginalidade alcança essas crianças com muita facilidade. Acabam presas fáceis do chamado Quarto Estado, que é o crime organizado. Sem amparo, sem educação, sem proteção do Estado, sem qualquer perspectiva de uma vida decente, são essas crianças que geralmente encontramos nos semáforos, nas ruas, fazendo de tudo para sobreviver. E quanto às jovens mães, a maioria abandona a escola e perde a chance de se educar, se profissionalizar e entrar pela porta da frente no mercado de trabalho. O que sobra para elas é aquilo que nenhum pai, ou mãe, desejaria para uma filha.
Quando presidíamos a AMOA, um dos pontos básicos do nosso programa de educação para o trabalho era a prevenção da gravidez precoce. Procurávamos conscientizar as garotas e garotos que freqüentavam nossos treinamentos o quanto isso poderia prejudicar suas vidas profissionais e sociais, e principalmente às meninas, o quanto uma ocorrência dessas concorria para diminuir sua chance de vencer em um mercado de trabalho tão concorrido como o nosso.
A sociedade moderna tem a tendência de emancipar tudo. O sexo foi uma dessas atividades que tiveram uma larga emancipação. Hoje os nossos jovens iniciam suas vidas sexuais cada dia mais cedo. E sem nenhuma responsabilidade com as possíveis consequências que ela acarreta. Se o Brasil quiser sair desse desconfortante lugar na tabela do IDH esse é um dos problemas que precisam ser atacados. Menos discursos laudatórios e mais ações educativas. Liberdade é bom e todo mundo gosta. Libertinagem é outra coisa e é um dos motivos pelos quais os brasileiros estão se sentindo tão envergonhados ultimamente.