O Que É Teoria Queer?

Essa teoria, essencialmente, defende que a sexualidade humana é uma construção social e histórica. Masculinidade e feminilidade são apenas definidos pela história e pela cultura e, portanto, algo totalmente variável. A proposta deles é de que aquilo que é considerado “estranho” (queer, em inglês) sexualmente (como homossexualidade, transsexualidade, etc.) só é tido assim por causa de convenções sociais. Para o discurso queer radical, não existe tal coisa como “natureza”, tudo que forma o ser humano é cultural. E se você discorda dessa concepção está oprimindo os que não são heterossexuais, está sendo retrógrado e fanático religioso.

Sociólogos como Peter Berger e Thomas Luckmann nos ensinam que os animais têm uma relação com o mundo bastante fixa, praticamente determinada apenas por seus instintos. O homem, por outro lado, para que pudesse se estabelecer por toda a Terra, precisava ter uma adaptação muito maior, de modo que o equipamento biológico dele, sua genética, não é suficiente para explicar todo o seu comportamento.

O ambiente externo influencia poderosamente na constituição do homem, mais até do que seus instintos, seja o ambiente natural, seja a cultura. Sendo assim, não existe uma “natureza humana”, no sentido de que o ser biológico do homem não é pré-determinado; ou melhor, o homem é quem constrói sua própria natureza. Ou, pelo menos, a sociedade constrói a natureza dos indivíduos.

A questão queer é um problema dentro do próprio movimento feminista, porque se a proposta do feminismo é defender a mulher, o que é essa mulher que precisa ser defendida, já que não se nasce mulher, mas torna-se? Luta-se para que as mulheres ajam mais mulheres nas universidades, na política, na mídia, nas artes, etc, mas quando você faz isso, já está definindo o que é ser uma mulher, o que exclui, por exemplo, aqueles que são biologicamente machos, mas se identificam como mulheres. O que, afinal, mulheres que o feminismo quer representar têm em comum?

A feminista Monique Wittig, em The Straight Mind and other Essays, mostra que a sociedade ocidental precisa sempre de uma relação entre diferentes: homem-mulher, patrão-empregado, branco-preto, etc.. Para ela, esse discurso de diferença existe apenas para oprimir o mais fraco, e tem como objetivo suprimir os interesses do “diferente”, que é o empregado, o preto, a mulher, etc.. Assim, ser homem e mulher não é uma questão biológica, mas um tipo de classe social, como patrão e proletário. Dessa forma, as diferenças entre os gêneros é apenas um instrumento pelo qual os homens dominam sobre as mulheres, e é só nesse sistema político que a heteronormatividade – conceito de que o único tipo de relação sexual aceitável é entre gêneros diferentes – faz sentido. A rejeição do homossexualismo seria necessária apenas para que esse status de superioridade masculina permanecesse.

É por isso que as feministas se interessam tanto pelas questões de gênero. A melhor forma de criar uma sociedade onde aja verdadeira igualdade entre homens e mulheres é abolindo o conceito de “homens” e “mulheres”. Por isso Wittig afirma que os homossexuais precisam parar de falar de si mesmos como homens e mulheres, pois enquanto eles alimentarem esse discurso de gêneros, estão alimentando a própria heteronormatividade e contribuindo para a sua opressão. “Lésbicas não são mulheres”, ela afirma, no sentido que “homem e mulher” são conceitos que só existem em uma sociedade patriarcal.